Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Brinquedo bom


Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas
. Manoel de Barros


É por meio do brincar que a criança aprende e se desenvolve, tanto em casa quanto na escola, no jardim, na pracinha e assim por diante.

Todas as formas de brincar são valiosas para a criança e, por isso, o legítimo interesse pela bola, jogo, livro, principalmente na primeira infância, período crucial para o desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas e expressivas.

Não é à toa que a criança pequena, por meio da imaginação, possa utilizar de modo criativo uma caixa maravilhosa:  um belo barco?  Ou, ainda, um refúgio, um castelo, um avião...

O que é então um bom brinquedo para uma criança?

À medida que a criança é o centro do brincar, um bom brinquedo é aquele que permite que a imaginação da criança conduza o rumo das coisas, ampliando, em consequência, sua relação com o mundo. O bom brinquedo permite à criança imaginar, criar e fazer, provocando sua natureza curiosa, sua atitude investigativa.

Quando tinha 5 anos, meu irmão ganhou um robô que acendia luzes, emitia sons e se movimentava. Não tardou muito para minha mãe vê-lo sentado no chão martelando o brinquedo, e para descobrir o que ele tinha dentro – uma ação muito mais interessante e divertida.

Nos diversos ambientes domésticos, não é incomum crianças prestarem mais atenção à caixa do que ao brinquedo novo. Porque para a criança, inventar uma brincadeira é muitas vezes a parte mais divertida do brincar.

Brinquedo industrializado rapidamente aciona o tédio na criança, pois no geral não motiva o seu protagonismo – e o mesmo ocorre com os brinquedos digitais, que geram passividade, provocando atrofia psíquica e empobrecimento da vida interior da criança.

Na hora de oferecer um brinquedo ao seu filho pequeno, considere dar-lhe aquele que funcione segundo sua capacidade criadora.

Muitas vezes, uma simples bola ou pedrinhas, caixas, gravetos, são mais capazes de se transformar em brincadeiras interessantes e divertidas, ganhando destaque em relação aos brinquedos de plástico ou cheio de luzes.

Em relação à primeira infância, portanto, brinquedo bom é aquele que instiga, no dia a dia, uma construção autoral, elaborada por meio de um processo espontâneo e autêntico da própria criança.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita