Em 4 de novembro de 1944, Ramiro Gama fez sua primeira
visita a Chico Xavier. O médium, depois de contar-lhe
lindos casos, levou-os ao interior de sua singela
casinha, para participar de uma sessão em que recebeu
mensagens tocantes de Emmanuel e de sua cunhada Wanda,
uma delicada ave do céu, muito cedo chamada à Pátria
Espiritual, bem como as duas poesias abaixo, que lhe
arrancaram lágrimas de emoção:
DE IRMÃO PARA IRMÃO
No caminho que a treva encheu de horrores,
Passa a turba infeliz, exausta e cega,
— É a humanidade que se desagrega
No apodrecido ergástulo das dores!
Ouvem-se gritos escarnecedores.
É Caim que, de novo, se renega,
Transborda o mar de pranto onde navega
A esperança dos seres sofredores!
E neste abismo de miséria e ruínas,
Que estenderás, amigo, as mãos divinas,
Como estrelas brilhando sobre as cruzes.
Vai, cirineu da luz que santifica,
Que o Senhor abençoa e multiplica
O pão da caridade que produzes.
(Augusto dos Anjos)
BILHETE A UM LUTADOR
Meu caro Ramiro Gama,
Os benfeitores do Além
Colaboram nas tarefas
De tua missão no bem.
Açoites surgem na estrada?
Jamais sofras, meu irmão!
O Senhor da Luz Divina
Ampara-te o coração.
Brotam cardos nos caminhos,
Com pretensões de ferir?
Tolera-os resignado
E espera o Sol do Porvir.
Há difíceis testemunhos?
Não temas perturbações,
Pois toda cruz é caminho
De santas renovações.
Ramiro, Deus te ilumine,
No esforço que te conduz
Da sombra espessa da Terra
A redenção com Jesus.
(Casimiro Cunha)
Do livro Lindos Casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.
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