Natural de Guararapes (SP) e residindo em Nova
Andradina (MS), Fernando Cesar Balbino (foto),
formado em
Análise de Sistemas, é professor no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Mato Grosso do Sul e, nas lides espíritas, é
palestrante e colabora nas atividades realizadas
pelo Centro Espírita Amor, Verdade e Justiça, de
sua cidade. Na entrevista abaixo ele nos fala,
entre diversos assuntos, sobre sua iniciação no
Espiritismo.
Como e quando você se tornou espírita?
Nasci em berço católico. Vez ou outra
recebíamos a visita de um primo muito querido e,
em suas passagens pelo nosso lar, falava-nos
sobre Espiritismo. Eu, ainda muito criança, não
compreendia aquela tal "reencarnação" e outras
ideias sobre as quais ele comentava, mas eu
achava muito interessante. No
ano de 1991, quando eu contava 13 anos, esse
primo desencarnou em um acidente de avião. Como
uma forma de homenageá-lo, retirei da estante e
li um livro que ele havia deixado em nossa casa,
cujo título é "Do outro lado", de autoria de
Wilson Frungilo Jr. Esta foi a nossa "porta de
entrada" na Doutrina Espírita.
Qual aspecto do Espiritismo mais lhe chama
atenção?
Chama-me atenção o aspecto filosófico, através
do qual se compreende a vida do ponto de vista
da imortalidade da alma, dando-nos melhores
condições, a partir daí, para vivenciarmos a
verdadeira religião, isto é, a comunhão de
pensamentos e de sentimentos com Deus, nosso
Pai.
Como professor, como sente o momento atual de
desafios também na educação, com ou sem
pandemia?
Historicamente, em nosso país, a educação tem
sido muito pouco valorizada, quando não
duramente desconsiderada pelos nossos
governantes. Infelizmente, significativa parcela
da sociedade anui com esse descaso ao apoiar e
eleger políticos que não apresentam projetos
fundamentados e viáveis para a área. Entretanto,
sem qualquer ingenuidade, tenho convicção de que
ainda há muita esperança decorrente do esforço
de almas dedicadas a esse sagrado mister da
educação nas instituições escolares.
Imprescindível recordar, contudo, a missão dos
pais para com os filhos desde a concepção, já
que o primeiro e mais sagrado educandário da
alma será sempre o lar, conforme nos
exemplificou Jesus, o Mestre Incomparável, ao
eleger a carpintaria humilde do pai como
abençoada escola em Sua sublime missão na Terra.
Como palestrante espírita, apesar da suspensão
temporária imposta pela pandemia, como percebe a
assimilação dos postulados espíritas pelo
público?
Primeiramente, em se considerando a pandemia, é
preciso "contar as bênçãos", conforme nos ensina
o Espírito Emmanuel, pois que aquilo a que
chamamos destruição não é mais que
transformação, de acordo com a questão 728 de O
Livro dos Espíritos. E uma dessas bênçãos,
sem dúvida alguma, é a gama de possibilidades
que temos aprendido a usufruir das conquistas
tecnológicas da humanidade, em especial a
Internet, permitindo que a Doutrina Espírita
hoje seja facilmente acessada, lida e ouvida por
todas e todos que desejam conhecer-lhe os
postulados ou prosseguir recebendo as suas
renovadoras orientações. Obviamente, para quem
está começando a se interessar pelo Espiritismo
e a conhecê-lo, pode ser difícil selecionar os
conteúdos adequados ao seu nível de compreensão,
dado o significativo volume de conteúdos que vêm
sendo produzidos e disponibilizados no YouTube,
nas redes sociais e em diversos sites espíritas.
De qualquer modo, o semeador saiu a semear...
Com a experiência de vivência, profissional e
espírita, em dois estados do país, com
realidades tão distintas, que avalição seu
raciocínio oferece?
A certeza de que Deus nos encaminha sempre para
o lugar em que precisamos estar convivendo com
as pessoas com as quais devemos compartilhar
experiências e adquirir aprendizados. Diz-nos o
Espírito Joanna de Ângelis que a vida é bênção
de Deus e, por isso mesmo, devemos vivê-la com
alegria por gratidão ao Criador. Assim, onde
quer que estejamos e com quem estejamos, façamos
brilhar a nossa luz, para que as nossas boas
obras possam glorificar nosso Pai que está nos
Céus, conforme as palavras de Jesus registradas
no Evangelho de Mateus 5:16.
De suas lembranças na vivência espírita qual é a
mais marcante?
A de nossa visita, em 2015, à Mansão do Caminho,
em Salvador (BA). Essa obra social, fundada
pelos venerandos Divaldo Pereira Franco e Nilson
de Souza Pereira, é uma verdadeira morada de
Jesus aqui na Terra. Por isso mesmo, ali nos
sentimos arrebatados por vibrações de dúlcido
amor, registrando com maior intensidade, em
nosso coração, o nobre ideal de aprender a amar.
Neste momento, com a explosão da "realidade
virtual”, quais são os aspectos que, segundo seu
entendimento, mais prevalecem com a nova
realidade?
Destaco a possibilidade da reunião de almas que
comungam dos mesmos ideais de progresso moral, a
partir de diversos e distantes pontos físicos do
país e até mesmo do globo terrestre, através das
tecnologias de comunicação, com a finalidade de
estudar e refletir, de compartilhar experiências
e de alargar os nossos parentescos espirituais
por meio dessa convivência virtual. Aqui mesmo,
em Nova Andradina, desde março de 2020, quando
as autoridades recomendaram o isolamento social
em face da epidemia que se instalava no Brasil,
adotamos o formato on-line para a continuidade
dos grupos de estudos sobre a Doutrina Espírita
e para a realização de nossas palestras
públicas. Desde então, temos tido a grata
alegria de receber, nesses grupos, pessoas de
diferentes localidades e que se tornam amigas
muito queridas. Além disso, é possível
participarmos, em um mesmo dia, da reunião de
uma Mocidade Espírita no estado de São Paulo
pela manhã e, à tarde, do Evangelho no Lar
realizado por um Centro Espírita no estado do
Paraná, uma experiência que, aliás, já tivemos a
grata oportunidade de vivenciar durante esta
nova realidade.
Em seus estudos e pesquisas, qual foco é o seu
preferido na literatura espírita?
As narrações e comentários sobre o Evangelho de
Jesus, destacando-se as obras dos Espíritos
Amélia Rodrigues, Humberto de Campos e Emmanuel.
Também a Série Psicológica do Espírito Joanna de
Ângelis, a que me tenho dedicado atualmente e
que me tem proporcionado a percepção de mais
amplos horizontes acerca dos princípios da
Doutrina Espírita contidos nas obras básicas de
Kardec e acerca da própria existência, na
condição de Espíritos Imortais que somos, sob a
tutela de nosso Divino Amigo Jesus, de quem
tanto necessitamos.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Gostaria de me referir à questão 963 de O
Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta
se Deus se ocupa pessoalmente de cada um nós,
pois não seríamos muito pequenos e Ele muito
grande para que tenhamos alguma importância a
Seus olhos? E os Espíritos nos dão uma das mais
belas respostas contidas nessa valiosa obra:
Deus se ocupa de todos os seres que criou, por
menor que sejam, porque nada é muito pequeno
diante da grandeza de Sua bondade. Por isso,
enquanto durar a pandemia ou diante de qualquer
ocorrência desagradável ou situação aflitiva,
recorramos ao nosso Pai, pois que o Amor que
Dele emana vê, ouve e acolhe todas as criaturas,
incluindo-se você e eu. Confiemos nEle nas horas
tormentosas e nos rejubilemos com Ele nos
instantes de felicidade!
Suas palavras finais.
Que a presença de Jesus em sua e em minha vida
se converta em bom ânimo e alegria de viver para
nós, hoje e nos abençoados dias vindouros! Muita
paz!
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