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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Sinal de Jonas


“Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no coração da terra.”
 - Mateus, 12:40.


Jonas narra sua própria história, contando sobre uma missão que recebeu do Pai para tomar um navio em direção à Nínive (Assíria), com intuito de ajudar aquele povo que se encontrava perdido, cheio de injustiças e totalmente descrente; no entanto, ele foge da missão, rumando para Társis.

Há toda uma simbologia no fato do Profeta Jonas ter ficado no ventre da baleia por três dias e três noites, o que guarda profunda significação filosófica, como podemos perceber: primeiro, a Teoria, quando conhecemos, mas não aplicamos; segundo, a experimentação quando, paulatinamente, com suor e luta, descobrimos a verdade pelo sentimento; e, finalmente, a plenitude do saber e da verdade, quando se funde a teoria e a prática.

Todo processo de desvio exige a nossa preparação diante de nós mesmos e de Deus, após as escolhas equivocadas que tomamos, com o fim de revelar o Filho do Homem renovado e pleno de possibilidades. Assim esclarece O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 6, item 5, com o Advento do Espírito de Verdade: (...) “Homens fracos, que compreendeis as trevas de vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina coloca entre vossas mãos para iluminar vosso caminho e vos conduzir, filhos perdidos, ao regaço do vosso Pai”.

Na alegoria de Jonas encontramos um convite especial para este momento planetário, necessário para o nosso aprendizado, para não fugirmos de nossas missões, pois toda fuga ao dever que é apontado pela consciência, torna-se geratriz de muitos males, caracterizando a geração má e adúltera. Lembremos sempre que trazemos conosco o halo das forças criativas ou destrutivas que marcam a índole no feixe de raios invisíveis, que arrojam de nós mesmos. Podemos assim observar que o Mestre se reporta às escolhas, pois uma geração guarda a conotação de um jardim cultivado por vontade própria, isso porque temos a liberdade de agir, como deixa claro Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questão 844.

Jonas, arrependido, pede nova oportunidade e misericórdia. Essas são as oportunidades que recebemos para a renovação espiritual que nos trazem benefícios, que poderíamos usufruir há muito mais tempo se fôssemos mais determinados na execução de nossos planejamentos reencarnatórios. É nestes momentos de tomada de consciência que nos perguntamos quem somos e a que viemos. Essa sacudida de consciência lança-nos às consequências de nossa falta de comprometimento. Suas lições representam toda pureza e santidade da Lei de Deus para edificação consciente das almas em movimento de progresso moral, porque é no Evangelho que temos o edifício da redenção das almas. Como tal, as lições de Jesus deveriam ser procuradas não mais apenas para exposição teórica, mas visando cada discípulo ao aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as edificações do divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.

A invigilância no trato com os valores internos do Espírito dão brechas a experiências amargurosas, e por isso o materialismo com todas as suas consequências é a imagem da destruição, da viciação, do crime moral... Melhorados, proveremos ao mundo invisível bons Espíritos, porém, encarnando novamente, ofereceremos à humanidade o aperfeiçoamento. Deste modo, os homens não mais sofrerão as misérias decorrentes de suas imperfeições.

O egoísmo e o orgulho são chagas morais que suplantam a razão e o bom senso, tornando indiferentes e cruéis os corações tomados por suas propostas nefastas e negadoras de Deus. Mergulhados neste clima obsessivo, não assumidos, através do arrependimento sincero, não nos é possível a renovação, por ausência de sintonia, já que não reconhecemos nossos erros.

O livro Nosso lar, de André Luiz, capítulo 31, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, traz um exemplo de não entendimento de renovação, quando o Espírito André Luiz e irmã Narcisa procuram ajudar uma senhora que se encontrava do lado de fora da colônia, e pedia para ser resgatada. Assim, o vigilante-chefe é chamado para auxiliá-los. Desta forma, ele se aproxima da pedinte dizendo: (...) “minha amiga, é preciso sabermos aceitar o sofrimento retificador. Por que razão tantas vezes cortou a vida a entezinhos frágeis, que iam à luta com permissão de Deus? Irada, respondeu: Demônio, Feiticeiro! Não voltarei jamais. Estou esperando o céu que me prometeram e que espero encontrar”. (...) “Observaram o vampiro? Exibe condição de criminosa e declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e alega tranquilidade; criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu.”

O Espírito sempre é o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, quando, na verdade, pode suavizá-los ou anulá-los pela prática do bem. Quem suporta serenamente o mal que atraiu para si mesmo trilha a estrada bendita da resignação, contudo, quem prática o bem, quando pode fazer o mal, vive por antecipação no iluminado país da virtude. A natureza ensina-nos que o dia radioso é quando a alma encontra luz e se entusiasma e se dota de esperança.

Jonas é o símbolo de trabalho redentor, representando o alicerce gerador dos males radiantes, onde a consciência desperta deve operar, revisando propostas e dando seguro e novo direcionamento à vida.

Reflitamos, pois, na imensidão da piedade que nos sustenta a existência até agora e observemos que sem isso, provavelmente, a maioria de nós teria mergulhado indefinidamente nas correntes das provas criadas por nós mesmos, devido à nossa negligência.

Por fim, lembremos que, para viver, conviver e sobreviver, precisaremos em qualquer parte e circunstância da bondade e da compaixão de Deus. Se nós somos efetivamente os aprendizes do Evangelho redivivo, unamos o ideal superior e a ação edificante em nossos sentimentos e atos de cada dia, e busquemos fundir numa só luz renovadora a fé e a caridade em nossos corações, desde já.

 

Bibliografia:

KARDEC, Allan – O Céu e O Inferno – 38ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – 1ª Parte – capítulo 5, item 9 e capítulo 7, item 13 - 1992.

SILVA, Saulo César – coordenação – O Evangelho por Emmanuel, Segundo João – 1ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – páginas 84 e 154 – 2015.

XAVIER, Francisco Cândido – O Consolador – ditado pelo Espírito Emmanuel – 29ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – questão 282 – 2013.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita