Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

“Como sabes, meu caro Wantuil, nem todas as publicações poderiam ser corretas, no caso escandaloso, e nem todos os jornalistas me procuraram com boas intenções. Mas como sabes também, e conforme assevera o nosso Emmanuel, ‘na tarefa mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém’. Minha situação era muito delicada e mesmo assim não faltaram inúmeros confrades que me escreveram cartas impiedosas e irônicas, quando liam reportagens em desacordo com a verdade dos fatos, como se eu devesse controlar todos os jornais que escreveram sobre o acontecimento. Alguns me perguntaram acremente se eu não estava obsidiado e se já não havia enlouquecido. [...]. Continuemos, meu amigo, em nossos trabalhos, edificados na consciência tranquila.” (Trecho de carta dirigida por Chico Xavier ao presidente da FEB.)


No caso Humberto de Campos, além dos embaraços causados pela natureza do processo, causou perplexidade o conhecimento dessa carta e a constatação de que existem irmãos nossos, isto é, pessoas que se dizem espíritas, capazes de escreverem uma carta a alguém de maneira impiedosa e irônica. E mais: de se dirigirem a Chico Xavier ofendendo-o, pedindo-lhe contas de seus atos, transformando-se em juízes descaridosos e frios, como se lhes coubesse esse direito em relação a outro ser humano. É triste verificarmos quanto ainda somos pouco cristãos. Não assimilamos quase nada dos ensinamentos do Cristo. É o caso de nos perguntarmos: onde está o Evangelho em nós? E quanto à Doutrina Espírita, o que apreendemos, assimilamos e incorporamos à nossa vivência?

A lição do Mestre prossegue ecoando ao longo dos tempos para aqueles que têm ouvidos de ouvir: “Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados”.

Chico Xavier, no entanto, nem sequer mencionou nomes. Poderia tê-lo feito, pois escrevia a um amigo do seu coração. Não acusou, todavia, a ninguém. Não fez referências desairosas. Apenas explicou a Wantuil que muitas publicações não são corretas e que alguns jornalistas não o procuravam com boas intenções. Chico quis apenas que Wantuil estivesse a par da verdade. Não se preocupou em divulgar a realidade ou esclarecer os demais. Permanecia, como sempre, em sua extraordinária vivência evangélica.

Neste trecho refere-se a Emmanuel: “na tarefa mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém”. Com paciência apostolar Chico sempre seguiu este conselho, doando constantemente o melhor de si mesmo. As pessoas, entretanto, em sua maior parte, não se contentam com o que recebem. Querem sempre mais. Estão sempre exigindo e cobrando, especialmente dos médiuns.

 

Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita