Filhos na pré-adolescência
A educação pelo medo deforma a alma.
Coelho Neto
Por volta dos 10 anos começa a pré-adolescência e pode
durar por até 4 anos. Esse período é marcado por muitas
transformações físicas. Fase em que as meninas e os
meninos se despedem dos interesses da infância e começam
pouco a pouco a construir uma nova identidade. Ficam
atentos às regras de grupos, o que pode gerar
insegurança, angústia…
Na pré-adolescência, os pais precisam respeitar as
escolhas do filho no seu modo de ser. É importante ainda
demonstrar interesse pelas atividades da escola e manter
o contato com os amigos do filho ou da filha.
De outro lado, ter uma rotina faz com que todo mundo se
sinta confortável e seguro. Como o filho já não é
criança, os pais podem sentar juntos para definir uma
rotina de obrigações e atividades. Também vale apostar
em um cronograma cotidiano para todos se organizarem,
lembrando também que existem combinados negociáveis e
inegociáveis, e que as regras e os limites são
fundamentais para viver em família e em sociedade.
Embora a pré-adolescência seja a fase onde tudo é
“chato” (ou “um cinco”), apesar de ter o corpo mais
desenvolvido, o pré-adolescente continua com
necessidades infantis de dependência, e isso gera medo,
insegurança. Portanto, da mesma forma como na infância,
é importante que os pais criem espaço para conversas
olho no olho. Postura firme, sem ser autoritária.
Conversar, se aproximar e se envolver é a melhor maneira
de garantir a segurança do filho e, ainda, criar brechas
para incentivar o contato com bons hábitos e com
conteúdos de qualidade nessa fase.
Como cada pessoa é única, ninguém tem condições de
afirmar realmente quando começa a pré-adolescência ou
quando termina a adolescência, e isso às vezes dificulta
a prática educativa dos pais. Por isso o espírito
sensato deve prevalecer: é bom ter os olhos voltados
para o mundo em que o filho vive/convive sem perder de
vista os princípios que sustentam a família.
Sair da infância não é fácil e a pessoa experimenta, na
pré- adolescência (e na adolescência), muitas mudanças.
E os pais, por sua vez, querem que os filhos tenham um
bom futuro, estudem, tenham boas companhias, criem
responsabilidade, não se envolvam com drogas... No
entanto, os pais devem ser afetuosos, senão nada
funciona. Não podem apenas exigir, cobrar. Na realidade,
a cobrança precisa ser intercalada com carinho,
diálogos, momentos descontraídos. Muita pressão cansa os
dois lados: filhos e pais.
Notinhas
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a
adolescência vai dos 12 aos 18 anos. Normalmente, então,
a pré-adolescência começa por volta dos 10 anos, quando
a segunda infância termina e a puberdade começa, e pode
estender-se até os 14 anos, quando a adolescência se
intensifica. No entanto, é importante não esquecer um
fato: mesmo tendo a mesma idade, frequentando a mesma
escola e série e manifestando interesses e
comportamentos semelhantes, garotas e garotos são bem
diferentes.
Ainda que muitos pais sintam que os filhos na
pré-adolescência não querem proximidade, eles desejam
sim que os pais estejam envolvidos na vida deles. No
entanto, eles se incomodam com certas
atitudes/perguntas, como "para quem você está mandando
mensagem?”. Logo, é importante saber como e a hora de se
aproximar.
Muitos adultos desvalorizam os sentimentos dos mais
jovens e, com isso, os pré-adolescentes acabam
afastando-se dos pais. Frases como “Isso vai passar
logo”, “Deixa de drama” e/ou “Não chore por isso” só
reforçam a sensação de insegurança e fazem com que os
filhos se distanciem dos pais. O importante é ter uma
conversa franca dizendo que entende seus sentimentos,
mas que não há motivos para desespero... As frustrações
também são importantes, ajudam no amadurecimento e
tornam as pessoas mais fortes e resilientes.
Não esquecer: filho recém-saído da infância exige
atenção especial a respeito de assuntos como bullying,
ansiedade, vida digital...
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