Grupos espíritas saudáveis
William James, no livro As variedades da experiência
religiosa, disse que a experiência religiosa pode
ser normal ou patológica e que a experiência espiritual
pode ser sublime ou dolorosamente distorcida por uma
disfunção mental. Da mesma forma, dependendo das
necessidades psicológicas de seus membros e da maneira
como interagem entre si, com seu(s) líder(es) e com a
comunidade em geral, o grupo religioso pode concorrer
para a saúde ou a doença psíquica.
O nosso grupo espírita pode ser considerado como
saudável?
Robert Simon, psiquiatra com mais de quarenta anos de
experiência em clínica e psiquiatria forense escreveu o
livro Homens maus fazem o que homens bons sonham, onde
disseca os aspectos psicológicos da criminalidade
humana. Dr. Simon dedicou um capítulo do livro para
examinar seitas religiosas disfuncionais, geralmente,
lideradas por figuras altamente carismáticas, mas
profundamente perturbadas psiquicamente.
Depois de citar várias dessas seitas, algumas que
tiveram um triste epílogo, como o suicídio coletivo
promovido por Jim Jones, nas Guianas, o autor passa a
relacionar as principais características de grupos
religiosos disfuncionais. Segundo o autor, esses grupos
se caracterizam por:
1- Estilo de liderança autoritária; o líder espiritual
decide tudo, pois só ele detém os predicados para isso.
Centralizador, todas as decisões partem dele.
2- Isolamento físico e espiritual. Seus membros devem
ser exclusivos, já que possuem ali tudo de que precisam,
nada justifica que frequentem também outros grupos.
3- Os membros se acham mais ligados ao líder do que às
ideias da seita ou da causa. A casa está acima da causa
e o líder acima da casa.
4- Mantém fechados os canais de acesso a outros grupos.
5- Sua mensagem espiritual não é universal, mas restrita
a um grupo seleto de pessoas.
6- Os membros são coagidos a permanecer no grupo, e
perdem todo o seu valor, quando se afastam da
comunidade.
7- São bens definidos os livros e autores que devem ser
lidos e conhecidos. Não se cultiva o pluralismo das
ideias.
8- As pessoas não precisam ter ideias próprias, nem são
convidadas ao exercício do pensamento racional e lógico.
Outros já pensaram por elas, basta que sigam o que já
foi definido.
9- Cultivam o pensamento de que formam uma família, de
que são todos irmãos, e o líder é o pai (ou a mãe) de
todos.
10- Prometem benefícios especiais aos seus membros.
11- As informações que entram e saem do grupo são
censuradas.
12- Escudos protetores rígidos escondem os segredos do
grupo do mundo exterior. Nada é dito sobre o estatuto da
casa (quando existe) ou dos mecanismos de escolha da
direção (quando existem).
13- Os líderes e as pessoas que lhe são mais próximas
possuem óbvios privilégios.
14- É evidente que o líder tem, muitas vezes, uma
preocupação obsessiva com seu próprio engrandecimento.
Apresentamos o pensamento do Dr. Robert Simon, como uma
proposta de autoexame. Que cada um examine com
sinceridade o grupo espírita em que se filia e verifique
onde precisa atuar, mais diretamente, promovendo as
mudanças necessárias, para que nosso grupo espírita se
torne algo que nos enobreça e que acrescente beleza e
espiritualidade sadia em nossa vida.
|