Valores e
virtudes: o que importa
mais desenvolver?
No presente texto
adentramos o ferramental
indispensável à
construção da nossa
própria luz – algo ainda
extremamente
negligenciado pela
maioria dos humanos.
Simplesmente posto, os
pilares de tal
realização são as nossas
conquistas no campo dos
valores morais e
virtudes. Essas
dimensões são vitais
para o desenvolvimento
da nossa
espiritualidade.
Consideremos
inicialmente as inúmeras
capacidades e
competências demandadas
dos indivíduos na
atualidade. Em outras
palavras, para que
possamos enfrentar a
experiência corporal com
relativa chance de êxito
precisamos – gostemos ou
não – dominar muitas
habilidades e
instrumentos. A
propósito, o advento da
explosão tecnológica -
calcada na inteligência
artificial - só faz
crescer a lista de
obrigações de cunho
profissional. Posto
isto, o valor humano
está fortemente atrelado
ao domínio desses
campos. Essa é a
realidade nua e crua.
No entanto, a lista de
deveres não se
circunscreve apenas e
tão somente às coisas da
carreira e profissão. É
preciso dilatar a visão
da vida para outras
fronteiras e
perspectivas. Posto
isto, também Deus –
nosso Criador - espera
algo de nós em aspectos
e pontos mais
transcendentes. Nesse
sentido, cumpre lembrar
que Jesus – o seu mais
graduado missionário
entre nós, com quem
tinha conexões diretas -
recomendou-nos a
aquisição de luz
interior: “Assim
resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para
que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem o
vosso Pai, que está nos
céus” (Mateus
5: 16).
Com efeito, todos nós
tendemos a dispor de
certo valor intrínseco –
refiro-me a
características e
qualidades positivas –,
produtos do nosso
esforço e
autoaperfeiçoamento. É
também pertinente
lembrar que buscar a
Deus em nossas decisões
e ações é antídoto
eficaz contra o erro.
Assim sendo, servir a
Deus é acrescentar mais valor em
nós mesmos (capital
espiritual). E é com
esse eventual patrimônio
– aumentado ou
estacionado - que nos
reapresentaremos um dia
perante a
espiritualidade maior
para o devido ajuste de
contas, aliás, como
temos feito
reiteradamente ao longo
dos milênios, embora não
guardemos tal lembrança
em nossa memória. Vale
destacar que o conceito
de valores morais,
que basicamente engloba
juízos, pensamentos e
opiniões, está vinculado
à noção de “certo” ou
“errado” dentro de um
contexto maior de
sociedade.
Mais ainda, há
sociedades que
permanecem cristalizadas
a princípios e condutas
(valores, enfim)
absolutamente imorais na
Terra. Desse modo, para
alguns povos do Oriente
Médio, por exemplo, a
figura de um mártir –
elemento capaz de
imolar-se em suposto
benefício à pátria por
meio de atos terroristas
– é vista com veneração
e reconhecimento. No
entanto, à medida que os
indivíduos se
desenvolvem, também as
sociedades passam a
condenar certos hábitos
e práticas que exaltam a
violência e desajuste
social. Assim sendo, no
Ocidente, tamanho louvor
a um assassino nos
escandaliza
profundamente.
Dito isto, só o fator
espiritual –
despertando-nos para
realidades mais
sublimadas – poderá nos
ajudar no correto
entendimento da real
importância de
adquirirmos
inquebrantáveis valores
universais. Dessa
maneira, devidamente
equipados pelo cultivo
de uma fé estribada em
argumentos, ideais e
princípios lógicos,
poderemos e deveremos
ampliar o nosso valor.
Nessa perspectiva, que
nos aproxima
inquestionavelmente mais
do Criador, vale
destacar as elevadas
observações do Espírito
Emmanuel, contidas no
livro Dicionário da
Alma (psicografia de
Francisco Cândido
Xavier): “A obtenção da
fé reclama determinados
valores de natureza
espiritual. Buscar-lhe a
luz positiva, exibindo
um coração carregado de
forças negativas das
convenções terrestres, é
o mesmo que reclamar
água cristalina da
fonte, trazendo um
cântaro cheio de vinagre
e detritos”.
O sábio mentor ainda
pondera que a criatura
humana “vale pela sua
expressão de sentimento e
de consciência, e
é dentro desses valores
profundos que
precisamos viver, para a
consecução das
finalidades mais
elevadas e mais puras”.
O outro pilar, como já
antecipado, é o das virtudes.
Preconizava Aristóteles
(385-323 a.C.), o famoso
filósofo grego, na sua
memorável obra Nicomachean
Ethics, que virtude
diz respeito aos
sentimentos e ações. Em
outras palavras, as
virtudes nos levam à
obtenção das qualidades
e predicados que nos
alinham ao bem, da
excelência moral e da
conduta superior, enfim.
O alinhamento da
criatura inteligente a
Deus (luz) pressupõe o
desenvolvimento de
salientes
características e
potencialidades no
Espírito imortal. A
começar pela renúncia
aos males do egoísmo,
orgulho e egolatria, que
moldam a vida íntima da
criatura humana hodierna
em maior ou menor
intensidade.
Num mundo tão
complacente com os erros
e imperfeições
comportamentais como o
nosso, conquistar
virtudes destoa quase
que completamente. Basta
observar o número de
personagens que destilam
bizarrices e conduta
aviltante. Apesar disso,
eles ganham a idolatria
de muitos com menor
discernimento ainda.
Políticos e
celebridades, a seu
turno, entoam discursos
agressivos, assim como
proferem comentários e
pareceres divorciados do
equilíbrio e sensatez.
Pode-se afirmar que a
humanidade,
infelizmente, não está
comprometida com o
erguimento de uma
sociedade
verdadeiramente
virtuosa. Por isso,
aceitamos com certa
naturalidade a cultura
dos excessos, dos
vícios, da ausência de
empatia e respeito. Não
constitui uma diretriz
geral de vida, como
deveria ser, o hábito de
fazer aos outros o que
desejamos igualmente
para nós mesmos.
Portanto, os precários
índices sociais e de
desenvolvimento humano
ora existentes refletem
quão penoso é assimilar
virtudes para nós. Seja
como for, o fato é que a
criatura que aspira a
realizações espirituais
necessita entesourar
virtudes – único caminho
para Deus.
Como claramente propôs
Jesus: “Sede vós pois
perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que
está nos céus” (Mateus
5: 48).
Posto isto, não podemos
imaginar que vamos
cooperar com os ideais
celestes sem implementar
amplas transformações em
nossa maneira de ver e
de ser.
Respondendo à pergunta
que intitula esse texto,
pode-se inferir que
valores e virtudes são
ambas as argamassas do
cidadão de bem e do
indivíduo
espiritualizado. A
criatura que sente Deus
pulsar em seu interior
já se comove com a dor
do próximo, se inquieta
com a profusão de coisas
erradas existentes, se
aborrece em tomar parte
de empreendimentos
comerciais ou esquemas
empresariais inspirados
pelos ideais maliciosos
e soezes etc.
É chegada a hora de
tomarmos uma posição
perante todas as
arbitrariedades que
assolam o mundo.
Tergiversarmos diante do
mal ou aceitarmos a
omissão como argumento à
sobrevivência certamente
não nos fará bem. Dizem
os Mensageiros de Deus
que temos claudicado
vezes sem conta em nossa
trajetória de Espíritos
milenares. As desgraças
que ora assolam o mundo
requerem que pessoas
fortes e destemidas deem
a sua contribuição para
o encaminhamento às
soluções dos graves
problemas humanos. O meu
conselho, portanto, ao
irmão(ã) que me lê, é o
de seguir os
ensinamentos de Jesus,
que são puros e sábios.
Invista na mudança do
seu eu incorporando
novos valores e
virtudes. Coloque amor
absolutamente em tudo
que passar pela sua mão.
Seja melhor, enfim, em
todos os ângulos e
aspectos.