Reencontros
“E eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse:
‘alegrai-vos’. Elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os
pés, prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: Não
temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a
Galileia; lá me verão.” –
Mateus, cap. 28:9-10.
Muito significativo que o mestre de Nazaré, percebendo a
dor e a dúvida que atingia a seus seguidores, tenha
vindo em espírito saudá-los em vários momentos do
evangelho, como esse acima. A vida imortal saudando
aqueles que permaneciam no mundo, para ajudá-los a se
manterem de pé. E ainda significativa a posição humilde
das mulheres. Poderiam tê-lo abraçado de pé, mas
ajoelharam-se abraçando-lhe os pés, prostrando-se diante
dele, reconhecendo-lhe a grandeza.
Deveríamos nós vencer nosso orgulho milenar e igualmente
nos prostrarmos diante de Jesus, reconhecidos, desejosos
de usar todas as nossas forças para melhorarmos a nós
mesmos, vencendo o mundo em nossas mais profundas lutas
interiores, e não vencendo no mundo das paixões e
riquezas.
Novembro é um mês intenso. As pessoas se lembram de seus
amores jamais esquecidos. Todos os dias são dias de
lembrança inapagável, mas novembro, por ocasião do
“Finados”, torna-se um mês de recordações e lembranças
dos queridos que se foram, mas graças à imortalidade e
ao amor de Jesus, que retornou da morte para os que
amava, a morte tornou-se uma palavra que denota não o
fim, mas um momento fugaz de separação que o tempo há de
reparar.
A morte é um despojar-se do corpo e o espírito vive.
Vive com sua individualidade mantida, suas lembranças,
suas conquistas interiores, seus amores.
O amor, que é criação divina, sentimento por excelência,
que vive como essência de Deus em todos, é uma conquista
do ser. Desde o menor ao maior, todos os seres podem
partilhar dessa dádiva. Uma dádiva, um presente do Pai
aos filhos, que pelo seu merecimento vão-se aprimorando
e desenvolvendo esse germe divino, que neles vive, como
semente de luz que desabrocha com as conquistas morais.
Amamos e desejamos estar perto de quem amamos. A morte é
um até breve que logo cessará. E a grande maioria tem
por um ser um grande amor. Vemos isso todos os dias e em
nossas reuniões mediúnicas também. Acontece em quase
todas, de uma mãe, um filho, um pai, um avô, uma avó,
enfim, alguém querido desencarnado vir resgatar alguém
que já desencarnou e transmitir-lhe todo o amor que
desejava transmitir.
As reuniões mediúnicas, reveladas por Jesus em suas
aparições aos seus seguidores e renovadas no
Espiritismo, em pequenas salas onde os médiuns se
reúnem, como instrumentos dos Espíritos, são de sublime
beleza, quando mostram em muitos momentos esses
reencontros.
Já pudemos receber notícias de nossos avós, um beijo de
nosso pai, numa energia que sentimos intensa e certeira
da presença deles. A maioria dos frequentadores de
reuniões mediúnicas já foram brindados com a presença de
benfeitores amigos ou queridos da família.
Numa das últimas reuniões pudemos atender um Espírito
que desejava ardentemente vingar-se de um encarnado, que
ele havia descoberto. Esse Espírito disse que havia
vivido numa linda região dos Alpes, na Europa. Linda era
sua família, sua esposa, suas filhas. Suas terras eram
de grande beleza. Ele fora despojado de tudo.
Tomaram-lhe as terras. Torturaram-no. Mataram sua esposa
e filhas. Ele pedia socorro, pois lhe puseram uma
máscara de ferro e ele não conseguia respirar, mantendo
seu desejo de ódio, a despeito das palavras de amor e
perdão dirigidas pelo doutrinador. Este então lhe disse
que mãos cariciosas e brilhantes lhe retirariam a
máscara. Que ele sentisse essas mãos a acariciar sua
cabeça e a retirar-lhe a máscara.
Ao se ver livre da máscara, ele perguntou de quem eram
aquelas mãos luminosas que o libertaram. Não as
reconhece? - perguntou o doutrinador. Preste atenção.
Ele parou por instantes. “Minha esposa! Minhas filhas!
Mas como conseguiram escapar? Meu Deus! Pensei que nunca
mais as veria! Estão lindas. Oh, meu Deus. Obrigado,
Senhor!”
Ficou tão agradecido a Deus por estar com elas que
esqueceu a vingança. Partiu dizendo que ia com elas, que
não podia arriscar-se a ficar sem elas de novo.
O amor é tudo, e as dores se dão por ausência ou
esquecimento dele. Um dia, quando o ser humano muito
amar, as dores hão de desaparecer do planeta.
Neste Finados, lembremo-nos dos nossos amores que estão
vivos em nossa lembrança. Enderecemos a eles as flores
mais belas de nossos sentimentos mais doces, sentimentos
de saudades, mas também de alegria, por sabermos que um
dia estaremos juntos de novo.
E, como disse depois o evangelista Mateus, Jesus surgiu
no meio deles, quando todas as portas e janelas estavam
fechadas. É a dádiva do amor demonstrando que a morte é
momentânea separação. A vida é imortal!
Encontrar-nos-emos novamente!
Até breve para os nossos queridos ausentes no corpo,
presentes a todo o instante, pois o amor é lembrança
imperecível. Estamos e estaremos juntos. Até um dia,
quando também pudermos voltar para a nossa casa no mundo
espiritual! Até lá, nossa saudação carinhosa, nosso
abraço de amor e nossas atitudes que dignifiquem o amor
que sentimos.
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