Existência terrena
Nos tristes momentos atuais da pandemia provocada pela
covid-19,
com milhares de famílias — praticamente em todos os
países — sofrendo a inesperada e trágica perda de entes
queridos, certamente são consoladoras as premissas do
Espiritismo a respeito das existências terrenas – início
e fim...
Visão espírita - Nascemos
e morremos muitas vezes...
Sempre caridosamente destinados, por Deus, a um dia
vivenciarmos a felicidade plena, obtida por merecimento,
mas também quando toda a Humanidade — toda — for feliz.
Pelas Leis Naturais, Divinas, no instante de cada
renascimento físico nosso (reencarnação), inicia-se,
segundo a segundo, a contagem regressiva para o término
de mais uma existência terrena: a morte.
Morre apenas o organismo físico, já que o Espírito é
imortal, mas terá perispírito enquanto precisar
reencarnar neste planeta, ou em outros. Então, se
ocorrer nova série de reencarnações em outro mundo, dele
o Espírito apropriará elementos formadores de um novo
perispírito.
A quantidade de existências físicas é ilimitada, até ser
alcançada a condição de Espírito puro, quando
então não mais ocorrerá a compulsoriedade
reencarnatória. Nesse caso, os perispíritos não mais
utilizados reverterão ao Fluido Cósmico, de onde se
originaram.
Dessa forma, a morte não é castigo, prêmio ou acaso.
É, apenas, o fim de mais uma etapa terrena, sempre com o
projeto divino proporcionando conquista de novos
aprendizados e oportunidades de mais evolução moral, sob
tutela do Tempo.
Esse fim de cada ciclo terreno encerra, em si mesmo,
aquilo que a Bondade do Criador engendrou para todos que
criou.
Esta afirmação não se reveste de inconsequência ou de
masoquismo: se desconhecemos por que alguém morre,
jamais deveremos esquecer a Sabedoria e Amor do Grande
Pai...
Assim, a duração de cada existência terrena é regulada
por um “relógio divino”, com amor, sabedoria e justiça —
Divinos!
São tantos os caridosos mecanismos divinos que compõem
o inexorável fenômeno “morte”, que qualquer análise deve
revestir-se do maior respeito, tanto pelos que partiram,
quanto por seus familiares, quase sempre visitados
inesperadamente por tão triste acontecimento com o ser
amado.
A literatura espírita registra casos sobre a morte,
raros, nos quais ocorre, ora moratória, ora antecipação,
sob supervisão do Plano Maior e a cargo de Espíritos
elevados. No primeiro caso, provavelmente a vida física
se alonga por determinado tempo, no qual o desencarnante
cumpre ou conclui abençoada tarefa de ajuda; já no
segundo é interrompida a vida física daquele que, a
benefício próprio, por razões que só a Justiça Divina
conhece.
Reflexões da antecipação da morte, por suicídio, não
cabem neste texto, sendo objeto de considerações em
outro artigo.
Se não houvesse a morte todos os seres vivos
envelheceriam sem parar, criando situação impensável na
Humanidade...
Isso posto, reflito que a morte não é geratriz de
angústias, muito menos representa um fim, e sim, ação da
Natureza, quando, pela Bondade do Pai Maior, se encerra
mais uma etapa existencial, orgânica.
Tamanha e tanta é essa Bondade que, na continuidade
inexorável do Tempo, outra existência terrena aguarda
aquele que partiu (reencarnação futura)!
Aparentes e irrecorríveis separações dos que se amam,
pela morte, num primeiro instante constituem usinas
invisíveis de tristezas e saudades. Contudo, na verdade,
no avançar do Tempo há a sublime metamorfose do amor,
para sempre, pois todos morrem muitas vezes, e da mesma
forma reencarnam e, por fim, encontros e reencontros
redundarão em união para sempre! Disso não há como
duvidar!
É perfeitíssimo o sistema depurativo das vidas
sucessivas, que reaproxima, recompõe, reúne e pacifica
Espíritos, formando famílias, terrenas ou espirituais,
sempre enlaçando-as por amor, convergindo depois para o
amor integral, recíproco, de todos para com todos,
formando a grande família universal.
Engana-se quem acredita que a morte implode, para
sempre, recíprocas lembranças de cada existência
terrena, e enterra, com os despojos dos que partiram, o
amor pelo qual a própria Vida os uniu, em vários
lugares, em multiplicadas etapas do Tempo, consolidando
e eternizando-o por fim...
Deus — Amor, Sabedoria e Justiça, integrais — não nos
criaria dotados de emoções, sentimentos e memória, para
que a morte nos apartasse dos entes queridos e demitisse
de tudo, máxime do Amor!
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