Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Os romances e poemas do além causavam menos impacto do que os textos que Chico Xavier começava a escrever em sessões realizadas entre amigos espíritas: os recados enviados do céu por parentes mortos a suas famílias.

Certa vez, Chico colocou no papel uma carta assinada por um garoto de onze anos, Sílvio Lessa, destinada a seu pai, Amaro. O menino tinha morrido e mandava lembranças do outro mundo. Estava feliz. Sua morte foi útil. Graças ao sofrimento provocado por ela, seu pai se aproximou do Espiritismo e passou a ajudar crianças pobres. Sílvio estimulava a caridade paterna no texto escrito por Chico: "Quando for em auxílio dos pequeninos desfavorecidos pelo mundo, o seu coração há de me ver no sorriso de todas as crianças a quem estimar como seus próprios filhos..."

Para os críticos distanciados, o texto pecava por pieguice. Para a família, as frases provavam a sobrevivência do morto e davam novo sentido à vida. O pai apostou em cada palavra da carta: Ela é absolutamente autêntica. Sílvio tocou em pontos absolutamente desconhecidos, mesmo de muitas pessoas de nossa família, cuja realidade é indiscutível. Em sua carta, o garoto contava uma parábola indiana ouvida no colégio. A história era exemplar: um camponês tentava atravessar um rio com uma vaca e um bezerrinho. Mas a vaca se recusava a fazer a travessia. Ele empurrava, puxava, chicoteava o animal, mas nada. Exausto, após várias tentativas frustradas de mover o bicho, ele segurou o bezerro nos braços e atravessou o ribeirão. Para alcançar o filhote, a vaca finalmente se mexeu e passou de uma margem à outra.

A parábola guardava uma lição dolorosa: o afastamento, ou melhor, a morte de um filho, serviria, muitas vezes, para levar a pessoa ao outro lado da vida. Ao Espiritismo, por exemplo.

 

Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita