A gênese das crenças religiosas e
a revivescência do Cristianismo
Jesus desaferrolhou as arcas do conhecimento
enobrecido e distribuiu-lhe os tesouros
“Um dia, o sublime Espírito do Cristo desceu à
Terra para fundar um Reino
e lançou os alicerces da sua construção na Alma
humana, dando início à edificação de um País
como jamais alguém houvera sonhado”. Joanna
de Ângelis
Segundo
Emmanuel:
“a gênese de todas as religiões da humanidade
tem suas origens no coração augusto e
misericordioso de Jesus. Não queremos, com as
nossas exposições, divinizar – dogmaticamente –
a figura luminosa do Cristo, e sim, esclarecer a
Sua gloriosa ascendência na direção do Orbe
Terrestre, considerada a circunstância de que
cada mundo, como cada família, tem seu chefe
supremo, ante a justiça e a sabedoria do
Criador.
Fora erro crasso julgar como bárbaros e pagãos
os povos terrestres que ainda não conhecem
diretamente as lições sublimes do Seu Evangelho
de redenção, porquanto a Sua desvelada
assistência acompanhou, como acompanha a todo
tempo, a evolução das criaturas em todas as
latitudes do Orbe. A história da China, da
Pérsia, do Egito, da Índia, da Arábia, de
Israel, da Grécia, dos celtas e dos romanos,
está alumiada pela luz dos Seus poderosos
emissários. E muitos deles tão bem desempenharam
seus grandes e abençoados deveres, que foram
tidos como sendo Ele próprio, em reencarnações
sucessivas e periódicas do Seu divinizado
amor...
No “Manava-Darma”, encontramos a lição do
Cristo; na China encontramos Fo-Hi, Láo-Tsé,
Confúcio; nas crenças do Tibet, está a
personalidade de Buda e no Pentateuco
encontramos a figura de Moisés; no Alcorão vemos
Maomet. Cada raça recebeu os Seus instrutores,
como se fosse Ele mesmo, chegando das
resplandecências de Sua glória estelar.
(...) Até à palavra simples e pura do Cristo, a
humanidade terrestre viveu etapas gradativas de
conhecimento e de possibilidades, na senda das
revelações espirituais. Os milênios, com as suas
experiências consecutivas e dolorosas,
prepararam os caminhos d`Aquele que vinha, não
somente com a Sua palavra, mas, principalmente,
com a Sua exemplificação salvadora. Cada
emissário trouxe uma das modalidades da grande
lição que foi teatro a região humilde da
Galileia. É por esse motivo que numerosas
coletividades asiáticas não conhecem a lição
direta do Mestre, mas sabem do conteúdo da Sua
palavra, em virtude das próprias revelações do
seu ambiente, e, se a Boa-Nova não se dilatou no
curso dos tempos, pelas estradas dos povos, é
porque os pretensos “missionários” do Cristo,
nos séculos posteriores aos Seus ensinos, não
souberam cultivar a flor da Vida e da Verdade,
do Amor e da Esperança que os Seus exemplos
haviam implantado no mundo, abafando-a nos
templos de uma falsa religiosidade, ou
encarcerando-a no silêncio dos claustros. A
planta maravilhosa do Evangelho foi, então,
sacrificada no seu desenvolvimento e contrariada
nos seus mais lídimos objetivos”.
Aduz André Luiz: “(...)
com Jesus, a religião como sistema educativo,
alcança eminência inimaginável: nem templos de
pedra, tampouco rituais, hierarquias efêmeras ou
ascendência de poder humano... O Mestre
desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido
e distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos
homens simples de coração, curvados para a gleba
do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para
o Céu. Aproxima-se de quantos desconhecem a
sublimidade dos próprios destinos e assopra-lhes
a Verdade, vazada em amor, para que o Sol da
Esperança lhes renasça no ser. Abraça os
deserdados e fala-lhes da Providência Infinita.
Reúne, em torno de Sua glória, que a humildade
escondia os velhos e os doentes, os cansados e
os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães
sofredoras e as crianças abandonadas e
entrega-lhes as bem-aventuranças celestes.
Ensina que a felicidade não pode nascer das
posses efêmeras que se transferem de mão em mão,
e sim da Caridade e do entendimento, da modéstia
e do trabalho, da tolerância e do perdão.
Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída
por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o
firmamento, e que o homem deve nascer de novo
para progredir na direção da Sabedoria Divina.
Proclama que a morte não existe e que a Criação
é beleza e segurança, alegria e vitória em plena
Imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o
crime, a violência e a perversidade, paga na
cruz o imposto de extremo sacrifício aos
preconceitos humanos que Lhe não perdoam a
soberana grandeza, mas reaparecendo redivivo,
para a mesma humanidade que O escarnecera e
crucificara, desvenda-lhe, em novo cântico de
humildade, a excelsitude da Vida Eterna.
(...) Erige-se, então, a partir d`Ele, o
Evangelho em código de harmonia, inspirando o
devotamento ao bem de todos até o sacrifício
voluntário, a fraternidade viva, o serviço
infatigável aos semelhantes e o perdão sem
limites.
Iniciam-se em todo o Orbe as imensas
alterações... A crueldade metódica cede lugar à
compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra
desertam dos santuários. A escravidão de homens
livres é sacudida nos fundamentos para que se
anule de vez. Levanta-se a mulher da condição de
alimária para a dignidade humana. A filosofia e
a ciência admitem a caridade no governo dos
povos. O ideal da solidariedade pura começa a
fulgir sobre a fronte do mundo...
Moisés instalara o princípio da justiça,
coordenando a vida e influenciando-a de fora
para dentro. Jesus inaugurou na Terra o
princípio do Amor, a exteriorizar-se do coração,
de dentro para fora, traçando-lhe a rota para
Deus. E eis que o Cristianismo grandioso e
simples ressurge agora no Espiritismo,
induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para
que nossa Alma se liberte da sombra que a
densifica, encaminhando-se, renovada, para as
culminâncias da Luz”.
Completa e
finaliza o Mestre Lionês: “somente
as religiões estacionárias podem temer as
descobertas da Ciência, as quais funestas só o
são às que se deixam distanciar das ideias
progressistas, imobilizando-se no absolutismo de
suas crenças. Elas, em geral, fazem tão
mesquinha ideia da Divindade, que não
compreendem que assimilar as Leis da Natureza,
que a ciência revela, é glorificar a Deus em
Suas obras. Na sua cegueira, porém,
preferem render homenagens ao Espírito do mal,
atribuindo-lhe essas Leis.
Uma religião que não estivesse, por nenhum
ponto, em contradição com as Leis da Natureza,
nada teria que temer do progresso e seria
invulnerável”.
Todas as religiões que se encontram fora do “fio-de-prumo” divino
estão se suicidando, mas, enquanto não
desaparecem de vez, ainda estão gerando e
dinamizando a incredulidade com a qual a
humanidade se vê a braços atualmente.
A Doutrina Espírita que é a materialização da
promessa de Jesus acerca do “Consolador” não
teme o progresso científico, antes o acoroçoa,
porque em nenhum de seus pontos básicos colide
com a verdade. Daí o fato de constituir-se desde
já na Religião
do Futuro, tendo
em Jesus o único e verdadeiro Pastor.
-
KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed.
Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. IV,
item 10.