A criança precisa treinar empatia
Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não
ver o nosso mundo refletido nos olhos dele.
Carl Rogers
A empatia é uma habilidade essencial na vida de pessoas
conscientes e resilientes. Por sua vez, crianças
empáticas têm mais facilidade de lidar com conflitos,
são mais tranquilas, conhecem melhor seus sentimentos e
se desenvolvem de maneira menos egoísta. Mas como
potencializar, na infância, o desenvolvimento da
empatia?
Quem ensina, ensina pelo exemplo. Pois ninguém dá o que
não tem. Não posso, como mãe ou como pai, ensinar
tolerância se eu, no meu cotidiano, mostro-me incapaz de
aceitar as diferenças – de credo, de hábitos culturais
etc. Assim, pais que aspiram a ensinar para os filhos a
empatia, precisam, primeiro, aprender/treinar empatia.
Mas o que é empatia? De acordo com o dicionário da
Língua Portuguesa: empatia é a “ação de se colocar no
lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma
como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias”.
É importante recordar ainda que uma pessoa empática,
mais do que se colocar no lugar do outro, tanto se
importa com o outro como está pronta para ajudar.
Digo aos pais. Não há outro modo de ensinar empatia à
criança senão da mesma forma que você a ensinou a falar,
escovar os dentes, vestir-se, pois tudo é exemplo,
paciência, treino persistente.
À medida que a empatia promove uma conexão atenta e
solidária com os outros, o aprendizado dessa habilidade
pode ser facilitado também por meio dos bons. Isso
porque, ao se deparar em uma história com um determinado
personagem, é possível para a criança (na posição de
leitora) perceber diferentes emoções, diferentes
situações e, desse modo, identificar-se, aprendendo
sobre medo, raiva, tristeza, saudade, alegria etc., o
que colabora com a construção da empatia.
A arte e a literatura sempre foram campos férteis para
auxiliar as pessoas a lidarem com o repertório
emocional. Envolvidas por histórias, fábulas e lendas,
as crianças desenvolvem a inteligência emocional, porque
compreendem melhor as emoções, os sentimentos,
conseguindo então identificá-los em suas vidas, o que
amplia e aprofunda seu contato com a empatia.
Em prol da empatia, vale muito a pena deixar de lado as
telas e estimular as crianças a gastarem tempo com os
bons livros, pois a leitura vai além de um exercício
cognitivo, isto é, ela também é social, sensorial,
emocional, cultural, espiritual. Por isso, provoca
deslocamento, dá acesso a diferentes perspectivas,
estimulando o exercício da empatia...
Toda criança que é nutrida diariamente por exemplos
positivos, que tem acesso a bons livros, está
naturalmente mais inclinada a se tornar, no futuro, um
ser humano melhor, mais empático e consciente.
Notinhas
A empatia engloba em sua definição três aspectos: o
cognitivo, o afetivo e o comportamental. Sob esse
aspecto, ela se caracteriza como a capacidade de
aprender sentimentos e de identificar-se com a
perspectiva do outro, manifestando reações que expressam
essa compreensão e sentimento (Del Prette & Del Prette,
1999).
Déficit de empatia, entre outras coisas, pode fomentar
violência e agressividade. O contexto familiar é
essencial para o desenvolvimento da empatia, pois é o
primeiro contexto de interação que o ser humano conhece.
A escola, por sua vez, é o ambiente que complementa o
desenvolvimento das habilidades sociais, incluindo a
aquisição e o refinamento dos comportamentos empáticos.
(Cf. Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. Psicologia
das habilidades sociais: terapia e educação.
Petrópolis: Vozes, 1999.)
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