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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

Como nutrimos o nosso “eu” interior?


As criaturas humanas são alimentadas não apenas pelos víveres indispensáveis à preservação dos seus corpos físicos. Esse tipo de nutrição sempre existiu, e assim certamente continuará por um bom tempo, até que as pessoas alcancem outros patamares de evolução espiritual, que lhes possibilitem dispensar de tal via. No entanto, os tempos hodiernos proporcionam também outros tipos de nutrição mais sutis, que alimentam, mais especificamente, a alma humana.

Com o espetacular advento do avanço tecnológico obtido no presente século, novas e inusitadas formas de distração e influência (alimentos, metaforicamente falando) também têm penetrado a psiquê humana induzindo-lhe sobretudo ideias malsãs. Explicando melhor, uma miríade de produtos e serviços, criativamente engendrados pelas trevas, conseguem acorrentar as criaturas às mais doentias distrações e passatempos. Não é sem razão que muitos ficam diuturnamente magnetizados por horas a fio, por exemplo, por jogos eletrônicos ou sites que exploram conteúdos inadequados à saúde espiritual dos indivíduos.

Assim sendo, apesar de desfrutar de inúmeras possibilidades construtivas, que lhe poderiam saciar o eu interior com a “ingestão” de conteúdos sadios, as pessoas ainda preferem as opções desastrosas. Tornam-se, assim, escravos de hábitos perniciosos ou aviltantes, que lhes trazem enorme prejuízo ao Espírito, já que lhe sugam tempo precioso. Tais criações abundam em nosso planeta, particularmente num momento delicado para o elemento humano que aqui reside. Obviamente, elas aí estão para despertar o que há de pior em matéria de valores na alma das criaturas.  

Contudo, a inapropriada nutrição dos Espíritos ora encarnados também se dá por outras vias tão ou mais infelizes. É o caso daqueles que empregam a sua inteligência à elaboração de golpes soezes, especialmente através de dispositivos eletrônicos como e-mails ou mensagens transmitidas pelo WhatsApp, sem mencionar sites fantasmas que abusam da boa-fé humana. Esses implacáveis golpistas se alimentam da desgraça dos semelhantes, não lhes importando se surrupiam economias duramente poupadas pelas suas vítimas. Há, ainda, os que se utilizam de uma conversa altamente eloquente, passível de, por assim dizer, “hipnotizar” as suas vítimas, que não se apercebem das teias da maldade que as envolvem.

Os mais violentos, no entanto, se alimentam de planos sinistros contra os seus oponentes e desafetos ou para roubar o patrimônio público e privado. Na execução de suas ações macabras, não se incomodam em tirar, sem a menor necessidade ou pelo simples prazer, a vida de outros. No mesmo diapasão, vemos hoje as milícias constituídas de indivíduos perversos ocupando importantes áreas das cidades brasileiras. No seu mister famigerado elaboram toda a sorte de negócios escusos dos quais vivem para explorar e sugar os mais desassistidos pelo poder público.

Os que vendem armas e drogas, por fim, obsidiam (em vida) outros tão infelizes quanto eles próprios. Pode-se dizer que se nutrem literalmente da desgraça alheia. Assim, enfim, caminha uma parte considerável da humanidade, aparentemente anêmica de bons pensamentos e ideais nobres.

Todavia, há um alimento altamente sadio ao Espírito humano de há muito disponibilizado pelo Criador em nosso favor. Refiro-me aos ensinamentos de Jesus, que nos dão com notável clareza o caminho a seguir para uma vida plena e realizadora. Sendo assim, o Mestre nos trouxe o alimento mais puro que poderíamos consumir, ou seja, o seu evangelho de luzes e diretrizes cordatas para que o Espírito humano brilhe com absoluta intensidade um dia. Sua mensagem maviosa, mas ao mesmo tempo firme e objetiva, sacia a fome das almas desejosas por alcançar o lídimo desejo de felicidade. Suas propostas transformadoras nos conclamam ao autoconhecimento e à automelhoria, mecanismos vitais ao nosso reencontro com Deus.

Por tudo isso, o ser humano não está deserdado em suas necessidades mais prementes. Falta-lhe, sim, absorver com denodo o alimento proporcionado por aquele que se intitulou como “o pão vivo que desceu do céu” (João, 6: 51). Essencialmente, Jesus trouxe o maná celestial para os nossos Espíritos ainda claudicantes nas resoluções voltadas ao bem. Sendo assim, tenhamos a sabedoria de, nessa época insana na qual impera o mal e a negligência por toda parte, de nos “alimentar” com valores e virtudes que nos trarão paz e serenidade. Jesus legou um banquete de luz aos nossos Espíritos ainda propensos às viciações e desvios. Saibamos, então, consumi-lo com a vontade sincera dos nossos corações.    


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita