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por Gebaldo José de Sousa

 

De coração para coração


(Para o Saulo, com imenso afeto.)


“A boca fala do que está cheio o coração.”
Jesus (Mt, 12:34.)


Há duas semanas não nos víamos. Viajara com os pais no fim de semana anterior. No retorno, ao voltar ao encontro da vovó e do vovô, encontrou-me ao computador e abraçou-me demorada e ternamente, ao tempo em que me dizia:

– Vovô, que saudade! E como te amo!

Respondi-lhe, carinhosamente:

– O vovô também o ama, e muito, muito mais do que você imagina e compreende!

Voltei ao micro, encerrando atividades para receber seus pais, seu irmão, Estêvão; a própria filha, o genro e o João Eduardo – o terceiro neto, à época também chamado Duda ou Dudu. E ele, o pequeno Saulo, prestes a completar cinco anos no próximo réveillon, tomou de uma caneta e folha de papel em branco e, assentado no assoalho de madeira, pôs-se a desenhar, concentradamente.

Cobriu a folha de múltiplos desenhos. Ao completar a tarefa que tanto o absorveu, voltou-se para mim, indicando um deles, afirmou:

– Vovô, esse aqui, no meu coração, é você.

Olhei e vi uma figura aureolada por um círculo que buscava imitar a forma de um coração.

Abracei-o, comovido, retribuindo-lhe o carinho, dizendo-lhe que também ele estava em meu coração, e recitei a trova abaixo, escrita por um autor anônimo:

 “Meu coração pequenino

 Foi morar dentro do seu.

 Quando seu coração bate,

 Dentro dele, bate o meu”.   

Maliciosamente, pedi-lhe que fosse mostrar o desenho à vovó, explicando a ela o que significava. Não lhe dei qualquer orientação, para ver como ia se sair, diante do fato de que só desenhara um bonequinho dentro do quadro enternecedor.

Chegou-se para ela e saiu-se maravilhosamente, ao dizer-lhe:

– Vovó, esse é o meu coração! Você e o vovô estão dentro dele.

A vovó, muito esperta, ao ver apenas uma figura, retrucou-lhe:

– Eu vejo aí só o vovô!

– Não, vovó! Você também mora no meu coração!

Refletindo, concluí que ele desenhara apenas um boneco, porque apenas eu estava a seu lado, no momento.

Digo-lhe, Saulo, neste breve registro, quão felizes ficamos, nós, seus avós, e toda a família, ao sentir que você é um menino bom, amoroso, desde a infância, possuidor de inteligência emocional, pois que é hábil no relacionar-se com todas as pessoas, amando-as e respeitando-as.

Confesso-lhe que tenho aprendido muito com você, porque me falta esse precioso talento da inteligência emocional, cujo desenvolvimento não é fácil!

Em A arte de Amar1 diz-nos o autor que:

“Amor é preocupação ativa pela vida e crescimento daquilo que amamos”.

E diz ainda:

“O amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana”.

Ao crescer, leia esse livro.

Cultive bondade onde for, para com tudo e todos; exercite sempre o verbo amar e será um homem feliz, além de levar a outros essa conquista, que já é sua: a de amar. Esse é o mais precioso caminho para obter a felicidade possível neste mundo. Procure, pois, sempre conjugar o verbo amar.

 

Referência:

1. FROMM, Erich. A Arte de Amar. Belo Horizonte, Editora Itatiaia, sem data.
  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita