Aflições
Os aflitos classificam-se em variadas expressões.
Temos aqueles que choram por se sentirem inibidos para a
extensão do mal.
Há quem se torture por não conseguir vingar-se.
Existem os que se declaram infelizes com a prosperidade
do próximo e se enfurecem com a impossibilidade de lhes
ultrapassar o progresso econômico ou espiritual.
Aparecem aqueles que se afirmam desditosos por não
poderem competir com o luxo de quem se confia à
extravagância e à loucura.
Surgem muitos em lágrimas de inveja e despeito, à frente
dos vizinhos, interessados na educação e na melhoria da
vida.
Há quem se revolte contra as bênçãos do trabalho e
vocifera em desfavor da ordem que lhe assegura as
vantagens da disciplina.
Muitos exibem chagas de inconformação, ante o sofrimento
que eles próprios improvisaram.
Há infinitos gêneros de aflição no vasto caminho da
vida.
E, por isso, nem todos os aflitos podem ser aquinhoados
com a glória da bem-aventurança.
A palavra do Cristo se dirige àqueles que fizeram da dor
um instrumento para a elevação de si mesmos, assim como
o artista se vale da pedra, a fim de burilar a obra
prima de estatuária.
Acautela-te, se conservas alguma aflição particular.
A angústia, muitas vezes, pode ser antecâmara do
desequilíbrio.
Converte o teu problema ou a tua mágoa em motivo de
superação das próprias fraquezas, à maneira do lidador
que aproveita o obstáculo para atingir os seus mais
altos objetivos, e então terás convertido as
inquietações do mundo em bem-aventuranças para a
felicidade sem fim.
Do livro Instrumentos do Tempo, pelo
médium Francisco Cândido Xavier.
|