A lição
de
humildade
do
polegar
A humildade é virtude ímpar para se manter produtivo e
fértil na Terra. Aliás, a própria origem da palavra
conota tal questão. Ser humilde é não se inflar de
falsos conhecimentos ou falsas impressões de seu próprio
valor. Manter-se humilde é saber o seu lugar, a sua
missão, sem aumentar, tampouco sem se diminuir. Quem é
humilde mantém-se aberta a porta da aprendizagem, pois
sabe de suas limitações de conhecimento frente a Deus e
a imensidão do universo. É se curvar frente a Deus, bem
como também a seus semelhantes. Uma pessoa humilde é
útil aos seus irmãos e trabalha de maneira prática para
resolver os problemas. Absorve conselhos de terceiros e
pratica o bem para todos. Diferentemente da pessoa
orgulhosa e vaidosa, que se coloca acima dos outros e
que aparenta ser o que não é. A falsa aparência reflete
a verdadeira ilusão da vida. Não apenas em seu
julgamento, mas também na ajuda ao próximo. Seja não
ajudando para não se contaminar, seja ajudando com
humilhações e rebaixamentos. Sem humildade não há a
caridade perfeita.
Nas lições da vida sobre humildade, cabe destacar o
papel de relevância do dedo polegar. Dentre os dedos, é
o que está em posição estrutural inferior aos demais.
Mantém-se isolado dos outros irmãos. Sua aparência
também é diferente dos demais dedos e está em ângulo
diferente. Todavia, graças a estas diferenças e
características é possível a mão realizar a função de
preensão ou pinça. Para Sande e Coury (1998, p. 72):
“Apesar da mão possuir funções múltiplas, sua função
essencial é a preensão. Esta faculdade encontra-se desde
a pinça da lagosta até a mão do macaco, mas é no homem
que a pinça atinge seu maior grau de funcionalidade.
Isto se deve a uma disposição absolutamente particular
do polegar, que pode opor-se a todos os outros dedos”.[1]
Sem o polegar, a vida seria bem mais difícil e penosa. O
que resplandece na própria origem da palavra polegar,
que significa poder. O polegar mantém o trabalho
silencioso de ser útil aos demais, mesmo com todas as
peculiaridades. É a humildade em ação. Talvez por isso o
polegar seja o dedo que se leva à boca pelo infante como
substituto do peito da mãe. Ou como expressão de
otimismo e positividade. Ou ainda, é o polegar que
representa por meio da sua digital a identidade pessoal.
Se a humildade é condição única para manter-se aberto à
aprendizagem e ao trabalho útil que dignifica, talvez
tenhamos no polegar o exemplo natural da benemerência da
humildade e da caridade. O polegar não vive para ele. A
mão não trabalha para si. Mas para toda uma vida
superior sem que se confundam as hierarquias. “O servo
não é superior ao seu senhor, assim como o mensageiro
não é superior a quem o enviou.”[2] Nas
lições imemoriais de Jesus, em sua mensagem de despedida
aos seus discípulos onde lavou seus pés como lição do
exemplo, as mãos representam o potencial de trabalho e
de realizações do ser humano. O poder de servir.
______________
[1]Sande,
L.A.P., Coury, H.J.C.G. Aspectos biomecânicos e
ergonômicos associados ao movimento de preensão: uma
revisão. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, v. 5, n. 2, p.
71 - 82, jul. / dez., 1998.
[2] João 13:16.