Um grupo de amigos de Belo Horizonte conversava, em
Pedro Leopoldo, sobre as responsabilidades da palavra
escrita, comentando a leviandade de muita gente que usa
o lápis e a pena no campo da maldade e da calúnia... Daí
a instantes, quando os nossos confrades entraram em
oração, junto do Chico, apareceu o Espírito da poetisa
Carmen Cinira, endereçando-lhes a seguinte mensagem:
Quem escreve
Quem escreve no mundo
É como quem semeia
Sobre o solo fecundo...
A inteligência brilha sempre cheia
De possibilidades infinitas.
Planta uma ideia qualquer onde te agitas,
Sem ela essa ideia pecadora ou santa,
E vê-la-ás, a todos extensiva,
Multiplicar-se milagrosa e viva.
Sem tanger as feridas e as arestas,
Conduze com cuidado
A pena pequenina em que te manifestas!
Foge à volúpia das maldades nuas,
Não condenes, não firas, não destruas...
Porque o verbo falado
Muita vez é disperso
Pelo vento que flui da Fonte do Universo.
Mas a palavra escrita
Guarda a força infinita,
Que traz resposta a toda a sementeira,
Em frutos de beleza e de alegria
Ou de mágoa sombria,
Para os caminhos de uma vida inteira.
(Carmen Cinira)
Do livro Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.
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