Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Pensando na educação das crianças


A verdadeira educação é aquela que vai ao encontro da criança para realizar a sua libertação
. Maria Montessori


De um modo geral, as crianças são corajosas e destemidas. Não têm noção real do perigo e, por isso, podem muitas vezes colocar-se em risco – dependem, portanto da supervisão de um adulto preparado.

Penso no adulto impaciente e receoso. E de um modo peculiar, o adulto impaciente e receoso das ações da criança. No dia a dia, esse adulto, despreparado, tenta refrear o filho pequeno, induzindo-o ao medo de coisas fantasiosas, esperando que assim ele lhe obedeça. Ora, um meninozinho mais passivo, “definido” em casa como medroso, tenderá certamente a se revestir deste medo. Um ponto importante: é a dependência do adulto que marca a infância, e, por sua vez, muito adulto ignorante se aproveita disso.

De novo, penso no adulto preparado e no instante que presta atenção nas ações da criança. No dia a dia, esse adulto tenta ajudar o seu filho pequeno a coordenar seus movimentos, interiorizar suas emoções e formar sua inteligência. No parque, quando a criança tem liberdade para subir numa árvore, sem medo e sem vergonha, ela diz: “posso subir sozinho”. O pai, esse adulto preparado, para um minuto, analisa o pedido, e diz: “tudo bem”.  Passam poucos minutos, o menino cai, mas tenta de novo. Depois de algumas tentativas, o menino dá um suspiro de alívio e diz: “pronto, papai, eu consegui”. O meninozinho está com os pés firmes no galho da arvorezinha, e para o mundo se coloca cheio de autoconfiança. O meninozinho começou pelo galho mais baixo da arvorezinha. Em relação ao pai, o adulto preparado, são os ensaios fundamentais à progressiva independência…

Como de costume, construo o texto, caro leitor, trazendo exemplos e, mais do que isso, fazendo um convite para uma reflexão.

No dia a dia, quando somos pais, e por isso implicados com a essencial tarefa de educar uma criança, antes de mais nada, o que precisamos entender?  Antes de observar uma criança, de invadi-la com nossos receios, nossas dificuldades, nossas estados emocionais difíceis, é fundamental observar a nós mesmos. Ou seja, reconhecer nossos comportamentos, analisar também o que trazemos de nossa própria infância, e para considerar também o que em nós mesmos precisa de atenção, cuidado, revisão

De outro lado, quando conseguimos agir como adultos preparados para atender/educar nosso filho ou nossa filha, respeitando sua individualidade (temperamento, ritmo, traços biográficos), sua autoconfiança, simplesmente sentimos paz e tranquilidade, alma e coração leves.

 

Notinhas

Na educação da criança, respeito bastante o pensamento de Maria Montessori. Segundo sua visão, a criança suplica pela ajuda do adulto para ajudá-la a crescer, contudo esse suplicar está implicado com o fato de que esse crescimento só se dará de forma saudável, criativa, se ela, a criança, for respeitada em seu jeito específico de ser e estar no mundo (individualidade). As crianças são seres humanos em pleno desenvolvimento, não são páginas em branco, e por isso dependem de adultos conscientes, preparados (autoeducados – e esse processo é contínuo) para educá-las e não para adoecê-las ou distorcê-las.

A todo instante, precisamos lembrar, a criança é uma esponja, absorvendo o que ela observa (no ambiente, seja ele qual for). Se contar com respeito e consideração por parte do adulto, a  criança será capaz de ser educada e, no futuro, tornar-se-á um ser humano capaz de viver e construir um mundo mais digno e justo, além de harmonioso.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita