Vamos falar de posvenção?
É chamado de posvenção os cuidados e atenções
dedicados aos familiares e amigos de alguém que
interrompeu a existência ao cometer o suicídio.
O suicídio é um evento traumático e que atinge
um bom número de pessoas que estão no entorno de
quem cometeu o ato.
É algo que marca familiares e amigos pela vida
toda. Na questão que envolve a morte, o que a
torna mais ou menos dolorosa é o seu contexto.
Uma coisa é a partida de um ente querido por
doença de longo curso. Outra coisa é a morte por
suicídio.
Portanto, quando se fala em posvenção está,
também, tratando do tema prevenção, pois cuidar
dos enlutados, dedicar-lhes atenção, é prevenir
outros suicídios e diminuir a dor da família e
amigos abalados pelo contexto da morte do
familiar.
Por isso, diante do preâmbulo e de como a
posvenção é uma prática significativa, escrevo
aos amigos espíritas para compartilhar ideias
que surgiram após a pesquisa de campo que venho
realizando há alguns anos sobre a referida
temática.
Quero aqui falar sobre os cuidados ao abordar os
familiares e amigos enlutados e que, por
questões naturais, haja vista que o Espiritismo
aborda muito bem os temas referentes à vida e à
morte, procuram o centro espírita para receber o
tão esperado consolo e paz ao coração.
Compreendo a boa vontade de alguns amigos
espíritas que, ao se depararem com familiares
enlutados pelo suicídio de algum afeto, indicam
a literatura espírita como bálsamo à alma.
De fato, por ser consolador, o Espiritismo tem
em sua literatura bons livros para serem
indicados no trabalho de posvenção.
Contudo, alguns livros espíritas podem causar
mais mal do que bem ao familiar enlutado, e é
neste ponto que o espírita deve prestar bem
atenção.
Livros que trazem alta carga de dramaticidade,
com relatos dolorosos dos Espíritos que
cometeram o ato do suicídio devem ser evitados,
assim como deve ser evitada aquela visão muito
próxima do inferno católico, vale dos suicidas e
tantas outras coisas que podem causar dor ao
familiar enlutado.
Antes de sugerir alguma leitura ou de proferir
frases de efeito, recorde-se que você está
atendendo alguém que passa por uma dor muito
grande, que é a do luto pelo suicídio.
Lembre-se, portanto, que o objetivo é acalmar o
familiar ou amigo e não assustar.
No trabalho de posvenção é importante destacar o
Espiritismo que valoriza a vida e a esperança, a
mostrar que não há penas eternas e nenhum
Espírito está perdido, sem o amor de Deus.
Este perfil de consolo e esperança necessita ser
trabalhado para que as famílias enlutadas vejam
que apenas o corpo morreu, mas o Espírito é
imortal, o que, certamente, ao menos diminuirá a
dor pela forma da partida e a natural saudade
advinda da separação, além de, é claro,
colaborar para que outros suicídios não venham a
ocorrer no seio da família enlutada.