Sorriso de Esperança,
o projeto que harmoniza e humaniza o ambiente de
atendimento hospitalar em João Pessoa
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O projeto Sorriso
de Esperança,
com atuação desde 18 de dezembro de 2006 em
ambiente ambulatorial dos |
hospitais de João Pessoa, capital paraibana,
nasceu de uma ideia que Antônio Gomes Barbosa
Sobrinho (67 anos, casado, funcionário
aposentado do Banco do Nordeste, natural do
município de Petrolândia, PE, submerso pelas
águas do Rio São Francisco), teve de levar
música para o ambiente de atendimento
médico-hospitalar diferente daquilo que era
feito no Hospital Napoleão Laureano, localizado
em João Pessoa, capital paraibana. Atento aos
detalhes, Barbosa Sobrinho percebeu que a
harmonização musical feita naquela unidade
hospitalar atrapalhava os chamados de pacientes
para atendimento nos consultórios. |
Como voluntário vinculado à Rede Feminina de Combate ao
Câncer (RFCC), ele dedicava uma hora por semana na
recepção e orientação de pacientes vindos do interior
paraibano, que esperavam ser atendidos a partir das
6h45, quando o hospital iniciava suas atividades. Quando
o hospital abria as portas para acesso aos consultórios,
a correria era geral. Todos tinham pressa para chegar
primeiro nas filas que se formavam sem nenhuma
organização.
Participando de uma reunião com cerca de 100
voluntários, Barbosa Sobrinho, como voluntário da RFCC,
expôs sua ideia que era de fazer a harmonização musical
antes do atendimento aos pacientes, evitando assim todo
o tumulto gerado pela ansiedade deles e de seus
acompanhantes que queriam ser atendidos “o mais rápido
possível”. A sua ideia foi aprovada. Durante quatro
meses o idealizador do projeto Sorriso de Esperança comparecia
sozinho, todas as manhãs, de segunda a sexta-feira,
esperava o hospital abrir suas portas às 6 horas, e
ficava na base da voz e violão minimizando a ansiedade
dos pacientes até às 7 horas.
As primeiras dificuldades, lembra Barbosa Sobrinho,
foram superadas com muita paciência e determinação. O
projeto não sobreviveria apenas com a sua participação.
Faltavam voluntários para dar uma maior implementação ao
trabalho de harmonização musical naquela unidade
hospitalar. Segundo o idealizador do projeto, os amigos
espirituais começaram a ajudar no favorecimento de
adesões para que o empreendimento não sofresse problema
de continuidade. Foi aí que o Sorriso de Esperança recebeu
com fraternal acolhimento Júnior Dias (grupo Acorde),
Roberto Dias (Tuaregues), Wallace e Neifa (vocalistas),
além do grupo Pagode dentre tantos outros.
Um ano depois, o projeto Sorriso de Esperança contava
com cerca de dez voluntários – dois por dia –
colaborando com a harmonização do ambiente de
atendimento médico-hospitalar do Napoleão Laureano.
Nessa caminhada, lembra Barbosa Sobrinho, o projeto
chegou ao Hospital Lauro Wanderley – conhecido como HU,
dois anos depois, utilizando a mesma metodologia. Ou
seja, harmonizando musicalmente o atendimento aos
pacientes e acompanhantes, uma hora antes do início das
consultas.
O resultado foi tão positivo que acabou chegando “aos
ouvidos” do Conselho Diretor do HU. Seus membros
registraram em Ata o reconhecimento e os benefícios do
trabalho do projeto Sorriso de Esperança naquela
unidade hospitalar, a ponto da ouvidora-chefe do
hospital – professora Zélia, dizer que “[...] o projeto
é muito maior do que vocês pensam!”
