Complexidade da memória humana
As definições de Memória, para a Filosofia mundana, e,
pois, para a Ciência, são as mais variadas e,
concordamos, bem razoáveis.
Em princípio, dir-se-ia que Memória é sinônimo de
Identidade do Sujeito, a prova viva do Eu, do Ser que
transcorrera o passado, se estabelece no presente e, por
sua vez, tem vistas voltadas para o futuro.
Retendo tudo quanto já se fora, ou seja, do pretérito, a
Memória, neste sentido, enquadrar-se-ia como uma espécie
de evocação do passado, pois que nela está registrado
tudo quanto “já era” e que, de fato, não mais retornará,
a não ser como algo vivido e experimentado.
Neste aspecto, pois, dir-se-ia que a Memória é a
garantia da Identidade pessoal do Eu, pois reúne tudo
quanto realizamos, marcando, de modo indelével, a
integridade do Ser, suas mudanças no tempo-evolutivo
que, afinal, fora, e É, o tempo de nós mesmos ao bojo da
sociedade terrena.
Assim, pois, dir-se-ia que a Memória é não só a
presentificação do passado, bem como o registro atual de
tudo quanto vivido e experimentado, o qual, passando,
também permanece como lembrança em nosso futuro que,
amanhã, será presente ao nosso Eu, nossa presencialidade
no Mundo.
Por outro lado, e agora evocamos ideias espiritistas, a
Memória é mais que fato puramente biológico, de células
cerebrais que registram e gravam absolutamente tudo:
percepções e ideias, gestos e palavras, momentos felizes
ou infelizes.
Memória, portanto, é muito mais que mero registro
cerebral, pois, como é que se explicaria o fenômeno do
‘Lembrar-se’, ou seja, do ‘Selecionar-se’ e
‘Escolher-se’ o que se quer ‘Lembrar’, quando tal fato
encerra e detém, mais ainda, percepções e aspectos
cognitivos, sentimentais, afetivos e morais, tais como
remorso, arrependimento, saudade e etc. etc., que o
cérebro, como máquina biológica e, por si só: insensível
como o é, não lembraria e, pois, não sentiria o que
demonstra, e prova, por aí, verificar-se na Memória,
mais que tão somente cérebro, mas também, e sobretudo,
coisas do Eu, ou seja, do que se pode denominar como
Alma, ou, ainda, como Ser, ou, se o quisermos, ainda,
como Espírito que há em mim, em você, em todos nós.
E o fato é que o cérebro não produz o Eu!
Pelo contrário, o Eu não só pode, como o é, o construtor
do cérebro como o informara relevantes sábios tais como:
Sócrates, Platão, Jesus, Descartes, Kardec, Chico e os
Espíritos superiores de todos os tempos da Humanidade.
Ora, notemos que, na ontogênese, dos gametas ao
nascituro, e deste ao Homem adulto, tudo se iniciara com
tais gametas que, aliás, foram cedidos pelos pais e
constituídos, basicamente, de água, de proteínas
diversas que, em si, não produziria e, com tanta
maestria, o referido Homem em sua integralidade física,
orgânica e cerebral, dotando-o, mais ainda, de uma
Consciência, de um Eu antípoda da matéria, pois que lhe
transcende em espiritualidade, abstração, inteligência e
moralidade.
Com efeito, nem tudo o que se passa no mundo cerebral é
coisa dele como entidade fisiológica e material; não
sendo coisa do cérebro, pois: o Abstrato, o Cogitar e o
Consciencial de nós mesmos, bem como deste mundo de
coisas de nossa Emotividade, de seus aspectos
Axiológicos, Afetivos e Morais; tais, por si sós, já
constituem provas inequívocas de alguma espiritualidade
no Homem, dotada que está de Conceitos Éticos, de
Vetores Psicológicos e Parapsicológicos que provam sua
capacidade de transcender o espaço, de superar o tempo,
provando-se, assim, sua grandeza de tipo não-físico, e,
por conseguinte, Imortal, sobrepujando a tudo e
resistindo aos despojos da morte corporal.
De retorno à Memória, pois, até se admite possa haver
zonas cerebrais que, de certa forma são, por assim
dizer, responsáveis por tal; mas isto não explica tudo,
pois que há, no Eu, coisas dotadas de um sentido e de um
significado tão especial para nós, que um simples
mecanismo cerebral não pode explicar.
Por outro lado, há a considerar-se, ainda, a Regressão
de Memória, quando, e, onde, o Eu rememora o passado
vivido e experimentado em outras vidas, o que nos faz
resgatar o Mestre Nazareno quando sentenciara: “Não
verás o Reino dos Céus se não nascer de novo”. (Jesus)
Assim, pois, poderíamos resumir o presente texto com
alguns tipos mais específicos de Memória segundo
filósofos antigos e mais modernos, incluindo-se, aí,
pois, dados espiríticos ou paranormais:
- Memória Perceptiva ou de Reconhecimento: que nos faz
conhecer e reconhecer coisas, pessoas, lugares etc.; o
que é fundamental e importantíssimo em nosso cotidiano;
- Habitual: é um tipo de Memória adquirida por atenção
deliberada, ou seja: pela repetição de um determinado
estudo, ou, de gestos e de palavras até registrá-los em
nós mesmos e, com isso, se poder externá-los sem que
precisemos nos lembrar dos mesmos, pois que se tornaram
hábitos;
- Temporal: de registro das coisas pretéritas ou de tudo
quanto realizamos durante nossa permanência no Mundo
terreno; e, por fim:
Segundo psicólogos e parapsicólogos mais modernos, no
que o Espiritismo está de pleno acordo:
- Memória Remota ou Atávica: que volta a reaparecer na
presente reencarnação em crianças de tenra idade que se
recordam da existência ou das existências anteriores: de
fatos comprováveis de vidas passadas; sendo que, no
homem adulto, também pode reaparecer na vida presente
por Regressão de Memória.
Em suma, e finalizando, o Espiritismo corre paralelo não
só com a Filosofia, mas também com a Ciência e com a
Religião, porém, não dogmática, e sim, como Religião
Pura, em Espírito e Verdade.
E longe de desmenti-las, ele lhes reforça em amplo
aspecto, pois que, como moderna revelação, diga-se, além
do mais, que o Espiritismo não nos dispensa do estudo,
da pesquisa e de sua racionalização ao ponto em que
aquelas alcançaram, seguindo avante sempre ou nos
Séculos vindouros deste novo Milênio que se inicia.
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