Prova e julgamento
Decerto que o Senhor nos terá advertido contra os riscos
do julgamento, observando-nos a inclinação espontânea
para projetar-nos em assuntos alheios.
Habitualmente, perante os nossos irmãos em experiências
difíceis, estamos induzidos a imaginar neles o que
sentimos e pensamos acerca de nós próprios.
Encontramos determinada criatura acusada desse ou
daquele delito; para logo, frequentemente, passamos a
mentalizar como teria sido a falta praticada,
fantasiando minudências infelizes a fim de agravá-la,
quando muitas vezes a pessoa indiciada tudo promoveu de
modo a poupar a suposta vítima, resistindo-lhe às
provocações até as últimas consequências.
Surpreendemos irmãos considerados em desvalia moral; e
de imediato, ao registrar-lhes o abatimento, ideamos
quadros reprováveis de conduta sobre as telas de
inquietude em que terão entrado, emprestando-lhes ao
comportamento o comportamento talvez menos digno que
teríamos adotado na problemática de ordem espiritual em
que se acharam envoltos, quando, na maioria das
ocasiões, são almas violadas por circunstâncias cruéis,
à feição de aves desprevenidas, sob o laço do caçador.
Abstenhamo-nos de julgar os irmãos supostamente caídos.
O Senhor suscitou a formação de juízes na organização
social do mundo para que esses magistrados estudem os
processos em que nos tornemos passíveis de corrigenda ou
segregação, conforme o grau de periculosidade que
venhamos a apresentar na convivência uns com os outros.
Por outro lado, os princípios de causa e efeito dispõem
da sua própria penalogia ante a Divina Justiça.
Cada qual de nós traz em si e consigo os resultados das
próprias ações.
Ninguém foge às leis que asseguram a harmonia do
Universo.
Diante dos companheiros que consideres transviados,
auxilia-os quanto possas. E onde não consigas estender
braços de apoio, silencia e ora por eles.
Todos somos alunos na grande escola da vida.
Consideremos que toda escola afere o valor dos ensinos
professados em tempo justo de exame.
Os irmãos apontados à apreciação dos júris públicos são
companheiros em prova. Hoje será o dia deles, entretanto
é possível que amanhã o nosso também venha a chegar.
Do livro Na Era do Espírito, mensagem
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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