Pandemia - Vale a pena viver (3)
A solidão!
Já abordamos “o medo” e “a ilusão da morte”, ambos no
âmbito da presente pandemia mundial da COVID19.
Desde Março de 2020 temos passado por vários
confinamentos, contra os quais as pessoas se insurgem.
Parafraseando o cientista, espírita, brasileiro, Eng.º
Hernani Guimarães Andrade, “as opiniões são como os
narizes, mas ninguém tem o direito de esmurrar o nariz
do próximo, só por ser diferente”. Numa Sociedade
organizada, o bem comum deve prevalecer sobre a opinião
particular, bem como sobre os interesses pessoais. Quem
decide, por vezes, toma decisões difíceis, tendo em
conta múltiplos pontos de vista e nem sempre acerta.
Se em tempo de guerra não se limpam armas, como diz o
povo, em tempo de pandemia devemos, em honestidade,
fazer um esfoço conjunto para que mais depressa tudo se
resolva, pesem embora as falhas estruturais do Estado,
as falhas de cada um de nós, pois estamos a aprender a
viver em Sociedade, reencarnação após reencarnação.
Certamente muitas pessoas passam grandes dificuldades, a
vários níveis, habitacional, profissional, psicológico,
alimentar etc., mas, mesmo precários e com falhas,
possuímos meios de entreajuda e de ajuda do Estado que
minimizam as situações.
Se olharmos para o planeta Terra, temos 80 milhões de
refugiados, de deslocados, de pessoas que fugiram dos
seus países devido a guerras e outros fenômenos
conjunturais.
80 milhões, são 8 vezes a população de Portugal. Gente
que vive em tendas, em “campos de concentração”, outros
nem tendas têm, sob um imenso calor ou temperaturas
gélidas. Afinal, o nosso confinamento é um Hotel de 5
estrelas, onde, comparativamente, não nos falta quase
nada.
No entanto, há um fenômeno preocupante, que nos envolve
a quase todos: a solidão!
Desabituados a preencher os espaços íntimos com leitura,
meditação, repensar a vida, sermos solidários,
ocuparmo-nos gratuitamente com quem está pior do que
nós, apenas pelo prazer de sermos úteis, as pessoas
cansam-se de estar em casa.
Mantenhamos a chama da esperança dentro de nós,
para que assim ela ilumine o caminho, por vezes
escurecido
pelas dificuldades do quotidiano, que também passarão…
Temos a solidão física de quem vive sozinho, mas existe
também a solidão psicológica, de quem se sente nesse
estado interior, mesmo que rodeado de gente.
A Doutrina Espírita (Espiritismo), que não é mais uma
religião ou seita, mas uma filosofia de vida, apresenta
ao Homem uma proposta humanista, solidária, fraterna,
tendo como lema “Fora da caridade não há salvação”,
isto é, somente fazendo ao próximo, desinteressadamente,
aquilo que desejamos para nós, evoluímos espiritualmente
e sentimo-nos mais felizes e realizados.
Numa época em que quase todas as pessoas têm telefone,
faça uma lista de pessoas que conhece, que possam
eventualmente se sentirem sozinhas, e envie uma SMS,
faça um telefonema, crie uma periodicidade.
Se a moda pega, acabamos por fazer um uso útil e
frutífero do telefone, em prol da Sociedade. Se devemos,
por solidariedade, nas nossas preces, lembrar os que já
estão no mundo espiritual, enviando-lhes pensamentos de
ânimo e alegria, também temos a obrigação moral para com
os que na Terra vivem em solidão, fazendo, dentro do
possível, a nossa parte.
Em 2018, o Primeiro-Ministro britânico, Theresa
May, criou o Ministério da Solidão,
tendo em conta que no Reino Unido existem cerca de 9
milhões de pessoas que sofrem desta pandemia mundial,
silenciosa, que mata mais que a maioria das doenças
graves.
A chave do problema está na caridade, na fraternidade,
no amor e no cuidado ao próximo, fazendo aos outros o
que desejamos para nós, conforme ensinou Jesus de
Nazaré.
Há múltiplas maneiras de quebrar a solidão, linhas de
apoio social, telefonar a um amigo, falar com um
vizinho, telefonar a alguém.
Se mesmo assim não tiver ideias, contacte com o Centro
de Cultura Espírita de Caldas da Rainha
(www.cceespirita.wordpress.com), teremos todo o gosto em
dar dois dedos de conversa, tentando sermos úteis.
Tudo passa na vida e, na certeza de que sempre estamos
amparados pelos bons Espíritos que se interessam pelo
nosso êxito, mantenhamos a chama da esperança dentro de
nós, para que assim ela ilumine o caminho, por vezes
escurecido pelas dificuldades do quotidiano que, também,
passarão… (Continua)
Bibliografia:
Kardec, Allan - O
Evangelho segundo o Espiritismo
Kardec, Allan - O
Livro dos Espíritos
|