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por Fernando Rosemberg Patrocinio

 

Complexidade da memória humana


As definições de Memória, para a Filosofia mundana, e, pois, para a Ciência, são as mais variadas e, concordamos, bem razoáveis.

Em princípio, dir-se-ia que Memória é sinônimo de Identidade do Sujeito, a prova viva do Eu, do Ser que transcorrera o passado, se estabelece no presente e, por sua vez, tem vistas voltadas para o futuro.

Retendo tudo quanto já se fora, ou seja, do pretérito, a Memória, neste sentido, enquadrar-se-ia como uma espécie de evocação do passado, pois que nela está registrado tudo quanto “já era” e que, de fato, não mais retornará, a não ser como algo vivido e experimentado.

Neste aspecto, pois, dir-se-ia que a Memória é a garantia da Identidade pessoal do Eu, pois reúne tudo quanto realizamos, marcando, de modo indelével, a integridade do Ser, suas mudanças no tempo-evolutivo que, afinal, fora, e É, o tempo de nós mesmos ao bojo da sociedade terrena.

Assim, pois, dir-se-ia que a Memória é não só a presentificação do passado, bem como o registro atual de tudo quanto vivido e experimentado, o qual, passando, também permanece como lembrança em nosso futuro que, amanhã, será presente ao nosso Eu, nossa presencialidade no Mundo.

Por outro lado, e agora evocamos ideias espiritistas, a Memória é mais que fato puramente biológico, de células cerebrais que registram e gravam absolutamente tudo: percepções e ideias, gestos e palavras, momentos felizes ou infelizes.

Memória, portanto, é muito mais que mero registro cerebral, pois, como é que se explicaria o fenômeno do ‘Lembrar-se’, ou seja, do ‘Selecionar-se’ e ‘Escolher-se’ o que se quer ‘Lembrar’, quando tal fato encerra e detém, mais ainda, percepções e aspectos cognitivos, sentimentais, afetivos e morais, tais como remorso, arrependimento, saudade e etc. etc., que o cérebro, como máquina biológica e, por si só: insensível como o é, não lembraria e, pois, não sentiria o que demonstra, e prova, por aí, verificar-se na Memória, mais que tão somente cérebro, mas também, e sobretudo, coisas do Eu, ou seja, do que se pode denominar como Alma, ou, ainda, como Ser, ou, se o quisermos, ainda, como Espírito que há em mim, em você, em todos nós.

E o fato é que o cérebro não produz o Eu!

Pelo contrário, o Eu não só pode, como o é, o construtor do cérebro como o informara relevantes sábios tais como: Sócrates, Platão, Jesus, Descartes, Kardec, Chico e os Espíritos superiores de todos os tempos da Humanidade.

Ora, notemos que, na ontogênese, dos gametas ao nascituro, e deste ao Homem adulto, tudo se iniciara com tais gametas que, aliás, foram cedidos pelos pais e constituídos, basicamente, de água, de proteínas diversas que, em si, não produziria e, com tanta maestria, o referido Homem em sua integralidade física, orgânica e cerebral, dotando-o, mais ainda, de uma Consciência, de um Eu antípoda da matéria, pois que lhe transcende em espiritualidade, abstração, inteligência e moralidade.

Com efeito, nem tudo o que se passa no mundo cerebral é coisa dele como entidade fisiológica e material; não sendo coisa do cérebro, pois: o Abstrato, o Cogitar e o Consciencial de nós mesmos, bem como deste mundo de coisas de nossa Emotividade, de seus aspectos Axiológicos, Afetivos e Morais; tais, por si sós, já constituem provas inequívocas de alguma espiritualidade no Homem, dotada que está de Conceitos Éticos, de Vetores Psicológicos e Parapsicológicos que provam sua capacidade de transcender o espaço, de superar o tempo, provando-se, assim, sua grandeza de tipo não-físico, e, por conseguinte, Imortal, sobrepujando a tudo e resistindo aos despojos da morte corporal.

De retorno à Memória, pois, até se admite possa haver zonas cerebrais que, de certa forma são, por assim dizer, responsáveis por tal; mas isto não explica tudo, pois que há, no Eu, coisas dotadas de um sentido e de um significado tão especial para nós, que um simples mecanismo cerebral não pode explicar.

Por outro lado, há a considerar-se, ainda, a Regressão de Memória, quando, e, onde, o Eu rememora o passado vivido e experimentado em outras vidas, o que nos faz resgatar o Mestre Nazareno quando sentenciara: “Não verás o Reino dos Céus se não nascer de novo”. (Jesus)

Assim, pois, poderíamos resumir o presente texto com alguns tipos mais específicos de Memória segundo filósofos antigos e mais modernos, incluindo-se, aí, pois, dados espiríticos ou paranormais:

- Memória Perceptiva ou de Reconhecimento: que nos faz conhecer e reconhecer coisas, pessoas, lugares etc.; o que é fundamental e importantíssimo em nosso cotidiano;

- Habitual: é um tipo de Memória adquirida por atenção deliberada, ou seja: pela repetição de um determinado estudo, ou, de gestos e de palavras até registrá-los em nós mesmos e, com isso, se poder externá-los sem que precisemos nos lembrar dos mesmos, pois que se tornaram hábitos;

- Temporal: de registro das coisas pretéritas ou de tudo quanto realizamos durante nossa permanência no Mundo terreno; e, por fim:

Segundo psicólogos e parapsicólogos mais modernos, no que o Espiritismo está de pleno acordo:

- Memória Remota ou Atávica: que volta a reaparecer na presente reencarnação em crianças de tenra idade que se recordam da existência ou das existências anteriores: de fatos comprováveis de vidas passadas; sendo que, no homem adulto, também pode reaparecer na vida presente por Regressão de Memória.

Em suma, e finalizando, o Espiritismo corre paralelo não só com a Filosofia, mas também com a Ciência e com a Religião, porém, não dogmática, e sim, como Religião Pura, em Espírito e Verdade.

E longe de desmenti-las, ele lhes reforça em amplo aspecto, pois que, como moderna revelação, diga-se, além do mais, que o Espiritismo não nos dispensa do estudo, da pesquisa e de sua racionalização ao ponto em que aquelas alcançaram, seguindo avante sempre ou nos Séculos vindouros deste novo Milênio que se inicia.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita