Aliança da Ciência e da Religião: será
que um dia isso ocorrerá?
Anos atrás escrevemos sobre o mesmo assunto, que
entendemos continua bastante atual em face do notável
exemplo que os cientistas nos deram em 2020 com a
criação das vacinas que, até que enfim, imunizarão os
habitantes da Terra contra o novo coronavírus.
Não foi um feito de um cientista isoladamente, mas uma
contribuição da Ciência como um todo, porque tanto na
China quanto na Rússia, na Inglaterra como nos Estados
Unidos, utilizando técnicas distintas, os cientistas –
em tempo record – chegaram ao objetivo colimado,
ou seja, produzir o imunizante que contribuirá para pôr
fim à pandemia.
O progresso da Humanidade, como se sabe, constitui um
dos princípios fundamentais do Espiritismo. Todos os
Espíritos, afirmam os imortais, chegarão um dia à
perfeição, informação da mais alta importância que
podemos colher nas questões seguintes d’ O Livro dos
Espíritos, principal obra da Codificação Kardequiana:
116. Haverá Espíritos que se conservem eternamente
nas ordens inferiores?
"Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas
demoradamente, porquanto, como já doutra vez dissemos,
um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos
para sempre. Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom,
tão justo, fosse pior do que vós mesmos?"
117. Depende dos Espíritos o progredirem mais ou
menos rapidamente para a perfeição?
"Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido,
conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão
que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não
se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?"
118. Podem os Espíritos degenerar?
"Não; à medida que avançam, compreendem o que os
distanciava da perfeição. Concluindo uma prova, o
Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a
esquece. Pode permanecer estacionário, mas não
retrograda."
Como a Humanidade é constituída dos Espíritos
encarnados, progredindo estes ela também progride e, da
mesma forma que os Espíritos não podem degenerar, ela
segue sempre para a frente, num curso evolutivo que um
dia determinará a modificação do próprio orbe que
habitam, motivo pelo qual Jesus declarou que os mansos
herdariam a Terra e, quando o final dos tempos chegar, o
Evangelho será ensinado em todos os lugares.
Razões pelas quais Ciência e Religião não se entendem
Foi a ignorância do homem e a sua incompreensão dos
reais valores da vida que fizeram com que a Ciência e a
Religião jamais se entendessem. Com o advento das luzes,
é evidente que ambas – a Ciência e a Religião – um dia
dar-se-ão as mãos, não mais estarão em campos opostos e,
unidas pelo mesmo ideal, determinarão na sociedade
terráquea transformações que não temos capacidade de
prever.
Essa é a tese espírita, exposta magistralmente por Allan
Kardec no texto que se segue, constante do cap. 1, item
8, d’ O Evangelho segundo o Espiritismo:
"A Ciência e a Religião são os dois instrumentos da
inteligência humana. Uma revela as leis do mundo
material e a outra as do mundo moral; mas como ambas têm
o mesmo princípio, que é Deus, não se podem contradizer.
Se uma fosse a negação da outra, necessariamente que uma
estaria fora da razão e a outra com ela, pois Deus não
viria destruir a sua própria obra. A incompatibilidade
que se supôs haver entre essas duas ordens de leis
proveio da falta de observação e do grande exclusivismo
de cada uma das partes. Daí, o conflito que gerou a
incredulidade e a ignorância.
São chegados os tempos em que os ensinos do Cristo devem
ter a sua execução, em que o véu propositadamente
lançado sobre alguns pontos desses ensinos deve ser
erguido, em que a Ciência, deixando de ser
exclusivamente materialista, tem de levar em conta o
elemento espiritual, e em que a Religião, deixando de
ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria,
reconheça que estas duas forças se amparam uma à outra e
seguem harmonicamente, prestando-se mútuo auxílio. A
Religião, já não sendo mais desmentida pela Ciência,
adquirirá então uma força invulnerável, porque estará de
acordo com a razão, e terá a seu favor a irresistível
lógica dos fatos."
O Espiritismo, como sabem todas as pessoas que já se
iniciaram em seu estudo, não se baseia em dogmas. Seus
princípios fundamentais não são obra de concílios ou
fruto de teses acadêmicas. Resultam de fatos que se
inscrevem nas próprias leis de Deus: a existência da
alma, a imortalidade, o progresso constante, a
pluralidade das existências, a multiplicidade dos mundos
habitados, a lei de causa e efeito, as relações entre
encarnados e desencarnados.
É por esses motivos que o Espiritismo talvez seja, no
mundo em que vivemos, a única doutrina que não teme as
investigações científicas nem se furta à discussão de
seus princípios em congressos e simpósios promovidos por
instituições ou indivíduos sérios.
Obra de Francisco Cândido Xavier antecipa a Ciência
Em um estudo publicado nas págs. 27 a 34 da edição
número 136-C da revista Planeta, dedicado à vida
e à obra de Chico Xavier, o confrade Hernani Guimarães
Andrade, de saudosa memória, afirma que inúmeras
informações científicas transmitidas pelos Espíritos por
intermédio de Chico Xavier e consideradas inicialmente
mirabolantes, ridículas ou até ingênuas têm sido em
nossos dias cogitadas e mesmo confirmadas pela Ciência
moderna.
Hernani lembra que, a partir da formulação da Teoria dos
Quanta por Max Planck e da Teoria da Relatividade por
Albert Einstein, a Física sofreu profundas
transformações, cujo resultado inicial "foi a
desentronização do pensamento mecanicista positivista e
a introdução de novas concepções que, em muitos
aspectos, tocam as fronteiras da metafísica".
No citado estudo, Hernani faz diversas correlações entre
ensinamentos colhidos na obra de André Luiz (Espírito) e
textos firmados por cientistas de nossa época, como o
neurocirurgião Karl Pribam, de Stanford, e os físicos
David Bohm, Fritjof Capra e Jean E. Charon, os quais
revelam que em muitos e variados pontos a obra
psicografada por Chico Xavier tem-se antecipado à
Ciência.
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Duas das informações apontadas por Hernani
Guimarães Andrade
(foto)
merecem lembradas: |
1) No cap. III do livro Evolução em Dois Mundos,
no subcapítulo "Primórdios da Vida", André Luiz diz ao
pé da página que na esfera espiritual o elétron (ou
eletrão, como ele prefere grafar) "é também partícula
atômica dissociável".
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Como o livro é de 1958, é difícil imaginar
que o médium tivesse conhecimento dos
trabalhos de Física teórica desenvolvidos
por Gell- |
Mann, que obteve 11 anos depois, portanto em 1969, o
Prêmio Nobel por seus trabalhos em que se refere aos
quarks, componentes das partículas subatômicas. |