Em um programa televisivo em Goiânia, conceituado
jornalista, católico por formação e convicção, perguntou
a Chico Xavier:
“Sou dos que acreditam, todavia, em todas as religiões, desde
que se consagrem ao bem e objetivem ao supremo Criador. Não
acredito, porém, em sucessivas reencarnações pelas quais
ocorreria a evolução do espírito, conforme sustenta a Doutrina
Espírita, mas numa vida eterna que obviamente não é a terrena.
Assim, cada qual com seu mundo interior desconhecido, porque
ninguém conhece a si mesmo, cria psicologicamente seu próprio
inferno, seu próprio céu. Cristo, dotado de poderes
sobrenaturais, é um espírito que veio ao nosso mundo no seu grau
máximo de evolução espiritual; como se explica, então, à luz do
Espiritismo, ter ele passado pela expiação do Calvário?”
Chico respondeu ao jornalista o seguinte:
“Digamos de nossa parte que Nosso Senhor Jesus Cristo permanece
em plano de tamanha sublimação que pessoalmente não nos
reconhecemos no direito de formar qualquer critério em torno
dele. Para nós, pessoalmente, ele é o Governador Espiritual do
nosso planeta, em nome de Deus. Acreditamos que o suplício do
Calvário terá sido uma epopeia de amor. Quando vemos o coração
materno neste mundo decidido a sofrer qualquer espécie de
martírio por amor ao filho ou aos filhos, por que não considerar
Nosso Senhor Jesus Cristo capaz de sofrer a imolação da cruz em
nosso favor, absolutamente por amor a nós outros, os componentes
da família humana? Com respeito à reencarnação, esperemos que a
ciência possa positivar essa ocorrência natural da vida e da
evolução, porque sem a reencarnação não perceberíamos qualquer
lógica no problema da dor e do destino, no campo da humanidade.
Acreditamos na reencarnação e temos certeza formada sobre isso,
mas não podemos transferir a nossa convicção aos melhores
amigos, por mais respeitáveis sejam eles. Quanto à criação de um
inferno e de um purgatório por dentro de nós, isso é mais do que
lógico e o nosso caro entrevistador está com a razão. Somos nós
mesmos os autores do purgatório ou do inferno por dentro de nós.
Sem dúvida, não existem outros; mas, por isso mesmo, quando
partimos deste mundo com problema de culpa, retornaremos a ele,
evidenciando as consequências dessa mesma culpa. Plasmamos neste
mundo e no outro, com as repercussões dos nossos próprios atos,
o estado espiritual que estabelecerá em nós o céu, o purgatório
ou o inferno, sendo de notar que purgatório e inferno são
transitórios, porque a Misericórdia Divina cobre a Divina
Justiça. E sempre haverá para o espírito eterno, filho de Deus,
a possibilidade de conciliação com Deus nas Leis Divinas,
através da pacificação da própria consciência.”
Do livro Chico Xavier em Goiânia, de Chico Xavier e
Emmanuel.
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