Pensando na educação das crianças
A verdadeira educação é aquela que vai ao encontro da
criança para realizar a sua libertação.
Maria Montessori
De um modo geral, as crianças são corajosas e
destemidas. Não têm noção real do perigo e, por isso,
podem muitas vezes colocar-se em risco – dependem,
portanto da supervisão de um adulto preparado.
Penso no adulto impaciente e receoso. E de um
modo peculiar, o adulto impaciente e receoso das
ações da criança. No dia a dia, esse adulto,
despreparado, tenta refrear o filho pequeno, induzindo-o
ao medo de coisas fantasiosas, esperando que assim ele
lhe obedeça. Ora, um meninozinho mais passivo,
“definido” em casa como medroso, tenderá
certamente a se revestir deste medo. Um ponto
importante: é a dependência do adulto que marca a
infância, e, por sua vez, muito adulto ignorante se
aproveita disso.
De novo, penso no adulto preparado e no instante
que presta atenção nas ações da criança. No dia a dia,
esse adulto tenta ajudar o seu filho pequeno a coordenar
seus movimentos, interiorizar suas emoções e formar sua
inteligência. No parque, quando a criança tem liberdade
para subir numa árvore, sem medo e sem vergonha, ela
diz: “posso subir sozinho”. O pai, esse adulto
preparado, para um minuto, analisa o pedido, e diz:
“tudo bem”. Passam poucos minutos, o menino cai, mas
tenta de novo. Depois de algumas tentativas, o menino dá
um suspiro de alívio e diz: “pronto, papai, eu
consegui”. O meninozinho está com os pés firmes no galho
da arvorezinha, e para o mundo se coloca cheio de
autoconfiança. O meninozinho começou pelo galho mais
baixo da arvorezinha. Em relação ao pai, o adulto
preparado, são os ensaios fundamentais à progressiva
independência…
Como de costume, construo o texto, caro leitor, trazendo
exemplos e, mais do que isso, fazendo um convite para
uma reflexão.
No dia a dia, quando somos pais, e por isso implicados
com a essencial tarefa de educar uma criança, antes de
mais nada, o que precisamos entender? Antes de observar
uma criança, de invadi-la com nossos receios, nossas
dificuldades, nossas estados emocionais difíceis, é
fundamental observar a nós mesmos. Ou seja, reconhecer
nossos comportamentos, analisar também o que trazemos de
nossa própria infância, e para considerar também o que
em nós mesmos precisa de atenção, cuidado, revisão…
De outro lado, quando conseguimos agir como adultos
preparados para atender/educar nosso filho ou nossa
filha, respeitando sua individualidade (temperamento,
ritmo, traços biográficos), sua autoconfiança,
simplesmente sentimos paz e tranquilidade, alma e
coração leves.
Notinhas
Na educação da criança, respeito bastante o pensamento
de Maria Montessori. Segundo sua visão, a criança
suplica pela ajuda do adulto para ajudá-la a crescer,
contudo esse suplicar está implicado com o fato de que
esse crescimento só se dará de forma saudável, criativa,
se ela, a criança, for respeitada em seu jeito
específico de ser e estar no mundo (individualidade). As
crianças são seres humanos em pleno desenvolvimento, não
são páginas em branco, e por isso dependem de adultos
conscientes, preparados (autoeducados – e esse processo
é contínuo) para educá-las e não para adoecê-las ou
distorcê-las.
A todo instante, precisamos lembrar, a criança é uma
esponja, absorvendo o que ela observa (no ambiente, seja
ele qual for). Se contar com respeito e consideração por
parte do adulto, a criança será capaz de ser educada e,
no futuro, tornar-se-á um ser humano capaz de viver e
construir um mundo mais digno e justo, além de
harmonioso.
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