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por Wellington Balbo

 

O bom hábito da comunicação não violenta


A Revista Espírita, publicação mensal que Kardec dirigiu por longos anos, traz farto material para aqueles que querem conhecer o contexto da época da Codificação, um pouco da personalidade de Kardec e até sua aparência física.

Para a linguagem daqueles que gostam de futebol, aliás, vejo o futebol como um recurso didático dos mais ricos, pois permite analogias simples e compreensíveis a todos, a Revista Espírita funciona assim.

Você mira no gol, chuta a bola, mas acerta a trave e o gol também; sabe aquilo que a gente chama de golaço? Pois é...

Ou seja, ao lê-la, fique bem atento nas entrelinhas porque você pode marcar um golaço, tipo daqueles feitos aos 45 do segundo tempo.

Tem um texto que Kardec chamou de "Os dois espiões" e está publicado em junho de 1865 na Revista Espírita.

No citado texto, Kardec fala de dois rapazes que ele, Kardec, permitiu participarem de uma reunião da Sociedade Espírita de Paris.

Os rapazes, então, com nomes falsos, isso, claro, foi descoberto depois, após participarem da reunião, inventaram um monte de mentiras sobre o Espiritismo.

Bom, a história, aliás, a mal contada história dos dois foi publicada num jornal russo.

Kardec, ao saber da publicação, rebateu-os na Revista Espírita.

O mais legal é ver Kardec desmontar toda a mentira dos russos, apontando suas falácias, seus erros de lógica e desconstruir o que hoje se chama de narrativa, porém, tudo dentro do campo dos argumentos e provas materiais.

Quando nós lemos uma rebatida tão elegante de Kardec lá no séc. 19 e, depois, acessamos as redes sociais cá no 21, percebemos o quanto Kardec tem a nos ensinar sobre a educação e uma comunicação não violenta.

Não a educação dos livros, como ele diz, mas aquela educação que consiste na arte de criar bons hábitos.

Eis que vale uma reflexão do nosso comportamento em face daqueles que discordam de nós, ou, ainda, os que nos atacam.

Como estamos trabalhando essas questões?

Conseguimos lidar numa boa, respondemos de forma educada e com bons argumentos? Ou atiramos para todos os lados, sem argumentos e com muitos adjetivos?

Gosto muito da teoria da comunicação não violenta, que visa à construção de pontes entre nós e as pessoas que nos relacionamos, seja na esfera familiar, pessoal, profissional ou religiosa. A comunicação não violenta dá um destaque bem importante para o aspecto de ouvir nosso interlocutor no sentido de realmente escutá-lo, e, assim, poder compreendê-lo melhor. Isto cria laço, estabelece vínculo e mesmo que não sejamos Espíritos afins, de ideias parecidas, ao menos seremos educados uns com os outros, como o foi Kardec no caso dos “espiões”.

É preciso, neste processo de intensa comunicação com o outro, que entendamos o que está por trás daquelas palavras que ele diz, posto que sempre há uma intenção nem sempre bem explícita no que as pessoas verbalizam.

Se buscarmos desenvolver em nós esta capacidade de comunicação não violenta, certamente teremos dado um largo passo para criarmos o bom hábito da educação, conforme ensinou Allan Kardec.

Pensemos nisto.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita