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por Lillian Rosedo

 

Entre dor e bem-aventurança


"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores."1


Pululam na Terra os maus Espíritos, aprendemos na codificação Kardequiana.2 Sabemos que isso ocorre porque aqui neste Lar cedido por Jesus Cristo há homens de igual condição. Chico Xavier nos mostra uma ótica sobre a maldade; ele diz que o mal é apenas ignorância, portanto, se faz mister identificar o que se ignora; convenhamos, deveras complicado listar e mais ainda querer, principalmente porque ela diz respeito sobre si mesmo e sobre o amor.

Kardec, com seu talento filosófico, valendo-se da bendita oportunidade de questionar os Instrutores da Vida Maior sobre inúmeros conteúdos e sobre este mote, recebe dos benfeitores a afirmação de que “o bem é tudo o que está de acordo com a Lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta”.3

Todo o tempo estamos sob alguma influência. Neste momento estamos sendo influenciados a pensar sobre nós, sobre a saúde moral, física e espiritual, em alguns instantes, outros pensamentos invadirão nossa mente: a internet direcionando para os mais variados assuntos, a TV distraindo com a sua programação, as pessoas de nossa relação ora nos brindando com conversações edificantes, ora com problemas angustiantes, independentemente do ambiente. Onde quer que estejamos, estamos influenciando e sendo influenciados, imersos em uma imensa rede invisível, transmutando ideias, impressões e nos afinando com o que nos atrai, porém, podemos escolher, tendo consciência de decidir se tal fato está em consonância com as leis divinas.

Jesus questiona aos discípulos sobre quem seria Ele para a multidão.5 Pedro responde que seria um profeta, uns achavam ser ele o João Batista, outros Elias, alguns Jeremias. Jesus pergunta a Pedro: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.  Pedro responde: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”.4 O Cristo diz que o discípulo é bem-aventurado, pois quem revelara isso fora o Pai celestial. Neste momento Pedro estivera sob a influência de Deus, e Jesus narrou todas as benesses que o apóstolo receberia por isso. Neste mesmo capítulo, Pedro sofre outra influência. Jesus pede para os discípulos não revelarem quem Ele era, e diz que será martirizado, morto e ressuscitado, mas Pedro repreende Jesus, afinal, ele é o bem-aventurado e tudo o mais. E diz: “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Daí ele escuta do Mestre: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo, porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens”. Num momento Pedro está sob a influência divina e, em outro, perde a conexão. É uma situação recorrente, mais uma vez a ignorância leva ao erro. Pedro tem boa vontade, mas se envaidece e, então, o elo com os pensamentos mais suaves de fé, esperança e confiança se perdem.

Jesus deixa claro que Ele está para quem não é saudável e ninguém é; todo ser humano carece de saúde, seja física, psicológica, e da mais importante e abstraída – a saúde moral – de que todos padecem. Jesus compreende bem essa enfermidade que assola a humanidade e que muitas vezes a ignora por vontade própria, por negligência.

Quando ignoro o mal - aprende-se no Evangelho - há um atenuante, mas quando sei como devo agir e desvirtuo, aí é onde mora o perigo, pois não é possível deixar de ver o que se viu. Por que persistir no erro, sabendo que naquele caminho podemos cair no abismo?

Aprendemos, no contato com a literatura espírita, que os Espíritos nos influenciam mais do que supomos5. Além das influências terrenas, temos as sugestões espirituais. Do mesmo modo que aconteceu com Pedro, o tipo de influência vai sempre depender do que estamos pensando, de como estamos agindo, e de como estamos servindo. O servir é uma bênção muito mais para quem sai de si e olha para o outro. Foi o que Jesus ensinou a todo instante. Não sou só eu, pois me conecto com a dor, com a necessidade do outro, eu me construo quando saio de mim e priorizo amenizar a angústia do meu irmão, utilizar este instrumento para me libertar do egoísmo.

Quanto mais primaveras cumpro no Planeta, mais o corpo vai se debilitando, as enfermidades se apresentando e ensinando muito sobre mim, sobre qual influência abraçar, se sofrerei na ignorância ou na bem-aventurança.

 

Referências bibliográficas:

1 BÍBLIA. Marcos 2:17.

2 KARDEC. Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2ª. ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. XIV, item 45, p. 258.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007. Questão 630.

BÍBLIA. Mateus 16-13:23. 

5 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007. Questão 459.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita