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por Rogério Coelho

 

Prelúdios da luz do Consolador


O Espiritismo é o Cristianismo que volta restituindo às tradições seu sentido espiritualista


Hippolyte Léon Denizard Rivail ainda era apenas uma criança de 13 anos de idade, quando foi publicado em Leipzig (1817) um livro intitulado: “Exposição da grandeza da Criação Universal”, de autoria do Dr. Gelpke.

Por gentileza de um de seus correspondentes residente em Bordeaux, Kardec recebeu um pequeno extrato daquela obra, que faz menção a vários pontos básicos da Doutrina Espírita que só surgiria, então, 40 anos mais tarde, ou seja: pluralidade dos mundos habitados, reencarnação, perispírito, progresso sucessivo e indefinido da Alma... Esse fato vem provar que as grandes verdades sempre tiveram seus predecessores, seus batedores de vanguarda que chegam para ir abrindo os caminhos, preparando os terrenos para a futura semeadura, tal como o fez João Batista com relação a Jesus.

É evidente que tais “bandeirantes”, como também todos os antigos profetas eram inspirados por Espíritos elevados, dispensadores das Verdades Divinas, haja vista o exemplo oferecido por Sócrates que tinha o seu ‘Daimon’ e Joana d`Arc que escutava as vozes de seus mentores.  Exemplos mais recentes temos em Chico Xavier, Divaldo Franco e Raul Teixeira, com Emmanuel, Joanna de Ângelis e Camilo, respectivamente...

Kardec publicou em sua Revue Spirite[1] o extrato seguinte: "(...) se a construção de todos os mundos que brilham aci­ma de nós pudesse ser submetida ao nosso exame, de que admiração não seríamos tocados vendo a diversidade dos globos, dos quais cada um é de outro modo organizado do que aquele que lhe é mais vizinho na ordem da Criação! Sendo incalculável o número dos mundos, sua constru­ção deve ser, igualmente, diferente ao infinito.

Como, além disso, da organização de cada mundo depende a organização dos seres que o habitam, estes devem, tanto ao interior, quanto ao exterior, diferenciar essencialmente sobre cada globo. Se considerarmos agora a multiplicidade e a imensa variedade das criaturas sobre a nossa Terra, onde nem mesmo uma folha se parece a uma outra, e que admitíssemos que uma tão grande variedade de criaturas sobre cada mundo, quão prodigiosa deles nos parecerá a multidão no incomensurável reino de Deus!

Qual será, pois, um dia a plenitude de nossa felicidade, quan­do, sob envoltórios sempre mais perfeitos, penetraremos su­cessivamente mais adiante nos mistérios da Criação, e que encontraremos mundos sem fim povoando um espaço sem fim! Quanto então Deus não nos parecerá mais adorável ainda; Ele que tira todo esse conjunto do nada, Ele, cuja bondade sem limites não criou tudo senão para deles fazer gozarem os seres vivos, e cuja sabedoria ordenou esse todo de maneira tão admirável!

Mas nossa residência e nossa conformação atuais podem nos proporcionar uma tal felicidade? Não temos necessidade para is­so de outra morada que nos colocará mais adiante no domínio da Criação, e de um envoltório mais sutil e mais perfeito, que não entravará nosso Espírito em seus progressos para a perfeição, e por meio do qual poderá ver, sem ajuda, no todo universal, mui­to além do que o podemos aqui com os melhores instrumentos?

Mas, por que o Criador não nos daria, depois de vários graus de existência, um envoltório que, semelhante ao relâmpago, pode­ria se elevar de mundos em mundos, nos permitindo assim, ao mesmo tempo, considerar tudo de mais perto, e melhor abarcar o conjunto pelo pensamento? Quem ousaria disso duvidar, quando vemos a brilhante borboleta nascer da lagarta, e a árvore des­lumbrante de flores provir de uma semente? Se Deus desenvolve assim, pouco a pouco, a lagarta, e no-la mostra esplendidamente transformada, se desenvolve tanto o germe gradualmente, quanto não fará para nos fazer progredir, homens, reis da Terra, e avançar na criação!”

Outra coisa não afirma o Espiritismo, que, segundo S. Luís, é o Cristianismo Primitivo de volta: “(...) O Espiritismo é o Cristianismo da idade moderna; ele deve restituir às tradições seu sentido espiritualista. Outrora, o Espírito se fez carne; hoje, a carne se faz Espírito para desenvolver a ideia gigantesca que deve renovar a face do mundo. Mas à festa da criação espírita sucederão a perturbação e o orgulho dos sistemas diversos, que, desprezando os sábios ensinamentos, planejarão uma nova torre de Babel, obra de confusão, logo reduzida a nada, porque as obras do passado são a garantia do futuro, e nada se dissipa do tesouro da experiência amontoado pelos séculos.

Es­píritas, formai uma tribo intelectual; segui vossos guias mais do­cemente do que não fizeram os hebreus; viemos também vos livrar do jugo dos filisteus, e vos conduzir para a Terra Prometida. Às trevas das primeiras idades sucederá a aurora, e ficareis maravi­lhados de compreender a lenta reflexão das idades anteriores sobre o presente. As lendas reviverão energicamente como a rea­lidade, e adquirireis a prova da admirável unidade, garantia da aliança contratada por Deus com Suas criaturas”.


 

[1] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Novembro de 1863. Araras: IDE, 2000, p. 354/355.




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita