Nova velha “práxis” espírita
O movimento espírita está se reinventando como
pode. Cabeças que pensam fora da caixa se
movimentam de alguma forma criando
posicionamentos interessantes, controversos, mas
que, em momento algum, são insossos como o que
assolava o meio espírita.
Talvez engolfados pelos próprios problemas,
alguns espíritas se preocupam muito mais com o
psicologismo que tenta impor o posicionamento da
Psicologia sobre a Ciência Espírita, do que
propagar o Espiritismo, gerando um movimento
espírita sem identidade espírita.
Outro aspecto que também tem sido preocupação no
meio espírita é o político. Muitas celebridades
espíritas se posicionaram como de “direita” – o
que é bastante louvável, principalmente quando a
maioria fica em cima do muro apenas criticando
–, e desandaram a justificar seus
posicionamentos, inclusive citando Espíritos que
possuem papel importante no meio espírita.
Como consequência, aqueles que não pensam dessa
forma se entrincheiraram criando um movimento à
“esquerda”, com teses bem estruturadas,
discursos eloquentes e incisivos, abordando
temas urgentes como o combate à fome e à
desigualdade social.
Em meio a todos os movimentos da atualidade,
algumas conexões históricas não vieram à tona,
contudo, cabe comentar, ainda que en passant:
nossas ações ecoam pelo tempo, com reveses
inimagináveis, diferentes até daquilo que
motivou tais ações.
O que se vê hoje de “direita” e “esquerda”
espíritas, e a busca por uma nova “práxis
espírita”, na realidade, é uma releitura
adequada ao século XXI daquilo que já foi feito
desde o século XIX, pela Federação Espírita
Brasileira com seu “movimento de unificação”.
Ao criar um “movimento de unificação” a
Federação desuniu os espíritas. Criou uma
ruptura e combateu ardorosamente esse
posicionamento durante mais de um século. Como
resultado, ainda que em um “inconsciente
coletivo”, temos o movimento espírita atual e a
tentativa de uma nova práxis, cada vez mais
entrincheirados, sem diálogos, completamente
opostos, críticos ferrenhos uns dos outros e de
tudo que “não é espelho”, como diria Narciso.
Que fazer?
Um psiquiatra, já que começamos o texto falando
da Psicologia, escritor dos mais lidos do Brasil
na atualidade, disse em uma de suas obras: “Ele
(Jesus) foi mestre numa escola em que muitos
intelectuais, cientistas, psiquiatras e
psicólogos são pequenos aprendizes”.
Jesus disse que nenhuma ovelha de seu rebanho se
perderia. O rebanho é um só! A primeira ação
deveria ser desativar as masmorras, trincheiras
e cárceres, criando pontes entre todos, para um
diálogo fraterno, amigo, complementar.
Temos muito a aprender com o posicionamento de
cada um, se pararmos de tentar ensinar...
Essa, quem sabe, pode ser uma nova velha práxis
espírita: vencer a nós mesmos pelo trabalho em
benefício dos mais necessitados e em prol de uma
sociedade mais justa e inclusiva.
Tudo isso, e muito mais, sempre foi o que Chico
Xavier fez...