Superproteção não é amor
Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas
a se tornarem pessoas é muito mais importante do que
ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa
que o valha.
Carl Rogers
Demonstrar amor ou proteger é distinto de superproteger.
Certas atitudes, aparentemente inofensivas, prejudicam o
desenvolvimento dos filhos. Por exemplo, quando fazemos
pelo filho a tarefa que ele já tem capacidade de fazer
sozinho – comer, vestir-se etc. – postergamos o
desenvolvimento da maturidade e da independência.
É certo que os pais não querem que os filhos sofram. No
entanto, superproteção e facilidade constante não
implicam felicidade, não são garantia de bem-estar. Ao
contrário.
As crianças necessitam, e desde cedo, fazer escolhas,
cometer erros, enfrentar desafios, experimentar
frustração. Quando não permitimos que os filhos façam as
coisas por si mesmos, que não exercitem suas habilidades
e competências, interferimos de modo negativo em seu
crescimento e, também por isso, não é sem motivo que
filhos superprotegidos sofram por falta de confiança ou
se tornem tiranos…
Muitos familiares cercam a criança de proteção com medo
de que se machuquem – fazendo coisas ou brincando. Com
essa atitude, acabam por impedi-la de correr riscos, de
desvendar as coisas por si mesma.
Quando há superproteção, ao invés de buscar as próprias
respostas, a criança é ‘treinada’ para crescer esperando
que seus problemas sejam resolvidos pelos outros e isso,
na realidade, é guiar o filho rumo a uma fantasia… Mais
tarde, sofrimentos diversos serão suportados por conta
desse engodo básico e produzido nos anos iniciais… E,
ainda, superproteção não é só impedir que algo aconteça,
como o filho pequeno cair da bicicleta ou se machucar,
mas também não deixá-lo ter contato com limites,
descobertas, dilemas, frustrações. Aliás, é nos momentos
de frustração que as crianças aprendem a encarar seus
desafios, solucionar problemas e ter responsabilidade
diante da vida.
Ao fazer tudo pelos filhos, resolvendo suas questões,
antecipando suas ações, os pais, na realidade, acabam
desorientando os filhos, pois crianças superprotegidas
tendem a tornar-se pessoas mais inseguras, dependentes e
com baixa tolerância às críticas. Além disso, filhos
superprotegidos correm mais risco de na adolescência (e
na vida adulta) se refugiarem nos mundos ‘alternativos ‘
– os videogames e a internet, apresentando, não
raramente, dificuldades de comunicação/socialização.
Reflita sempre sobre a maneira como se porta em relação
ao seu filho pequeno, e procure, no dia a dia, manter um
equilíbrio entre a proteção e o desenvolvimento de sua
autonomia. Certamente, é importantíssimo cuidar, dar
carinho, ouvir, conversar, dar afeto para os filhos, mas
sem esquecer de ensiná-los também a cuidarem de si
mesmos...
Notinhas
Superproteção é distinto de proteção. Superproteger é
viver pelo filho, anular sua autonomia, torná-lo
prisioneiro de escolhas que não sejam as dele.
Superproteção é privação do crescimento. São implicações
da superproteção: atraso no desenvolvimento; dependência
emocional; isolamento social; dificuldade de lidar com
frustrações. São sinais de pais superprotetores: medo
excessivo que o filho se machuque (brincando ou fazendo
coisas); falar de maneira infantilizada com o filho ou a
filha; tratar o filho de uma maneira que não corresponde
com a sua idade – a criança tem 8 anos, mas o pai/mãe,
responsável, a trata como se tivesse 5 anos.
Pais superprotetores infelizmente criam filhos
dependentes e incapazes. Além disso, crianças
superprotegidas estão mais sujeitas à
ansiedade/depressão.
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