Quem você pensa que é?
Em tempos de crise observamos em nós características
adormecidas – porém não ignoradas – pensamentos, emoções
e sentimentos que sinalizam a posição moral em que nos
encontramos, e essa observação é extremamente salutar,
afinal, estamos sendo nós mesmos e isso não é nenhum
demérito.
O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o
conhecimento de um indivíduo sobre si mesmo. Conhecemos
traços da personalidade à medida que vamos
experienciando as circunstâncias que se nos apresentam.
O Espírito Joanna de Ângelis, pela psicografia de
Divaldo Franco, nos esclarece sobre os benefícios da
investigação sobre si mesmo1:
“Se o autoconhecimento é necessário à busca pela
felicidade, o desconhecimento de si mesmo, a ignorância
de sua realidade profunda, do Eu Superior, é causa de
sofrimento. Sem esse conhecimento torna-se difícil
identificar nossas fragilidades e direcionar nossas
resistências morais, fortalecendo-as. Sem uma
compreensão dos objetivos a que deve perseguir, o ser
segue na vida longe dos recursos que deve encontrar para
atingir sua meta. Cada ser humano é uma incógnita a ser
equacionada por ele próprio”.
Vivemos diversas existências e acumulamos traços das
características. A cada reencarnação adicionamos uns
poucos traços.
Estou nessa existência, construí até agora quem sou de
acordo com as experiências, mas, se eu nascesse em outro
meio, com outros pais, outros costumes, outra cultura,
outras condições, teria muito pouco do que sou hoje,
teria outras características.
Para reconhecermos um pouco de nós mesmos é preciso
muita sinceridade íntima e a autoconivência é bem
generosa. Os Espíritos Superiores 2 nos
orientam que o egoísmo é o vício mais radical que nos
assola, de que deriva todo o mal, e precisamos extirpar
o cerne; é nesse ponto que se faz necessário esse estudo
sobre si mesmo.
Quando identifico o egoísmo em minhas atitudes é quando
poderia ponderar e me atentar ao sinal amarelo aceso.
Mas geralmente avanço o sinal assumindo o risco de
protelar a minha evolução. Sim, eu sei que o Espírito
progride lentamente, entretanto, muito será cobrado
quando se tem consciência do erro.
Será que eu sou quem eu penso que sou?
A virtude é conquistada e ao longo das existências
iniciamos o processo; há de perseverar no burilamento,
são as situações adversas que nos põem à prova, e a
experiência que estamos tendo durante uma epidemia diz
muito sobre nós.
Aprendemos através da doutrina espírita que todas as
virtudes são meritórias, são indícios de progresso,
inclusive quando resistimos às nossas más tendências.3
É motivador, precisa ser automotivador, pois está em
nós, o caminho é longo, há muito ainda o que resolver
para se descobrir, se aceitar, se compreender e se
perdoar; o percurso não precisa ser sofrido. Como nos
encoraja o Espírito Emmanuel 4, “a virtude é
sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas
estradas da vida, incorporada eternamente aos seus
valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio”.
Tornar-se consciente de si mesmo, olhar em volta e para
o alto, no alto do sentimento do que está além dos
interesses próprios.
Ainda não sou quem almejo ser, vou construindo de modo a
aprender ser uma pessoa melhor e resistir à atração do
egoísmo que há em mim, atendendo a sugestão daquele
sábio da antiguidade, “conhece-te a ti mesmo”5.
Referências bibliográficas:
1 FRANCO, Divaldo P. Autodescobrimento
– uma busca interior. Pelo Espírito Joanna de
Ângelis. Salvador: Liv. Espírita Alvorada, 2000.
2 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 913.
Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.
3 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 893.
Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.
4 XAVIER, F. C. O Consolador,
Espírito Emmanuel, pergunta 253, 28a edição.
FEB 2008.
5 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 919.
Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.
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