Arrepender e corrigir
- O arrependimento sincero durante a vida é
suficiente para extinguir as faltas e fazer que
se mereça a graça de Deus? “O arrependimento
auxilia a melhora do Espírito, mas o passado
deve ser expiado.” (Questão 999 de “O Livro dos
Espíritos” - Allan Kardec.)
Vivendo na Terra, um mundo de expiações e
provas, é muito natural que pela nossa própria
condição evolutiva ainda cometamos muitos erros
e equívocos, pois que estamos a caminho da
perfeição, portanto, não sendo perfeitos.
No entanto, percebe-se, em boa parte das
criaturas humanas, o sincero desejo de não
cometer falhas e, quando elas existem, logo vem
o interesse em repará-las. Inicia-se pelo
arrependimento, esse sentimento que demonstra a
nossa insatisfação pelo erro desencadeado, que
geralmente vem seguido pela vontade de consertar
aquilo que não foi bem-feito.
Obviamente, o desagrado que registramos diante
de um acontecimento infeliz é de grande valia e
importância, mas imperioso que procuremos
reparar o erro cometido, pois causar prejuízo a
alguém, de qualquer ordem, sempre nos deixa uma
sensação desagradável e constrangedora.
O verdadeiro homem de bem se preocupa, com
frequência, em servir ao irmão do caminho e não
em lhe criar problemas e aflições. E, se isso
acontece, por causas variadas, deseja ele, assim
que se conscientiza do fato, resolver a questão
se entendendo com a sua vítima.
Mas existe situação em que a falha cometida
contra alguém, no momento, não tenha como ser
reparada diretamente, talvez pela
impossibilidade de uma aproximação com o
ofendido. Mesmo assim não estaremos impedidos de
começar a consertar nosso deslize, pois que
podemos servir à humanidade, de uma forma geral,
granjeando, para o nosso “curriculum”, créditos
junto à Providência divina, que saberá entender
os nossos propósitos e se prestará a nos criar
as oportunidades devidas para a solução das
nossas pendências.
De qualquer modo, o arrependimento será sempre
uma imensa porta que se abre para que comecemos
e reparar os nossos erros. Arrepender-se, tão
somente, não basta, preciso será o desejo firme
de trabalhar com determinação, para que se faça
o devido conserto dos estragos promovidos.
Ainda, concluindo que não agimos como devíamos,
jamais olvidemos da necessidade de não cometer
os mesmos equívocos, ou seja, desencadear
imensos esforços para não reincidir.
Mas, de qualquer forma, estando próximo da nossa
vítima ou não, tendo possibilidades de contatar
com ela ou não, elejamos o bem como meta máxima
das nossas ações e saiamos a servir ao próximo,
onde quer que ele esteja ou em que situação
possa estar. O bem promovido em qualquer lugar,
a qualquer hora, e em benefício de quem quer que
seja, será sempre o nosso advogado de defesa nos
momentos dos nossos testemunhos, diante dos
acontecimentos da vida.
Por enquanto, não tenhamos a pretensão de passar
pela vida física isentos de falhas, embora
devamos fazer todo o empenho para evitá-las.
Na pessoa de quem estiver mais próximo, temos um
imenso campo de trabalho para que nossas ações
de equilíbrio possam produzir proezas de amor e
auxílio.
Devemos sempre ter em mente que, trabalhando com
afinco pela construção de um mundo melhor, onde
nossos atos expressem a vivência prática do
Evangelho do Cristo, teremos sempre um ponto de
equilíbrio onde as atitudes sublimes e nobres
estarão neutralizando aquelas que, por ventura,
escapem ainda do nosso controle.
No momento, não somos seres angelicais, mas
devemos exercitar o máximo de esforço visando
errar o menos possível para que o arrependimento
e o remorso não venham torturar os nossos dias.