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por Jane Martins Vilela

 

Reencontros


“E eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse: ‘alegrai-vos’. Elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão.”
 – Mateus, cap. 28:9-10.


Muito significativo que o mestre de Nazaré, percebendo a dor e a dúvida que atingia a seus seguidores, tenha vindo em espírito saudá-los em vários momentos do evangelho, como esse acima. A vida imortal saudando aqueles que permaneciam no mundo, para ajudá-los a se manterem de pé. E ainda significativa a posição humilde das mulheres. Poderiam tê-lo abraçado de pé, mas ajoelharam-se abraçando-lhe os pés, prostrando-se diante dele, reconhecendo-lhe a grandeza.

Deveríamos nós vencer nosso orgulho milenar e igualmente nos prostrarmos diante de Jesus, reconhecidos, desejosos de usar todas as nossas forças para melhorarmos a nós mesmos, vencendo o mundo em nossas mais profundas lutas interiores, e não vencendo no mundo das paixões e riquezas.

Novembro é um mês intenso. As pessoas se lembram de seus amores jamais esquecidos. Todos os dias são dias de lembrança inapagável, mas novembro, por ocasião do “Finados”, torna-se um mês de recordações e lembranças dos queridos que se foram, mas graças à imortalidade e ao amor de Jesus, que retornou da morte para os que amava, a morte tornou-se uma palavra que denota não o fim, mas um momento fugaz de separação que o tempo há de reparar.

A morte é um despojar-se do corpo e o espírito vive. Vive com sua individualidade mantida, suas lembranças, suas conquistas interiores, seus amores.

O amor, que é criação divina, sentimento por excelência, que vive como essência de Deus em todos, é uma conquista do ser. Desde o menor ao maior, todos os seres podem partilhar dessa dádiva. Uma dádiva, um presente do Pai aos filhos, que pelo seu merecimento vão-se aprimorando e desenvolvendo esse germe divino, que neles vive, como semente de luz que desabrocha com as conquistas morais.

Amamos e desejamos estar perto de quem amamos. A morte é um até breve que logo cessará. E a grande maioria tem por um ser um grande amor. Vemos isso todos os dias e em nossas reuniões mediúnicas também. Acontece em quase todas, de uma mãe, um filho, um pai, um avô, uma avó, enfim, alguém querido desencarnado vir resgatar alguém que já desencarnou e transmitir-lhe todo o amor que desejava transmitir.

As reuniões mediúnicas, reveladas por Jesus em suas aparições aos seus seguidores e renovadas no Espiritismo, em pequenas salas onde os médiuns se reúnem, como instrumentos dos Espíritos, são de sublime beleza, quando mostram em muitos momentos esses reencontros.

Já pudemos receber notícias de nossos avós, um beijo de nosso pai, numa energia que sentimos intensa e certeira da presença deles. A maioria dos frequentadores de reuniões mediúnicas já foram brindados com a presença de benfeitores amigos ou queridos da família.

Numa das últimas reuniões pudemos atender um Espírito que desejava ardentemente vingar-se de um encarnado, que ele havia descoberto. Esse Espírito disse que havia vivido numa linda região dos Alpes, na Europa. Linda era sua família, sua esposa, suas filhas. Suas terras eram de grande beleza. Ele fora despojado de tudo. Tomaram-lhe as terras. Torturaram-no. Mataram sua esposa e filhas. Ele pedia socorro, pois lhe puseram uma máscara de ferro e ele não conseguia respirar, mantendo seu desejo de ódio, a despeito das palavras de amor e perdão dirigidas pelo doutrinador. Este então lhe disse que mãos cariciosas e brilhantes lhe retirariam a máscara. Que ele sentisse essas mãos a acariciar sua cabeça e a retirar-lhe a máscara.

Ao se ver livre da máscara, ele perguntou de quem eram aquelas mãos luminosas que o libertaram. Não as reconhece? - perguntou o doutrinador. Preste atenção. Ele parou por instantes. “Minha esposa! Minhas filhas! Mas como conseguiram escapar? Meu Deus! Pensei que nunca mais as veria! Estão lindas. Oh, meu Deus. Obrigado, Senhor!”

Ficou tão agradecido a Deus por estar com elas que esqueceu a vingança. Partiu dizendo que ia com elas, que não podia arriscar-se a ficar sem elas de novo.

O amor é tudo, e as dores se dão por ausência ou esquecimento dele. Um dia, quando o ser humano muito amar, as dores hão de desaparecer do planeta.

Neste Finados, lembremo-nos dos nossos amores que estão vivos em nossa lembrança. Enderecemos a eles as flores mais belas de nossos sentimentos mais doces, sentimentos de saudades, mas também de alegria, por sabermos que um dia estaremos juntos de novo.

E, como disse depois o evangelista Mateus, Jesus surgiu no meio deles, quando todas as portas e janelas estavam fechadas. É a dádiva do amor demonstrando que a morte é momentânea separação. A vida é imortal! Encontrar-nos-emos novamente!

Até breve para os nossos queridos ausentes no corpo, presentes a todo o instante, pois o amor é lembrança imperecível. Estamos e estaremos juntos. Até um dia, quando também pudermos voltar para a nossa casa no mundo espiritual! Até lá, nossa saudação carinhosa, nosso abraço de amor e nossas atitudes que dignifiquem o amor que sentimos.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita