No serviço do Senhor
Não basta, meus amigos, converter o Espiritismo num
aparelhamento complexo de afirmações doutrinárias para
realizarmos a tarefa conferida às nossas mãos nos tempos
que ocorrem.
Não basta enfileirar princípios e amontoar teses
complicadas no campo da ciência, da filosofia, da
religião.
É indispensável viver a Espiritualidade Maior, portas
adentro da luta a que fomos chamados.
Não nos encontramos, desencarnados e encarnados, a
serviço de programas verbalísticos, de plataformas e
promessas sem expressão substancial.
Lamentável seria se fôssemos convocados à mera criação
de processos dogmáticos, organizando novos movimentos de
separatividade.
O Espiritismo que no reúne os corações e as energias é
iniciativa libertadora de consciências.
Nosso lema, ainda e sempre, é aquele novo mandamento do
“amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
A escola doutrinária está repleta de instrutores e
servos, de mordomos e trabalhadores incontáveis,
entretanto Jesus é, acima de tudo, o nosso Mestre
Divino.
Não temos, desse modo, outra fonte de lições, outro
manancial de princípios fundamentais.
Compete-nos, tão somente, aliar sentimentos e
raciocínios, movimentando as nossas mãos a serviço do
Supremo Bem.
Descuidados e felizes no refúgio de vossas
possibilidades individuais, limitados à esfera imediata
onde situais vossas esperanças do momento, mal percebeis
a onda renovadora que vos ameaça, tempestuosa e
violenta.
O materialismo dissolve os mais sublimes sacrifícios que
a Espiritualidade levantou na crosta do mundo.
Subterrânea guerra de ideologias eleva-se em todos os
setores da evolução social e doméstica.
Atritos gigantescos, no domínio do pensamento, trazem
perspectivas de soçobro, de angústia e crise.
De mãos sangrando ainda, da luta em que perdeu
patrimônios sublimes da civilização, a humanidade não
ensarilhou as armas do ódio, da vingança, do despotismo.
Nossas palavras permanecem aquém dos mínimos conceitos
da realidade moderna.
Entretanto, é neste minuto atormentado que somos
trazidos à arena dos princípios, para consagrar-nos à
reconstrução do templo sagrado do Espírito.
Não vos iludais. Trabalho enorme aguarda-nos as mãos na
sementeira de amor cristão, da fé viva e da concórdia.
Não fomos convocados em vão ao movimento libertador.
E, enquanto o intelectualismo da Terra faz o serviço de
inteligência dos partidos e da política simplesmente
humano, levaremos a efeito o serviço do amor de Jesus,
convictos, porém, de que semelhante tarefa exige
esforço, sacrifício e renunciação.
Para a execução dessa tarefa salvadora unamo-nos em
torno da paz espiritual que semeia com o Cristo para a
eternidade. Certamente seremos defrontados por pedra e
lama, espinhos e trevas.
A incompreensão sempre se mantém a postos para destruir
os realizadores da Verdade Suprema e do Infinito Bem.
Todavia, irmanados, no templo da Revelação Nova, onde o
nosso cântico de adoração é o hino do trabalho
incessante, constituiremos com o Mestre Divino aquele
“Sal da Terra”, destinado a condimentar a alegria de
viver.
Não nos descuidemos no setor de luta onde fomos
colocados pelos Supremos Desígnios e, firmes no ideal de
servir em nome do Senhor, esperemos em sua misericórdia,
cooperando no bem e ensinando a verdade, acendendo a luz
da esperança e destruindo as sombras do mal,
enriquecendo o Céu do novo entendimento e esvaziando o
inferno da ignorância, confiantes na Bondade do Supremo
Senhor, para cuja Sabedoria Infinita até os cabelos de
nossa cabeça estão contados.
Do livro Doutrina e Aplicação, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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