Por que penas eternas e não sempiternas?
A maioria dos que são nossos leitores já sabe a
diferença entre as palavras ‘eterno’ e ‘sempiterno’ nos
textos da Bíblia. Porém, vou explicá-la novamente e com
mais detalhes, por atenção aos nossos novos leitores, o
que farei no corpo desta matéria, onde há mais espaço
para uma abordagem melhor do assunto, que é bastante
complexo e desconhecido do grande público.
O adjetivo ‘eterno’, em grego “aionios”, significa tempo
indeterminado e não sem fim como foi entendido por parte
dos teólogos do passado. Aliás, desde o início do
cristianismo, sempre houve uma tendência de parte dos
teólogos para exagerar, não tanto o amor de Deus para
conosco, mas para exagerar as ameaças Dele contra os que
não obedecem às suas Leis, o que se deve muito às
influências das ideias vingativas de Deus do Velho
Testamento. Assim, de fato, em vez de interpretarem as
palavras “aionios” em grego e ‘eterno’ em português, com
o sentido correto de ‘tempo indefinido’, parte dos
teólogos entendeu erradamente essas duas palavras,
dando-lhes o sentido de ‘tempo sem fim’ ou ‘para
sempre’.
“Ateleíotos” em grego é que significa ‘tempo sem fim’.
E, em português correto, é traduzido por ‘sempiterno’.
Já “aionios”, como já vimos, é tempo indefinido,
traduzido para o latim “aeternus” e o português
‘eterno’.
Pelo exposto, vimos que está correta a tradução de
“aionios” por ‘eterno’, mas a interpretação desse termo
‘eterno’ por ‘tempo sem fim’ é que está errada, mas,
lamentavelmente, assim ficou em nossa língua e outras de
alguns teólogos de todos os tempos. Poderíamos dizer,
talvez, que são fenômenos variáveis da Linguística,
envolvendo a linguagem clássica dos literatos e a
linguagem simples do povo. Reiterando que “aionios” no
grego é tempo indefinido, lembramos que no hebraico do
Velho Testamento, também, há o termo equivalente ao do
grego “aionios”: “ôlam”, cujo sentido é igualmente tempo
indefinido, desconhecido. E eternidade, no sentido que
entendemos hoje em grego, é “aidios”, e, em latim, como
já vimos, é “sempiternus”. Ademais, na Bíblia se fala em
mais de uma eternidade. “Mas a misericórdia do Senhor é
de eternidade em eternidade.” (Salmos 103: 17).
O Mestre dos Mestres disse: “Ninguém deixará de pagar
tudo até o último centavo” (São Mateus 5: 26). Isso quer
dizer que, pago o último centavo, o indivíduo não vai
pagar mais nada, e nos mostra que ‘eterno’ (“aionios” em
grego e “aeternus” em latim significam mesmo um ‘tempo
indefinido e não sem fim, que seria em grego “ateleíotos”,
em latim sempiternus e em português sempiterno. As penas
são mesmo ‘eternas’ e não ‘sempiternas’. E isso joga por
terra totalmente as chamadas “penas eternas do inferno”!
José Reis Chaves é autor de recente
tradução do Novo Testamento, em que se destacam os
comentários das notas em negritos, com letras maiores e
lineares. Informações com a Editora Chico Xavier, tel.
(31)3635-2585.
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