A chegada
Como podes precisar o momento que te assinalou a entrada
no mundo, não podes ignorar que uma hora surgirá em que
deves sair dele.
Não olvides que o minuto de volta será minuto de
ajustamento na Contabilidade da Vida.
Lembra-te de quantos conhecem a amargura dos que
desertam do caminho que a vida lhes traça, quando fogem
das próprias obrigações, a fim de que te não falte bom
ânimo à necessária preparação ante o inelutável
regresso.
O operário que lesa a oficina do próprio pão, o homem
representativo que cai no suborno e o estudante
frustrado, após longo tempo de esperança e lição,
ofertam no desespero que os martiriza singela imagem de
quantos se retiram do Plano Físico desalentados e
irredimidos, carregando em si mesmos o fardo do tempo
perdido, quando não sorvem, a cada instante, largas
taças de fel que a incompreensão de parentes e
afeiçoados lhes impõem, à face dos problemas e aflições
que deixaram na retaguarda.
Legiões enormes de semelhantes aprendizes vagueiam sem
rumo, tolerando os golpes que lhes são desfechados por
lares e tribunais em que se congregam familiares e
amigos a lhes reclamarem a exação dos compromissos que
desprezam, acreditando-se impunes.
Recorda que amanhã ser-te-á naturalmente solicitada a
conta justa do hoje e que a morte, em te ocultando a
forma física, não te forrará o espírito ao testemunho
inconteste das próprias ações, no qual, de retorno à
imortalidade, receberás, em reação compulsória, o fruto
da semente que cultivaste, expressando-te a paz ou a
insegurança, a alegria ou a dor, o inferno ou o céu,
segundo tua lavoura de preguiça ou trabalho, luz ou
treva, mal ou bem.
Do livro Linha 200, obra psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.
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