Há 37 anos desencarnava o jornalista e
escritor Deolindo Amorim
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Em 24 de abril de 1984, aos 76 anos de vida
terrena, desencarnou Deolindo Amorim, fechando
um ciclo fecundo de pensadores espíritas, |
entre os quais ele ocupa um lugar de destaque. |
Deolindo Amorim nasceu na cidade de Baixa Grande, Estado
da Bahia, no dia 23 de janeiro de 1908, embora em seus
documentos conste 1906. Seus pais foram Deolindo Antonio
de Amorim e Maria Flora de Amorim. Casado com Delta dos
Santos Amorim, o casal teve dois filhos.
De família católica, ele converteu-se na adolescência ao
protestantismo, passando a frequentar a Igreja
Presbiteriana da Bahia, pela qual participou da campanha
que os protestantes realizaram na Bahia em defesa da
liberdade religiosa. Chegou a ser selecionado para
estudar em um seminário para tornar-se pastor, mas não
chegou a fazer profissão de fé, deixando o
protestantismo ao ser admoestado por um pastor, que lhe
disse - quando ele lia um livro de literatura não
evangélica – as seguintes palavras: Olhe, meu irmão,
quem se dedica ao Ministério do Senhor deve desprezar
todas essas coisas.
Muito culto, sua vocação pela literatura manifestou-se
cedo. Seus primeiros trabalhos sobre temas evangélicos
foram editados quando contava apenas 17 anos de idade.
Ao deixar o protestantismo, tornou-se agnóstico, até
que, em 1935, foi convidado por um amigo a assistir a
uma reunião no Centro Espírita Jorge Niemeyer, no Rio de
Janeiro, cidade onde residia desde que serviu ao
Exército. Deolindo apreciou a palestra e os conceitos
que ali ouviu, tornando-se assíduo frequentador da Casa.
Foi aí que ele deu início aos estudos das obras básicas
do Espiritismo. Pouco tempo depois, seria eleito para o
cargo de 1º Secretário da entidade.
No campo jornalístico, já a partir dos 23 anos
colaborava com o Jornal do Comércio e depois com A
Vanguarda. Em seguida, como jornalista profissional
sindicalizado, passou para O Radical, mantendo-se
fiel ao jornalismo até o fim de sua existência.
Nas lides espíritas, foi redator do Mundo Espírita,
jornal lançado no Rio de Janeiro, depois transferido
para Curitiba, Paraná, tornando-se seu correspondente no
Rio até os últimos dias de sua presença entre nós.
Em 1939, juntamente com Lins de Vasconcelos, participou
da Coligação Pró-Estado Leigo e também em 1939, no dia
15 de novembro, instalou e presidiu o 1º Congresso
Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas.
Em 1948, juntamente com Leopoldo Machado e outros
confrades, organizou o I Congresso de Mocidades
Espíritas do Brasil. No ano seguinte foi secretário
do 2º Congresso Espírita Pan-Americano, realizado
no Rio de Janeiro.
Deolindo Amorim lançou diversos métodos didáticos para a
divulgação do Espiritismo e, com este propósito, fundou
a Faculdade de Estudos Psíquicos, que foi sucedida pelo
Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), do qual
foi presidente enquanto viveu entre nós. No ICEB
implantou Cursos Regulares de Espiritismo, como
tinha sido sugerido por Allan Kardec.
No campo da literatura espírita, escreveu: O
Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas; Espiritismo
e Criminologia; Africanismo e Espiritismo; Ideias
e Reminiscências Espíritas; O Espiritismo e os
Problemas Humanos; O Espiritismo à Luz da Crítica e
os opúsculos O Sentido Imortalista do Pensamento de
Leôncio Correia; 18 de Abril − Grande Data
Espírita; Allan Kardec − o Homem, a Época, o
Meio, as Influências, a Missão e O Pensamento
Filosófico de Léon Denis.
Formado em Sociologia pela Faculdade Nacional de
Filosofia, da Universidade do Brasil, Deolindo Amorim
possuía também os diplomas dos cursos de técnico de
publicidade e de serviços sociais, além de ter sido
funcionário do Ministério da Fazenda, onde ocupou altos
cargos. Foi também membro da Academia de Letras do
Estado do Rio de Janeiro, da Sociedade Brasileira de
Filosofia, do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia
e da Associação Brasileira de Imprensa.
Em julho de 1976, durante o VI Congresso Brasileiro
de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado em
Brasília, foi fundada a Associação Brasileira de
Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE), ideal que
ele e outros confrades acalentavam há anos, sendo
Deolindo eleito o 1º Presidente dessa entidade.
No dia 24 de abril de 1984, Deolindo partiu para a
verdadeira vida. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de
São João Batista, no Rio de Janeiro (RJ), ante a
presença de cerca de 750 pessoas.