Ao longo desses 14 anos de existência e muito
trabalho, Barbosa Sobrinho
(foto)
faz uma avaliação bastante otimista do projeto
idealizado por ele:
“O Sorriso de |
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Esperança contribuiu
e pode contribuir muito mais para a melhoria do
atendimento nos hospitais onde atua – Napoleão
Laureano, Lauro Wanderley e, também, o Hospital
da PM General Edson Ramalho. Sempre amenizando a
ansiedade e o estresse das pessoas que procuram
essas unidades hospitalares, assim como
sugerindo a instalação de serviço de som para
orientar pacientes e acompanhantes enquanto
esperam pelo atendimento; ou para anunciar
assuntos de interesse coletivo”. |
Espírita portador de mediunidade intuitiva, Barbosa
Sobrinho acredita que os amigos espirituais estão sempre
marcando presença no projeto, contribuindo com o seu
objetivo maior. E ele conta que um vidente espírita,
voluntário do projeto, viu um médico e sua esposa (ambos
já desencarnados) cantando durante uma harmonização
musical no Hospital Napoleão Laureano. Esse médium ao
final do trabalho, saindo do hospital, identificou o
médico Napoleão Laureano (o espírito que cantava com sua
esposa) através de uma fotografia colocada no hall de
entrada.
Conhecido e reconhecido no movimento espírita
paraibano, Sorriso de Esperança foi aclamado, em
2013, no livro do escritor espírita Jorge Reis –
“Músicas Espirituais: Como Acontecem no Sorriso de
Esperança!” Em 2015, quando Barbosa Sobrinho ainda
trabalhava no Banco do Nordeste, agência Epitácio
Pessoa, na capital paraibana, representou a instituição
bancária como coordenador do projeto, em junho daquele
ano, concorrendo “as dez práticas socioambientais mais
significativas lideradas por funcionários em toda a sua
área de atuação”. A agência e o coordenador do projeto Sorriso
de Esperança ganharam o prêmio.
Ainda em 2015, lembra Barbosa Sobrinho, o projeto
concorreu com outras ações de todo País pelas melhores
práticas de harmonização no SUS. Acabou recebendo o
reconhecimento do Ministério da Saúde e integrando a
Rede Humaniza SUS. Em 2016, passou a fazer parte do
projeto de extensão coordenado por uma professora da
Universidade Federal da Paraíba, tendo em 2017 mantido
interesse na integração do Departamento de Música da
UFPB ao Hospital Lauro Wanderley. Barbosa Sobrinho
queria que as atividades do projeto Sorriso de
Esperança fossem feitas em parceria com músicos e
alunos daquela universidade.
Quando se fala sobre pequenos projetos que podem dar
certo, o idealizador do Sorriso de Esperança toma
por base o que ele idealizou em outubro de 2007. E
Barbosa Sobrinho explica porquê: “Aparentemente ele se
mostra como um pequeno projeto, mas, na realidade, é
grande, como bem disse a ouvidora-chefe do Hospital
Lauro Wanderley, professora Zélia. É um projeto que, em
sua plenitude, pode abranger todos os Hospitais
Universitários do Brasil. Fácil de ser implementado,
bastaria um toque no coração dos seus administradores
para que eles abraçassem a ideia”.
E com os olhos brilhando de alegria pelo dever cumprido
ao longo dos 14 anos em que esteve à frente do projeto,
Barbosa Sobrinho sugere que, “partindo do princípio de
que em toda universidade federal brasileira existe um
departamento de música, um projeto similar ao nosso
seria autossustentável somente com os alunos e
professores de música de cada universidade. Bastava
apenas a inclusão na grade curricular para que os alunos
estagiassem”.
Ao final desta reportagem, Barbosa Sobrinho ainda
lembrou que o projeto também poderia ser integrado aos
presídios do País. E, com um sorriso cheio de esperança,
aduziu: “Já pensou como seria importante uma escola de
música nos presídios, com os próprios presos promovendo
manhãs musicais para os demais!
Informações complementares
O projeto Sorriso de Esperança, atualmente, está
sob a coordenação do jornalista e psicopedagogo Marcos
Paterra. Ele nasceu em São Paulo, capital, é casado, tem
56 anos e mora em João Pessoa desde 1999.
Ele foi convidado por Barbosa Sobrinho para assumir o
cargo de diretor-presidente. O projeto esteve inativo
durante um ano por conta das restrições protocolares
contra o avanço da Covid-19. Retomou suas atividades no
dia 5 de maio, das 6h45 às 7h45, nas dependências do
Hospital da PM Edson Ramalho, em João Pessoa, onde
Paterra é funcionário.
O desafio maior para o novo coordenador geral do projeto
é compor novas turmas de voluntários, que possam atuar
nos demais hospitais da capital paraibana. A pandemia
está dificultando todo processo organizacional e
distribuição de atividades do projeto.
O jornalista Carlos Barros reside em João
Pessoa (PB).