A superação do homem velho
Ao longo de nossas jornadas evolutivas,
iniciando-as a partir da simplicidade e da
ignorância das leis que regem o Universo, temos
experimentado incontáveis existências e, em
consequência, moldamos uma personalidade e
caráter que agora nos tornam únicos,
considerando os nossos hábitos, costumes,
tendências e a capacidade de distinguir entre o
bem e o mal.
Hoje, com toda a certeza, possuímos uma
quantidade de luz interior e, igualmente, um
lado sombrio, pois guardamos inúmeras
experiências - umas boas, outras nem tanto -,
contudo, todas formando a nossa única estrutura
psicológica.
Considerando a face obscura de nossa
personalidade, sabemos que ela ainda teima em
nos solicitar ações conforme antigos padrões
desenvolvidos no decorrer de nossas muitas
etapas de aprendizado como Espíritos encarnados.
Ela foi gradativamente surgindo quando, por
opção, caminhamos regularmente distanciados do
bem; tanto quanto durante os correspondentes
períodos em que estivemos na erraticidade sem
aproveitamento moral, desnorteados, aguardando o
retorno às lides terrenas, neste ou em outros
mundos, às vezes, sem sequer saber que
desencarnamos.
Muitos destes comportamentos do homem velho, que
não nos interessam mais, defrontam-se com o
conhecimento de propostas renovadoras, que agora
aprendemos. Estas doutrinas incentivadoras da
busca pelo melhor, representadas pelas novas
teorias que se apresentam por força da Lei do
Progresso, mecanismo inevitável que nos
impulsiona sempre rumo à perfeição relativa,
mexem com o atual estado psicológico do
Espírito.
Estas novas Doutrinas, quando progressistas,
incentivam o homem novo a buscar a sua melhoria,
pois, desta forma, poderá obter melhores
benefícios das novas oportunidades - de toda
ordem -, oferecidas no decorrer da atual
existência, que, em muitos casos, não foram bem
aproveitadas no passado.
Desde o século retrasado, encontra-se à
disposição de todos, uma Doutrina, de fato,
reformadora, esclarecendo melhor as leis divinas
e, ainda mais, respondendo todos os porquês
existenciais de forma clara e racional: a
Doutrina dos Espíritos.
Como não poderia deixar de ser, considerando que
é a terceira
revelação,
esta nova ideologia, composta de aspectos
filosóficos, científicos e religiosos, incentiva
que todos os seus seguidores ou adeptos se
observem detidamente, refletindo sobre si
mesmos, buscando identificar as peculiaridades
do homem velho. Com este conhecimento, busca-se
delinear um homem novo, construído pela nova
ordem de ideias, substituindo, gradativamente,
os atuais aspectos característicos de sua
personalidade e caráter incompatíveis com as
renovadoras propostas recém-conhecidas.
É um trabalho pessoal, intransferível, ninguém
poderá realizar esta tarefa por nós, nem mesmo
Jesus. Ele certamente pode nos ajudar, nos
incentivar a moldar este processo renovador,
mas, em última instância, quem deverá de fato
promover a substituição das condutas
desajustadas aos princípios divinos,
desenvolvidas no passado, somos nós mesmos.
Contudo, não é tarefa fácil descobrir os traços
negativos do homem velho e substituí-los de
pronto. É atividade gradativa, paulatina, sem
pressão para terminá-la hoje. Os
condicionamentos do homem velho foram muito bem
edificados ao longo de milhares de anos, sendo
assim, ninguém vai se iludir acreditando que
poderá, ao impulso de poucos atos renovadores,
dominar o homem velho. Não funciona desta
maneira.
Sendo assim, aos poucos, devemos controlar ora
uma atitude aqui, ora outra conduta ali.
Uma boa receita é
escolher algumas tendências que reconhecemos
prejudiciais ao próximo e, quem sabe, a nós
mesmos, e trabalhá-las, diariamente, sempre que
uma possibilidade se apresentar para tanto no
cotidiano da vida.
Veremos que, gradualmente, vamos obtendo
pequenas vitórias, sobre nós mesmos, daí em
diante vamos nos tornando cada vez mais fortes
para resistir aos futuros embates morais e
éticos, que certamente virão, podendo, na medida
do possível, selecionar outras particularidades
de conduta e passar a vigiá-las, também de
perto.
É preciso ficar atento também aos costumes e
tendências deste estranho mundo moderno que nos
instiga, a toda hora, à violência e ao
sensualismo. Estes, poderão facilmente encontrar
ressonância em nossos próprios desejos
inferiores, alimentando-os. Devemos tentar
filtrar o que vem de fora, quando a prática não
nos interessa, para não sofrermos em futuro
próximo, por dentro.
Considerando o nosso passado não tão digno, é
fácil desistir do esforço nobre, agindo tal qual
a massa desvairada, nas suas coletivas
manifestações inferiores. Apoiados pelo grupo,
nos sentimos menos culpados, entretanto, após a
morte, não daremos contas dos outros, mas,
certamente, apenas de nós mesmos.
É preciso aprender a dominar as nossas más
inclinações vencendo-as aos poucos, contudo,
estando preparados para os insucessos e
derrotas, pois estas decerto virão e, nesta
hora, não pode haver desânimo. Uma conversa
honesta com o nosso Pai, funcionando como uma
oração, explicamos que sinceramente tentamos,
mas não conseguimos vencer-nos, entretanto, da
próxima vez, tentaremos com mais empenho e, para
tanto, a ajuda Dele será de inigualável valia.
O nosso anjo guardião também deverá ser lembrado
nestes momentos de testes, solicitando
igualmente o seu apoio e paciência, diante de
nossas hesitações e fraquezas.
Combatamos assim o homem velho, mas combatamos
segundo o bom combate sugerido por Paulo, ou
seja, através de uma vida bem vivida a serviço
de Deus!