Sinal de Jonas
“Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro
marinho três dias e três noites, assim estará o
Filho do Homem três dias e três noites no
coração da terra.” -
Mateus, 12:40.
Jonas narra sua própria história, contando sobre
uma missão que recebeu do Pai para tomar um
navio em direção à Nínive (Assíria), com intuito
de ajudar aquele povo que se encontrava perdido,
cheio de injustiças e totalmente descrente; no
entanto, ele foge da missão, rumando para Társis.
Há toda uma simbologia no fato do Profeta Jonas
ter ficado no ventre da baleia por três dias e
três noites, o que guarda profunda significação
filosófica, como podemos perceber: primeiro, a
Teoria, quando conhecemos, mas não aplicamos;
segundo, a experimentação quando,
paulatinamente, com suor e luta, descobrimos a
verdade pelo sentimento; e, finalmente, a
plenitude do saber e da verdade, quando se funde
a teoria e a prática.
Todo processo de desvio exige a nossa preparação
diante de nós mesmos e de Deus, após as escolhas
equivocadas que tomamos, com o fim de revelar o
Filho do Homem renovado e pleno de
possibilidades. Assim esclarece O Evangelho
segundo o Espiritismo, no capítulo 6, item
5, com o Advento do Espírito de Verdade: (...)
“Homens fracos, que compreendeis as trevas de
vossas inteligências, não afasteis o facho que a
clemência divina coloca entre vossas mãos para
iluminar vosso caminho e vos conduzir, filhos
perdidos, ao regaço do vosso Pai”.
Na alegoria de Jonas encontramos um convite
especial para este momento planetário,
necessário para o nosso aprendizado, para não
fugirmos de nossas missões, pois toda fuga ao
dever que é apontado pela consciência, torna-se
geratriz de muitos males, caracterizando a
geração má e adúltera. Lembremos sempre que
trazemos conosco o halo das forças criativas ou
destrutivas que marcam a índole no feixe de
raios invisíveis, que arrojam de nós mesmos.
Podemos assim observar que o Mestre se reporta
às escolhas, pois uma geração guarda a conotação
de um jardim cultivado por vontade própria, isso
porque temos a liberdade de agir, como deixa
claro Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questão
844.
Jonas, arrependido, pede nova oportunidade e
misericórdia. Essas são as oportunidades que
recebemos para a renovação espiritual que nos
trazem benefícios, que poderíamos usufruir há
muito mais tempo se fôssemos mais determinados
na execução de nossos planejamentos
reencarnatórios. É nestes momentos de tomada de
consciência que nos perguntamos quem somos e a
que viemos. Essa sacudida de consciência
lança-nos às consequências de nossa falta de
comprometimento. Suas lições representam toda
pureza e santidade da Lei de Deus para
edificação consciente das almas em movimento de
progresso moral, porque é no Evangelho que temos
o edifício da redenção das almas. Como tal, as
lições de Jesus deveriam ser procuradas não mais
apenas para exposição teórica, mas visando cada
discípulo ao aperfeiçoamento de si mesmo,
desdobrando as edificações do divino Mestre no
terreno definitivo do Espírito.
A invigilância no trato com os valores internos
do Espírito dão brechas a experiências
amargurosas, e por isso o materialismo com todas
as suas consequências é a imagem da destruição,
da viciação, do crime moral... Melhorados,
proveremos ao mundo invisível bons Espíritos,
porém, encarnando novamente, ofereceremos à
humanidade o aperfeiçoamento. Deste modo, os
homens não mais sofrerão as misérias decorrentes
de suas imperfeições.
O egoísmo e o orgulho são chagas morais que
suplantam a razão e o bom senso, tornando
indiferentes e cruéis os corações tomados por
suas propostas nefastas e negadoras de Deus.
Mergulhados neste clima obsessivo, não
assumidos, através do arrependimento sincero,
não nos é possível a renovação, por ausência de
sintonia, já que não reconhecemos nossos erros.
O livro Nosso lar, de André Luiz,
capítulo 31, através da psicografia de Francisco
Cândido Xavier, traz um exemplo de não
entendimento de renovação, quando o Espírito
André Luiz e irmã Narcisa procuram ajudar uma
senhora que se encontrava do lado de fora da
colônia, e pedia para ser resgatada. Assim, o
vigilante-chefe é chamado para auxiliá-los.
Desta forma, ele se aproxima da pedinte dizendo: (...)
“minha amiga, é preciso sabermos aceitar o
sofrimento retificador. Por que razão tantas
vezes cortou a vida a entezinhos frágeis, que
iam à luta com permissão de Deus? Irada,
respondeu: Demônio, Feiticeiro! Não voltarei
jamais. Estou esperando o céu que me prometeram
e que espero encontrar”. (...) “Observaram o
vampiro? Exibe condição de criminosa e
declara-se inocente; é profundamente má e
afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e
alega tranquilidade; criou um inferno para si
própria e assevera que está procurando o céu.”
O Espírito sempre é o árbitro da própria sorte,
podendo prolongar os sofrimentos pela
permanência no mal, quando, na verdade, pode
suavizá-los ou anulá-los pela prática do bem.
Quem suporta serenamente o mal que atraiu para
si mesmo trilha a estrada bendita da resignação,
contudo, quem prática o bem, quando pode fazer o
mal, vive por antecipação no iluminado país da
virtude. A natureza ensina-nos que o dia radioso
é quando a alma encontra luz e se entusiasma e
se dota de esperança.
Jonas é o símbolo de trabalho redentor,
representando o alicerce gerador dos males
radiantes, onde a consciência desperta deve
operar, revisando propostas e dando seguro e
novo direcionamento à vida.
Reflitamos, pois, na imensidão da piedade que
nos sustenta a existência até agora e observemos
que sem isso, provavelmente, a maioria de nós
teria mergulhado indefinidamente nas correntes
das provas criadas por nós mesmos, devido à
nossa negligência.
Por fim, lembremos que, para viver, conviver e
sobreviver, precisaremos em qualquer parte e
circunstância da bondade e da compaixão de Deus.
Se nós somos efetivamente os aprendizes do
Evangelho redivivo, unamos o ideal superior e a
ação edificante em nossos sentimentos e atos de
cada dia, e busquemos fundir numa só luz
renovadora a fé e a caridade em nossos corações,
desde já.
Bibliografia:
KARDEC, Allan – O Céu e O
Inferno – 38ª edição – Editora FEB –
Brasília/DF – 1ª Parte – capítulo 5, item 9 e
capítulo 7, item 13 - 1992.
SILVA, Saulo César – coordenação –
O Evangelho por Emmanuel, Segundo João – 1ª
edição – Editora FEB – Brasília/DF – páginas 84
e 154 – 2015.
XAVIER, Francisco Cândido – O
Consolador – ditado pelo Espírito Emmanuel –
29ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – questão
282 – 2013.