Na rota da Lei
“A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira
para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer
ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se
afasta.”1
Nascemos livres, e em uma sociedade que prima pela
execução das Leis, da preservação da vida, da liberdade
e, da propriedade, há o sentido de organização, fluidez
e progresso.
A Lei natural, segundo São Tomás de Aquino, são as leis
descobertas pela razão. Raciocinar corretamente é chegar
à Lei eterna.2
Allan Kardec questiona aos Espíritos superiores se Deus
facultou aos homens os meios de conhecer a lei natural e
obteve a resposta de que todos podem conhecer, mas nem
todos a compreendem, aqueles que decidem investigá-la
são o que melhor a compreendem, e que um dia todos
compreenderão, pois nisto consiste o progresso. 3
São Tomás de Aquino continua seu pensamento em que a lei
natural é a participação do ser racional na Lei eterna,
a lei eterna é a lei divina; é eterna e perfeita.
Na codificação kardequiana, aprendemos que a
lei divina é eterna, imutável (como o próprio Deus),
perfeita, igual para todos, inscrita na consciência dos
homens e revelada em todos os tempos (de acordo com a
capacidade e compreensão dos homens).
São Tomás de Aquino influencia com sua filosofia os
aspectos da base ético-jurídica, no mundo material, e na
relação com o entendimento da observância da lei
natural.
Remontando aos primórdios, os egípcios antigos por volta
de 5 mil anos A.C. sistematizaram preceitos religiosos
intercalados com artigos de natureza civil e penal e foi
codificado o Livro dos Mortos.
Os sistemas mais antigos são dos povos do Oriente Médio
e o mais importante é o código de Hamurabi, com 282 leis
que reunia várias decisões legais, sendo desenvolvido
pelo reinado de Hamurabi.4
As leis são educadoras, norteiam os procederes, freiam
os impulsos punindo quem infringe, leis humanas
imperfeitas, ainda parciais, equivocadas e aplicadas de
forma desigual.
Jesus Cristo ensina a um doutor da lei sobre o maior
mandamento da lei, sintetizando os dez mandamentos, Amar
a Deus e ao próximo como a nós mesmos5. Como
agimos em família e em sociedade exprime em qual pé está
esse amor.
Paulo, em sua carta aos hebreus,6 nos alerta
que estamos sob nuvens de testemunhas, mas o que
faríamos se ninguém estivesse nos observando?
Nasce-se livre e essa liberdade significa ser quem
realmente é, independentemente, com as limitações e
virtudes de sua construção, respeitando da mesma forma
como o seu semelhante é. Como seríamos como nos
comportaríamos, se não fôssemos regidos pelas leis
humanas e divinas, agiríamos de modo a fazer ao outro o
que gostaríamos que nos fosse feito?
O progresso moral, o motivo de estarmos no planeta, está
muito lento, as ações equivocadas, justificadas,
dificultam a marcha. A natureza não dá saltos, é
verdade, mas há dois mil anos a exemplificação e o
ensinamento foram disponibilizados. O chamamento é para
entender se a transformação interior é genuína, ou
temerária daquelas nuvens de testemunhas e das
consequências além-túmulo. Imaginemos uma situação em
que ficássemos sem energia elétrica, comida e água, como
agiríamos, quais leis nos segurariam?
Em nossa consciência estão gravadas as leis divinas e
sempre temos uma intuição/inspiração sobre os atos que
estamos prestes a cometer, tanto nas pequenas como nas
grandes coisas, apelamos à misericórdia divina que é
infinita, mas não devemos nos valer dessa condição, como
aquela criança irresponsável que continua desobedecendo,
sabendo que será perdoada pelos pais, mas, à medida que
se confronta com as consequências, se torna um adulto
estagnado e amargurado.
O momento que vivemos é uma oportunidade de reconhecer
nossa essência e agradecer por ter experimentado tantas
faces de si mesmo, de se conectar consigo e se desligar
das efemeridades, das distrações prejudiciais.
A felicidade não é deste mundo, assim como a paz, ambas
estão no mesmo patamar. Enquanto estamos neste estágio,
neste mundo, ensaiamos como conquistar a felicidade e a
paz e não há outra forma de não nos ajustarmos com as
leis de amor e caridade.
Reconhecer a missão do Cristo em nos educar, e seguir o
seu caminho a sua verdade, é se esforçar em cumprir seu
maior mandamento.
Referências bibliográficas:
1 Kardec,
A, O Livro dos Espíritos. Das Leis Morais. Da lei
divina ou natural - questão
614.
2 Ariane Medeiros Teixeira. O direito na
filosofia de São Tomás de Aquino. Para acessar, clique
aqui. Acesso
em: 29 nov. 2020.
3 Kardec, A. O Livro dos Espíritos.
Das Leis Morais. Conhecimento da lei natural. Questão
619.
4 Redação. O ser humano precisou criar
regras para resolver conflitos. Para
acessar, clique
aqui-2 >Acesso
em 29 nov. 2020.
5 BIBLIA.
Mateus 22:37.
6 BIBLIA.
Hebreus 12:1.
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