Disciplina
No texto Profissão de fé espírita raciocinada,
publicado no livro Obras póstumas, Kardec
comenta que o aperfeiçoamento do Espírito é
fruto do seu próprio esforço; ele avança na
razão da sua maior ou menor atividade ou da sua
boa vontade em adquirir as qualidades que lhe
faltam.
Destacamos no texto a ideia de qualidades que
nos faltam, e indagamos: nos faltam para
quê? Certamente, para nos aproximarmos da
condição que é a meta final do desenvolvimento
do espírito humano: o conhecimento de todas as
coisas e a soma completa das virtudes.
Algumas qualidades serão adquiridas muito
lentamente, pois dependem de mudanças muito
profundas em nossa individualidade, mas, outras,
encontram-se mais próximas de nossa realidade.
Exigem aparentemente um menor esforço pessoal.
Uma dessas qualidades é a disciplina.
A indisciplina não é manifestação de mau
caráter, mas concorre para a desorganização, o
descompromisso, os atrasos recorrentes, e
termina por prejudicar muita gente. Quantas
pessoas não são más, mas, em decorrência desse
traço de personalidade, agem de forma a
interferirem negativamente no bem-estar dos
outros.
Mas em que consiste a disciplina? O vocábulo
disciplina nos remete ao conceito de discípulo,
aquele que aprende com um mestre segundo um
método. Disciplina, assim, consiste em viver
segundo um método.
Se pretendo furar um poço não farei buracos em
locais diferentes, porque assim agindo nunca
alcançarei o lençol de água. Se desejo perder
peso, não ficarei 10 dias sem nada comer, pois,
ao final, estarei enfermo e todo o meu esforço
de nada valerá. Se sonho em tornar-me campeão de
natação, não vou treinar 12h por dia por 30
dias, mas algumas horas por dia por longo tempo.
Disciplina, portanto, é adequar nossas
atividades cotidianas a um projeto vital lógico,
organizado, seguindo um método adequado.
Curioso observar que, no seu primeiro contato
com Emmanuel, Chico Xavier ouviu dele que, a
princípio, uma só coisa lhe era necessária para
desempenhar a contento a tarefa previamente
programada: disciplina!