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por José Reis Chaves

 

Ressurreição do perispírito e reencarnação


Paulo escreveu a sua Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 15, para explicar-lhes a ressurreição, mostrando que, na verdade, não morremos, pois morrem apenas nossos corpos que vieram do pó e para o pó retornam quando morrem. Mas os nossos Espíritos imortais apenas deles se retiram e vão para a dimensão espiritual, seu habitat mais comum (Eclesiastes 12: 7).

E ele fala que temos dois corpos, um material e um espiritual, e que ressuscita o espiritual (1 Coríntios 15: 44). E ainda nos ensina que a matéria não pode herdar o reino de Deus (os Céus). De fato, se no reino de Deus houvesse matéria, ele não seria dimensão espiritual. “Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.” (1 Coríntios 15: 50.) E ele condena a metempsicose que aceita também a reencarnação de espíritos humanos em corpos de outras espécies. “Nem toda carne é a mesma. Mas uma é a carne dos homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes.” (1 Coríntios 15: 39.)

Atente-se para o fato de que ele está nos ensinando, nesse capítulo 15 de 1 Coríntios, o que ele entende por ressurreição. E lembro aqui que eu digo em minha coluna em O TEMPO e em meus livros que, às vezes, a ressurreição na Bíblia é entendida também como reencarnação, principalmente, pelos judeus contemporâneos de Jesus e Paulo, daí que Jesus nunca jamais condenou a reencarnação, doutrina esta que já era muito difundida entre os povos daquele tempo. Um exemplo disso é o episódio do cego de nascença (João, capítulo 9). Se os seus apóstolos perguntaram a Jesus quem pecou para que aquele homem nascesse cego, ‘ele’ ou seus pais, é porque eles aceitavam, nessa pergunta, a ideia clara da reencarnação, pois, se eles admitiam a hipótese de que aquele cego de nascença podia ter pecado antes de nascer, é porque ele teria pecado numa vida anterior. Jesus, pois, teve oportunidade para condenar a reencarnação, mas não a condenou. Somente esclareceu que o cego nasceu cego para que Ele, Jesus, tivesse a oportunidade de curá-lo e, consequentemente, cressem nele.

Mas, voltando a Paulo, nós afirmamos que ele disse que o que ressuscita é o corpo espiritual (o perispírito que acompanha o espírito) e não o carnal. Porém, Paulo, ao falar que as carnes não se misturam, como vimos, até condenando a metempsicose que admite a troca de carnes, conclui-se que ele estava se referindo, neste caso, à reencarnação do Espírito e somente com a carne da espécie humana.

Ora, se Jesus não condenou a reencarnação, mesmo tendo uma grande oportunidade para isso, quando do episódio do cego de nascença, é porque ela é mesmo uma verdade. Ou será que alguém vai dizer que Jesus pecou por omissão?


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita