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por José Lucas

 

Pandemia - Vale a pena viver (3)


A solidão!

Já abordamos “o medo” e “a ilusão da morte”, ambos no âmbito da presente pandemia mundial da COVID19.

Desde Março de 2020 temos passado por vários confinamentos, contra os quais as pessoas se insurgem. Parafraseando o cientista, espírita, brasileiro, Eng.º Hernani Guimarães Andrade, “as opiniões são como os narizes, mas ninguém tem o direito de esmurrar o nariz do próximo, só por ser diferente”. Numa Sociedade organizada, o bem comum deve prevalecer sobre a opinião particular, bem como sobre os interesses pessoais. Quem decide, por vezes, toma decisões difíceis, tendo em conta múltiplos pontos de vista e nem sempre acerta.

Se em tempo de guerra não se limpam armas, como diz o povo, em tempo de pandemia devemos, em honestidade, fazer um esfoço conjunto para que mais depressa tudo se resolva, pesem embora as falhas estruturais do Estado, as falhas de cada um de nós, pois estamos a aprender a viver em Sociedade, reencarnação após reencarnação.

Certamente muitas pessoas passam grandes dificuldades, a vários níveis, habitacional, profissional, psicológico, alimentar etc., mas, mesmo precários e com falhas, possuímos meios de entreajuda e de ajuda do Estado que minimizam as situações.

Se olharmos para o planeta Terra, temos 80 milhões de refugiados, de deslocados, de pessoas que fugiram dos seus países devido a guerras e outros fenômenos conjunturais.

80 milhões, são 8 vezes a população de Portugal. Gente que vive em tendas, em “campos de concentração”, outros nem tendas têm, sob um imenso calor ou temperaturas gélidas. Afinal, o nosso confinamento é um Hotel de 5 estrelas, onde, comparativamente, não nos falta quase nada. 

No entanto, há um fenômeno preocupante, que nos envolve a quase todos: a solidão!

Desabituados a preencher os espaços íntimos com leitura, meditação, repensar a vida, sermos solidários, ocuparmo-nos gratuitamente com quem está pior do que nós, apenas pelo prazer de sermos úteis, as pessoas cansam-se de estar em casa.

Mantenhamos a chama da esperança dentro de nós,

para que assim ela ilumine o caminho, por vezes escurecido

pelas dificuldades do quotidiano, que também passarão…

Temos a solidão física de quem vive sozinho, mas existe também a solidão psicológica, de quem se sente nesse estado interior, mesmo que rodeado de gente.

A Doutrina Espírita (Espiritismo), que não é mais uma religião ou seita, mas uma filosofia de vida, apresenta ao Homem uma proposta humanista, solidária, fraterna, tendo como lema “Fora da caridade não há salvação”, isto é, somente fazendo ao próximo, desinteressadamente, aquilo que desejamos para nós, evoluímos espiritualmente e sentimo-nos mais felizes e realizados.

Numa época em que quase todas as pessoas têm telefone, faça uma lista de pessoas que conhece, que possam eventualmente se sentirem sozinhas, e envie uma SMS, faça um telefonema, crie uma periodicidade.

Se a moda pega, acabamos por fazer um uso útil e frutífero do telefone, em prol da Sociedade. Se devemos, por solidariedade, nas nossas preces, lembrar os que já estão no mundo espiritual, enviando-lhes pensamentos de ânimo e alegria, também temos a obrigação moral para com os que na Terra vivem em solidão, fazendo, dentro do possível, a nossa parte.

Em 2018, o Primeiro-Ministro britânico, Theresa May, criou o Ministério da Solidão, tendo em conta que no Reino Unido existem cerca de 9 milhões de pessoas que sofrem desta pandemia mundial, silenciosa, que mata mais que a maioria das doenças graves.

A chave do problema está na caridade, na fraternidade, no amor e no cuidado ao próximo, fazendo aos outros o que desejamos para nós, conforme ensinou Jesus de Nazaré.

Há múltiplas maneiras de quebrar a solidão, linhas de apoio social, telefonar a um amigo, falar com um vizinho, telefonar a alguém.

Se mesmo assim não tiver ideias, contacte com o Centro de Cultura Espírita de Caldas da Rainha (www.cceespirita.wordpress.com), teremos todo o gosto em dar dois dedos de conversa, tentando sermos úteis.

Tudo passa na vida e, na certeza de que sempre estamos amparados pelos bons Espíritos que se interessam pelo nosso êxito, mantenhamos a chama da esperança dentro de nós, para que assim ela ilumine o caminho, por vezes escurecido pelas dificuldades do quotidiano que, também, passarão… (Continua)


Bibliografia
:

Kardec, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo

Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita