Enquanto a infância durar...
O verdadeiro propósito do movimento não é favorecer uma
melhor respiração ou nutrição, mas servir à vida e à
economia espiritual e universal do mundo.
Maria Montessori
Em casa é importante nutrir os relacionamentos com base
na cooperação e solidariedade, pois é isso que cria o
sentido de comunidade e pertencimento. Mas, sem
esquecer a ideia de vida compartilhada, é bom lembrar
que as crianças não podem se conduzir como adultos,
ainda que haja, por parte dos responsáveis, um incentivo
contínuo para a sua gradativa independência.
Pensemos: uma casa com três filhos: 11, 9 e 4 anos.
Todos participam das tarefas de casa com mais ou menos
responsabilidades de acordo com a idade e as
habilidades. Mas isso não significa que o mais velho,
por exemplo, seja responsável pelos mais novos, pois a
segurança em casa nunca pode estar a cargo de uma
criança.
Muitos adultos, e por razões diversas, impõem aos filhos
mais velhos o papel de cuidado com os irmãos mais novos,
entretanto isso é um equívoco, à medida que lhes são
atribuídos deveres que não são de sua competência porque
são simplesmente crianças…
No dia a dia, é essencial distinguir entre preparar e
educar os filhos para serem autônomos da atitude
antieducativas de lhes delegar responsabilidades cujas
consequências estão fora de seu alcance, e mesmo que
existam casos de crianças “precoces”.
Ser mãe, ser pai, ser responsável por uma criança é
muitas vezes cansativo sim, pois quem tem filho sabe que
a rotina está implicada com cuidar, cuidar, cuidar. No
entanto, para as crianças lhes corresponde comportar-se
como crianças e fazer as coisas como crianças.
Não apressemos a infância. Os filhos, sem exceção,
sobretudo quando são pequenos, necessitam de amor,
companhia, supervisão, atenção, cuidados, contenção,
limites, e tudo isso depende sempre de um adulto
responsável e presente.
Sabemos que há lares nos quais as opções são restritas e
mesmo assim não é admissível uma criança de 9 anos
responsabilizar-se por uma de 5 anos, o que aumenta, por
exemplo, os casos de acidentes. Trata-se de procurar
criar espaços seguros para os filhos. Os adultos
responsáveis, ao redor das crianças, somos os modelos
através dos quais eles experimentam e interpretam o
mundo.
Há crianças em casa? Temos que ser os adultos que não se
valem de desculpas para descasos ou delegações de
funções impróprias, descabidas, e as crianças, por sua
vez, simplesmente necessitam ser crianças e enquanto a
infância dure.
Notinha
Em muitas casas há crianças parentalizadas, ou seja,
crianças que assumem função do pai ou da mãe, ditam
regras, cuidam de irmãos menores etc. Essa criança
parentalizada sofre, muitas vezes adoece e se torna
triste, preocupada, ansiosa, à medida que assume funções
que escapam à sua competência junto aos pais ou aos
irmãos.
Criança não pode assumir as funções dos pais. Os
adultos/cônjuges precisam responsabilizar-se por suas
escolhas. Em casa, a criança, amada e orientada pelos
pais, precisa desfrutar da infância sendo
vista/reconhecida como criança.
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