Ressurreição do perispírito e
reencarnação
Paulo escreveu a sua Primeira Carta aos Coríntios,
capítulo 15, para explicar-lhes a ressurreição,
mostrando que, na verdade, não morremos, pois morrem
apenas nossos corpos que vieram do pó e para o pó
retornam quando morrem. Mas os nossos Espíritos imortais
apenas deles se retiram e vão para a dimensão
espiritual, seu habitat mais comum (Eclesiastes 12: 7).
E ele fala que temos dois corpos, um material e um
espiritual, e que ressuscita o espiritual (1 Coríntios
15: 44). E ainda nos ensina que a matéria não pode
herdar o reino de Deus (os Céus). De fato, se no reino
de Deus houvesse matéria, ele não seria dimensão
espiritual. “Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não
podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a
incorrupção.” (1 Coríntios 15: 50.) E ele condena a
metempsicose que aceita também a reencarnação de
espíritos humanos em corpos de outras espécies. “Nem
toda carne é a mesma. Mas uma é a carne dos homens,
outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos
peixes.” (1 Coríntios 15: 39.)
Atente-se para o fato de que ele está nos ensinando,
nesse capítulo 15 de 1 Coríntios, o que ele entende por
ressurreição. E lembro aqui que eu digo em minha coluna
em O TEMPO e em meus livros que, às vezes, a
ressurreição na Bíblia é entendida também como
reencarnação, principalmente, pelos judeus
contemporâneos de Jesus e Paulo, daí que Jesus nunca
jamais condenou a reencarnação, doutrina esta que já era
muito difundida entre os povos daquele tempo. Um exemplo
disso é o episódio do cego de nascença (João, capítulo
9). Se os seus apóstolos perguntaram a Jesus quem pecou
para que aquele homem nascesse cego, ‘ele’ ou seus pais,
é porque eles aceitavam, nessa pergunta, a ideia clara
da reencarnação, pois, se eles admitiam a hipótese de
que aquele cego de nascença podia ter pecado antes de
nascer, é porque ele teria pecado numa vida anterior.
Jesus, pois, teve oportunidade para condenar a
reencarnação, mas não a condenou. Somente esclareceu que
o cego nasceu cego para que Ele, Jesus, tivesse a
oportunidade de curá-lo e, consequentemente, cressem
nele.
Mas, voltando a Paulo, nós afirmamos que ele disse que o
que ressuscita é o corpo espiritual (o perispírito que
acompanha o espírito) e não o carnal. Porém, Paulo, ao
falar que as carnes não se misturam, como vimos, até
condenando a metempsicose que admite a troca de carnes,
conclui-se que ele estava se referindo, neste caso, à
reencarnação do Espírito e somente com a carne da
espécie humana.
Ora, se Jesus não condenou a reencarnação, mesmo tendo
uma grande oportunidade para isso, quando do episódio do
cego de nascença, é porque ela é mesmo uma verdade. Ou
será que alguém vai dizer que Jesus pecou por omissão?
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