A verdade nos libertará, certeza de Jesus
“O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse
deste mundo, os meus ministros se empenhariam em não me
entregarem aos judeus. Mas agora meu reino não é
daqui.” –
Jesus (João, 18:36.)
Estas foram as palavras de Jesus a Pôncio Pilatos quando
este perguntou ao Mestre se Ele era rei.
Jesus fala nesta passagem do reino de Deus e, a fim de
entendermos a essência desse ensinamento, procuremos
compreender o que essa expressão significa. Tomemos a
expressão reino de Deus como sinônimo de felicidade
plena (conceito espiritual) e felicidade como sendo
igual à ausência de problemas (conceito humano).
Todos nós imaginamos que uma vida feliz é uma vida sem
dificuldades, sem sustos ou medos. Enfim, uma vida sem
preocupação. E isso é tão verdadeiro que costumamos
dizer que nossa vida, quando não existem tropeços, é um
céu ou um mar de rosas. Por causa desse conceito de
felicidade, muitos trabalhadores da seara de Jesus,
enganados por ilusões transitórias, afastam-se da vida
do mundo passando a viver uma existência contemplativa,
esquecendo-se de que Jesus fez essa afirmação, mas não
se afastou do planeta. Levou até o final a sua missão.
Isto nos faz perceber, claramente, que a vida terrena é
de fato cercada de dificuldades e só terá sentido
vivê-la se nos conscientizarmos disso. Então, a vida
planetária e dificuldades caminham juntas. Se assim não
fosse, Jesus teria afastado de si todos os obstáculos
para que Ele mesmo não sofresse o que sofreu.
Existem ainda outros companheiros que acreditam ser a
vida na Terra um mar de sofrimentos, e que só serão
felizes quando passarem a viver no mundo espiritual.
Costumam dizer: “Aí, sim, vou descansar”. Entretanto,
aprendemos através de leituras, palestras e cursos,
enfim, das mais variadas formas de comunicação, que a
vida espiritual não é um campo florido onde permanecemos
na ociosidade, no gozo das benesses divinas,
simplesmente pelo fato de não estarmos mais no corpo
físico. Muito pelo contrário, já temos conhecimentos
suficientes para saber que seremos lá o que formamos
aqui e que as benesses divinas virão de acordo com
nossas reais necessidades.
Parece-nos, então, que o nosso conceito de felicidade
está errado ou pelo menos não estamos entendendo o
significado das afirmações de Jesus.
Vamos agora prestar atenção à segunda parte da frase:
“mas agora meu reino não é daqui”. Podemos perceber que
em momento algum Jesus disse que Seu reino não seria na
Terra. Ele afirma que naquele momento pelo qual o
planeta passava, seu reino não estava estabelecido.
Entretanto, a confiança dele de que em algum momento
isso efetivamente aconteceria, não deixa margem de
dúvida ao usar a palavra “agora”. Ele confia nessa
mudança através da transformação do homem, e tanto isso
é verdadeiro que permanece nos amparando, curando nossas
feridas morais, lembrando-nos de que os problemas
humanos no planeta são transitórios, apesar das enormes
dificuldades que atravessamos.
Isto nos faz entender que a presença do reino de Deus em
nossa vida está ligada à proposta de mudança do nosso
ponto de vista em relação à verdadeira realidade, e não
a que supostamente imaginamos que seja ela. E como
poderemos realizá-la? Podemos, primeiramente,
estabelecer o que realmente necessitamos e não o que
imaginamos necessitar para sermos felizes. Depois, com
base nisso, determinar o que é possível fazer para que
essa conquista aconteça: nossos limites e não nossas
ilusões deverão nortear essas ações. É necessário não
nos esquecermos de que tudo nos é lícito, mas nem tudo
nos convém e que é importante conhecermos tudo, mas
retermos apenas o bem, conforme nos lembra o apóstolo
Paulo de Tarso.
Essas atitudes mentais modificantes nos levarão,
certamente, a iniciar um maior conhecimento de nós
próprios, ou seja, conhecermos a verdade sobre nós.
Trata-se, sem dúvida alguma, de uma postura mental
difícil de ser mantida, mas não impossível de se
conquistar. Necessitamos para isso de vontade firme e
sensibilidade para perceber que a hora da mudança
chegou. E, somando-se a isso, não ter medo de fazer o
que deve e precisa ser feito.
Estamos cansados de sofrer, de sentir medo, de viver
aflitos e às vezes desesperançados. É necessário
iniciarmos a viagem para dentro de nós mesmos, a fim de
que possamos aprender a nos conhecer e, nos conhecendo,
aprendermos a nos amar.
Queremos sempre saber o que o outro sente, como pensa e
tememos encarar nossos verdadeiros sentimentos, nossos
medos, nossos desejos. Passamos grande parte da nossa
existência nos culpando por muitas coisas, punindo nosso
corpo, tornando-nos infelizes. Por isso Jesus nos disse
que conheceríamos a verdade e ela nos libertaria.
Conheceríamos a verdade sobre nós mesmos e que esse
conhecimento nos libertaria das culpas, dos medos das
angústias. Porque quanto mais nos conhecermos mais nos
amaremos e, consequentemente, também amaremos o nosso
próximo e a Deus.
O amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
si mesmo exige de cada um de nós um caminho inverso a
ser seguido – de nós para Deus – para atingirmos a
felicidade plena e instalar para sempre o reino de Deus
em nossos corações. O que isso significa? Significa que
essa conscientização surgirá quando aprendermos a
utilizar as informações recebidas como instrumentos para
nossa iluminação.
O reino de Deus ao qual Jesus se refere como não sendo
deste mundo de ilusões materiais, de necessidades vãs,
onde o egoísmo e o orgulho têm morada fixa, pertence a
todos aqueles que já praticam Seus ensinamentos, que não
têm medo de se manterem firmes nessa escolha,
concretizando caminhos novos, sonhando sonhos possíveis
e tornando-os realidade. O reino de Deus pertence, sim,
a todos aqueles que aceitaram o convite de Jesus de irem
até Ele para aliviar suas dores.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o
Espiritismo – cap. II
XAVIER, F. C. - Pão Nosso, ditado
pelo Espírito Emmanuel, lição 33.
OLIVEIRA, Wanderley S. - Mereça ser
Feliz, ditado pelo Espírito Ermance Dufaux- 2ª
edição – Editora INEDE - Belo Horizonte/MG - 2003 –
Capítulo IV.
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