Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Passávamos os três sobre uma ponte. Nós, nossa esposa e o Chico. Lá em baixo, um rio encachoeirado sorria e gargalhava. Paramos para melhor sentir-lhe a mensagem. Nossa companheira recorda-nos uma cena do livro “A cidade e as serras”, de Eça de Queiroz, em que Jacinto, o principal personagem, cansado da vida barulhenta das cidades, muda-se para a roça, a fim de gozar o silêncio das serras e medicar-se com o ar puro dos ambientes campestres. Lá, na sua propriedade, providencia uma série de medidas higiênicas favoráveis a seus empregados. Coloca banheiras nas casas dos roceiros, esta a primeira providência, por achar que a falta de banho concorria para multiplicar as enfermidades. Seu companheiro de jornada ri-se desta preocupação. E, ambos, ao passarem sobre uma ponte, debaixo da qual corre um rio marulhante, reparam que ali passam muitos de seus assalariados com as vestes sujas e a pele encardida por falta de banhos...

— Veja, Jacinto, exclama o companheiro, vivem sujos porque querem.

Não parece que o rio está dando gargalhadas?...

E Chico concluindo a cena que a companheira rememorara:

— Tem razão. O rio está, até hoje, dando gargalhadas, rindo-se ao ver-se com tanta água e apelando para nós, a fim de que não venhamos a mergulhar na sujeira de nosso próprio pretérito.

 

Do livro Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita