Na Hora da Tristeza
“Vós sois a luz do mundo.“ – Jesus (Mateus, 5:14.)
“Não digais, pois, quando virdes atingido um de vossos
irmãos: É a justiça de Deus, importa que siga o seu
curso. Dizei antes: Vejamos que meios o Pai
misericordioso me pôs ao alcance para suavizar a
sofrimento do meu irmão.” Cap. V, 27.
Entraste na hora do desalento, como se te avizinhasses
de um pesadelo.
Indefinível suplício moral te impele ao abatimento,
mágoas antigas surgem à tona.
Sentes-te à feição do viajor, para cuja sede se
esgotaram as derradeiras fontes do caminho.
Experimentas o coração no peito, qual pássaro fatigado,
ao sacudir, em vão, as grades do cárcere.
Ainda, assim, não permitas que a ansiedade te lance à
tristeza inútil.
Se a incompreensão alheia te azedou o pensamento,
recorda os companheiros enfermos ou mutilados, quando
não conhecem a própria situação, qual seria de desejar,
e prossegue servindo, a esperar pelo tempo que lhes dará
reajuste.
Se amigos te abandonaram em árduas tarefas, à caça de
considerações que lhes incensem a personalidade, medita
nas crianças afoitas, empenhadas a jogos e distrações,
nos momentos do estudo, e prossegue servindo, a esperar
pelo tempo, que a todos renovará na escola da
experiência.
Se deixaste entes queridos ante a cinza do túmulo,
convence-te de que todos eles continuam redivivos, no
plano espiritual, dependendo, quase sempre, de tua
conformação para que se refaçam, e prossegue servindo, a
esperar pelo tempo, que te propiciará, mais além, o
intraduzível consolo do reencontro.
Se o fardo das próprias aflições te parece
excessivamente pesado, reflete nos irmãos desfalecentes
da retaguarda, para quem uma simples frase reconfortante
de tua boca é comparável a facho estelar, nas trevas em
que jornadeiam, e prossegue servindo, a esperar pelo
tempo, que, no instante oportuno, a cada problema
descortinará solução.
Lembra-te de que podes ser, ainda hoje, o raciocínio
para os que se dementaram na invigilância, o apoio dos
que tropeçam na sombra, o socorro aos peregrinos da
estrada que a penúria recolhe nas pedreiras do
sofrimento, o amparo dos que choram em desespero e a voz
que se levante para a defesa de injustiçados e
desvalidos.
Não te detenhas para relacionar dissabores.
Segue adiante e, se lágrimas te encharcam a ponto de
sentires a noite dentro dos olhos, entrega as próprias
mãos nas mãos de Jesus e prossegue servindo, na certeza
de que a vida faz ressurgir o pão da terra lavrada e de
que o sol de Deus, amanhã, nos trará novo dia.
Da obra Livro da Esperança, psicografada
pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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