Chico Xavier era de família católica e praticante do
catolicismo. Quando lhe foi indagado se via espíritos na
igreja, respondeu que sim e que eram bons e/ou maus.
Sempre contava o que via ao padre Sebastião Scarzelli
durante a confissão. O padre residia em Matosinhos,
cidade muito próxima de Pedro Leopoldo.
Durante anos, até́ 1927, ele o ouvia paternalmente em confissão,
de dois em dois meses. Ouvia-o admirado e compadecido. Chico
disse certa vez que nunca soube se ele acreditava em tudo o que
narrava quando se referia ao que enxergava e escutava nos
horários dos ofícios religiosos, mas afirma que ele sempre o
tratou com a bondade de um pai. Ensinava-o a orar e a confiar em
Deus, a respeitar a escola e cultivar o trabalho, a fazer
novenas pelo descanso dos mortos e a esquecer as más palavras
dos Espíritos infelizes quando as escutava. O padre sempre
pedia-lhe que orasse muito.
Uma vez, debaixo da perseguição de um Espírito sofredor, quando
ia completar quinze anos, Chico chorou muito na confissão,
rogando a ele para livrá-lo... O padre interrompeu suas palavras
e mandou que esperasse. Quando terminou o trabalho em que
estava, se dirigiu ao Chico e disse que não devia chorar ou
desesperar-se com as visões e vozes que o procuravam e
acrescentou que, se elas viessem da parte de Deus, Deus o
abençoaria e lhe daria forças para fazer o que devia ser feito.
Em seguida, caminhou junto ao Chico e vendo que ele estava
descalço lhe perguntou se gostaria de ter um par de sapatos.
Chico disse que sim e ele o levou a uma loja, a loja do Sr.
Armando Belisário Filho, em Pedro Leopoldo, e comprou um par de
sapatos para Chico. Ele queria vê-lo alegre, esquecendo o estado
de angústia em que se achava.
Do livro No mundo de Chico Xavier – Entrevistas, de Chico
Xavier e Elias Barbosa.
|