Distopia
Espírita
Há
alguns
anos
observamos as
mudanças
do
movimento
espírita.
Mudanças
que
refletem
o estado
das
coisas e
pessoas
que
divulgam
o
Espiritismo.
Há anos
vemos
uma luta
inglória,
de
confrades
e
confreiras,
em
persuadir,
convencer
e até
modificar
outras
pessoas,
de que
não
existe
Espiritismo
sem o
trabalho
magistral
de Allan
Kardec.
Há anos
percebemos
que essa
luta é
uma
profunda
perda de
tempo e
respeito
à
diversidade,
principalmente
quanto
aos
métodos
de se
aprender
sobre o
Espiritismo.
Funciona
como o
“Evangelho
e
Jesus”:
o
Evangelho
só
existe,
independentemente
de ter
sido
adulterado
ao longo
da
história,
por
causa de
Jesus. O
Evangelho
é a Sua
mensagem.
Isso é
tão
natural
e lógico
que não
se
discute:
o
Cristão
é aquele
que
segue os
ensinamentos
do
Cristo.
Quais
ensinamentos?
Do
Evangelho.
O mesmo
pensamento
deveria
ocorrer
em
relação
ao
“Espiritismo
e
Kardec”:
é tão
natural
e lógico
que, ao
falar de
Espiritismo,
fala-se
necessariamente
do
trabalho
de Allan
Kardec.
Não
seria
nem
necessário
discutir
isso.
Os
puristas
dirão
que é
diferente,
e até
argumentaríamos
que sim,
em
parte,
já que o
trabalho
de Allan
Kardec
para
muitos é
considerado
o
“meio”,
sendo a
“causa”
as
instruções
dos
Espíritos.
Argumentaríamos,
por
nossa
vez, que
também
isso
ocorre,
entretanto,
sem o
trabalho
magistral
de
fundar
uma
“Doutrina”,
realizado
por
Allan
Kardec,
continuaríamos
a
entender
de forma
fragmentada
aquilo
que os
Espíritos
diuturnamente
tentam
nos
dizer,
daí a
grandeza
do seu
trabalho.
E
continuaríamos
a
discussão,
no bom
sentido,
até
chegarmos
a um
ponto em
que não
sobrassem
dúvidas,
se é que
existe
esse
ponto...
É isso
que
temos
visto no
movimento
espírita.
Uma
preocupação
feroz
com a
“forma”,
enquanto
o
conteúdo
é
relegado
a outros
planos.
Ou, como
diria
Descartes,
“é
possível,
porém,
que me
engane e
talvez
não
passe de
cobre e
vidro o
que tomo
por ouro
e
diamante”.
Aprisionamos
as
pessoas
que
procuram
o
Espiritismo
às obras
de
Kardec,
como se
ali
estivesse
o que
eles
procuram.
Citamos
o nome
de
Kardec
para
validar
pensamentos
que
passam
longe de
serem
doutrinários...!
Muitos,
ao
recorrerem
ao
Espiritismo,
buscam
medicamento
(esclarecimento,
luz,
orientação,
apoio
etc.)
para a
cabeça
em
chamas,
com
vontade
quase
irrefreável
de tirar
a
própria
vida, e
pessoas
sem a
menor
empatia
e
sensibilidade
ante a
dor do
próximo
iniciam
“pregação”
salvacionista
por meio
das
“obras
de
Kardec”.
Talvez
um dos
motivos
da baixa
adesão
de
jovens
ao
Espiritismo
pode ser
entendido
por essa
“camisa
de
força”
que
existe e
é
adotada
por
grande
parte
dos
espíritas
que
assumem
as
tribunas
(e agora
as “lives”).
Pensar
tornou-se
artigo
de luxo.
É melhor
rotular,
enquadrar,
padronizar
e
pasteurizar
porque
daria
menos
trabalho
e
atingiria
um
público
cada vez
maior,
como se
o
Espiritismo
fosse
para a
“massa”.
O
Espiritismo
é para
todos,
falando
às
necessidades
de cada
um
individualmente,
e não à
coletividade
como a
pregar
para a
“multidão”.
O
Dalai-Lama,
que
conviveu
com Gandhi,
diz, em
uma de
suas
obras,
que,
mais
importante
do que a
“religião”,
são os
“princípios”.
Valores
como a
“benevolência”
e o
“amor”.
Segundo
o
budista,
as
pessoas
até
podem
viver
“sem
religião”,
mas não
poderiam
viver
sem
“ética”.
Valores
que são
sustentados
pela
ética,
como a
bondade,
compaixão
e
empatia,
são cada
vez mais
necessários
em um
mundo
que vive
uma
pandemia.
Se o
objetivo
da vida,
nos
dizeres
de Léon
Denis, é
a
educação
da alma,
caberia
ao
espírita
uma
dedicação
maior em
compreender
os
mecanismos,
a
capilaridade
e as
relações
divinas
do amor,
mais do
que
discutir
o
trabalho
alheio
que
incomoda,
e que,
possivelmente,
não tem
vinculação
nenhuma
com o
amor.
Para o
Espírita,
assim
como
para o
Cristão,
o erro
não está
em não
saber o
que
fazer e
nem como
fazer,
nem em
cometer
mais
erros e,
sim, em
perder o
foco, em
esforçar-se
por
criar um
ambiente
distópico,
frágil
em
fraternidade
e amor,
repleto
de
armadilhas
e
prisões
onde o
aprendizado
“só
ocorre”
se
estudar
primeiro
Kardec,
se
conhecer
as obras
de
“fulano”
e de
“beltrano”.
Em um
processo
didático-pedagógico,
a
construção
metodológica
da
educação
moderna
recomenda
começar
pelo
“simples”
e
avançar
para o
“complexo”.
Desde
quando o
trabalho
de Allan
Kardec é
simples?
Requer
passos
iniciais
anteriores
– para a
maioria,
mas não
necessariamente
para
todos.
Somos,
como
aprendizes
do
Cristo,
melhores
do que
isso.
Evoquemos
o que há
de
melhor
em cada
um de
nós,
para que
“brilhe
a vossa
luz”. E
se,
agindo
assim,
houver
abertura
para
falar de
Kardec,
Chico
Xavier,
Léon
Denis e
outros,
não
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