Brasil
por Thiago Bernardes

Ano 15 - N° 718 - 25 de Abril de 2021

Há 37 anos desencarnava o jornalista e escritor Deolindo Amorim
 

Em 24 de abril de 1984, aos 76 anos de vida terrena, desencarnou Deolindo Amorim, fechando um ciclo fecundo de pensadores espíritas,
entre os quais ele ocupa um lugar de destaque.

Deolindo Amorim nasceu na cidade de Baixa Grande, Estado da Bahia, no dia 23 de janeiro de 1908, embora em seus documentos conste 1906. Seus pais foram Deolindo Antonio de Amorim e Maria Flora de Amorim. Casado com Delta dos Santos Amorim, o casal teve dois filhos.

De família católica, ele converteu-se na adolescência ao protestantismo, passando a frequentar a Igreja Presbiteriana da Bahia, pela qual participou da campanha que os protestantes realizaram na Bahia em defesa da liberdade religiosa. Chegou a ser selecionado para estudar em um seminário para tornar-se pastor, mas não chegou a fazer profissão de fé, deixando o protestantismo ao ser admoestado por um pastor, que lhe disse - quando ele lia um livro de literatura não evangélica – as seguintes palavras: Olhe, meu irmão, quem se dedica ao Ministério do Senhor deve desprezar todas essas coisas.

Muito culto, sua vocação pela literatura manifestou-se cedo. Seus primeiros trabalhos sobre temas evangélicos foram editados quando contava apenas 17 anos de idade.

Ao deixar o protestantismo, tornou-se agnóstico, até que, em 1935, foi convidado por um amigo a assistir a uma reunião no Centro Espírita Jorge Niemeyer, no Rio de Janeiro, cidade onde residia desde que serviu ao Exército.  Deolindo apreciou a palestra e os conceitos que ali ouviu, tornando-se assíduo frequentador da Casa. Foi aí que ele deu início aos estudos das obras básicas do Espiritismo. Pouco tempo depois, seria eleito para o cargo de 1º Secretário da entidade.

No campo jornalístico, já a partir dos 23 anos colaborava com o Jornal do Comércio e depois com A Vanguarda. Em seguida, como jornalista profissional sindicalizado, passou para O Radical, mantendo-se fiel ao jornalismo até o fim de sua existência.

Nas lides espíritas, foi redator do Mundo Espírita, jornal lançado no Rio de Janeiro, depois transferido para Curitiba, Paraná, tornando-se seu correspondente no Rio até os últimos dias de sua presença entre nós.

Em 1939, juntamente com Lins de Vasconcelos, participou da Coligação Pró-Estado Leigo e também em 1939, no dia 15 de novembro, instalou e presidiu o 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas.

Em 1948, juntamente com Leopoldo Machado e outros confrades, organizou o I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil. No ano seguinte foi secretário do 2º Congresso Espírita Pan-Americano, realizado no Rio de Janeiro.

Deolindo Amorim lançou diversos métodos didáticos para a divulgação do Espiritismo e, com este propósito, fundou a Faculdade de Estudos Psíquicos, que foi sucedida pelo Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), do qual foi presidente enquanto viveu entre nós. No ICEB implantou Cursos Regulares de Espiritismo, como tinha sido sugerido por Allan Kardec.

No campo da literatura espírita, escreveu: O Espiritismo e as Doutrinas EspiritualistasEspiritismo e CriminologiaAfricanismo e EspiritismoIdeias e Reminiscências EspíritasO Espiritismo e os Problemas HumanosO Espiritismo à Luz da Crítica e os opúsculos O Sentido Imortalista do Pensamento de Leôncio Correia18 de Abril − Grande Data EspíritaAllan Kardec − o Homem, a Época, o Meio, as Influências, a Missão e O Pensamento Filosófico de Léon Denis.

Formado em Sociologia pela Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, Deolindo Amorim possuía também os diplomas dos cursos de técnico de publicidade e de serviços sociais, além de ter sido funcionário do Ministério da Fazenda, onde ocupou altos cargos. Foi também membro da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, da Sociedade Brasileira de Filosofia, do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e da Associação Brasileira de Imprensa.

Em julho de 1976, durante o VI Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado em Brasília, foi fundada a Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE), ideal que ele e outros confrades acalentavam há anos, sendo Deolindo eleito o 1º Presidente dessa entidade.

No dia 24 de abril de 1984, Deolindo partiu para a verdadeira vida. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro (RJ), ante a presença de cerca de 750 pessoas.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita