Entrevista

por André Ribeiro Ferreira

É de extrema importância a arte na casa espírita

A frase acima é do nosso entrevistado Lânio Silvério Thomáz (foto), natural de Anápolis (GO), ora radicado em Luziânia, no mesmo estado. Espírita desde o ano de 2005, ele trabalha com a música espírita em todas as casas espíritas onde é convidado. Desde 2008, acompanha o palestrante Ruy Meirelles em suas palestras, numa parceria literomusical. Profissionalmente, é empresário e, nas lides espíritas, participa da equipe de trabalhadores do CEPAC - Centro Espírita Paz, Amor e Caridade, de sua cidade. Nesta entrevista ele nos fala, entre outros assuntos, sobre sua experiência com a música espírita.

Conte-nos sobre sua experiência na seara espírita.

Sempre tive curiosidade a respeito do Espiritismo, mas tinha preconceito por ser de família extremamente católica e condenava o Espiritismo sem ao menos conhecê-lo. A minha primeira experiência se deu pelo fato de minha esposa Silvana ser espírita. Mas, quando eu a conheci, disse a ela que nunca me convidasse para ir a um centro espírita. Ela ficou decepcionada, mas respeitou o meu pedido. Mas não demorou e logo me rendi ao Espiritismo devido a uma visão que a palestrante Antônia Neri teve sobre mim.

De onde lhe veio a inclinação para música?

Desde criança eu era apaixonado por música e louco para aprender a tocar violão. Enquanto as crianças brincavam, eu queria aprender a tocar violão e insistia muito para que meu pai comprasse um violão para mim. Com 12 anos ganhei um violão da minha mãe, que um tio meu vendera para ela. Esse mesmo tio me ensinou a tocar. Aí, com 17 anos, formei uma dupla sertaneja e fui-me aventurar nas noites tocando e cantando. Tive uma outra dupla aos 23 anos e a dupla ficou muito conhecida no centro-oeste goiano. Aos 27, conheci minha futura esposa Silvana e cerca de 3 meses depois comecei a cantar junto com a cantora Pauline, na Comunhão Espírita de Brasília. Desde então não parei mais.

Qual é, em sua opinião, a importância da arte para a casa espírita?

Acho de extrema importância a arte na casa espírita e penso que o movimento espírita teria que valorizar mais isso, porque a música ajuda muito as pessoas e prepara o ambiente. Os palestrantes mesmo dizem que se sentem mais harmonizados quando antes da palestra alguém canta. A música funciona como uma preparação para o ambiente. Dependendo do estado em que a pessoa se encontra, só a música consegue acalmá-la. Já senti várias vezes a presença de Espíritos amigos a meu lado enquanto cantava.

Fale-nos sobre seus trabalhos.

Tenho dois CDs gravados. O primeiro foi gravado em 2009 e chama-se CONSOLANDO. Já o segundo foi bem mais complicado. Iniciei as gravações no final de 2015 e começo de 2016 e tive muitos problemas com ele. Gravamos em um estúdio que não oferecia qualidade e tive que apagar e refazer tudo outra vez. Fui para outro estúdio e comecei do zero. Aí resolvi fazer um CD completo, com toda a banda, produzido por mim mesmo. Mas não pararam de surgir problemas e tive que dar uma pausa em 2017, pois ladrões entraram no estúdio e roubaram os equipamentos. Mais tarde, o dono do estúdio recuperou algumas coisas e retomamos novamente as gravações do ponto em que paramos. Depois de tudo gravado, pronto para mixar e masterizar, o HD do computador do estúdio queimou. Tivemos mais problemas. Depois, por sorte, conseguimos recuperar os arquivos. Aí, quando fomos masterizar em 2019, caiu um raio no estúdio e queimou todos os equipamentos. Então, mais uma vez tivemos que esperar um pouco até o proprietário do estúdio recuperar os equipamentos para continuar a finalização. Consegui, com muito custo, terminar esse trabalho apenas em fevereiro de 2020. Mas valeu a pena.

Como você vê a música nas palestras realizadas nas Casas Espíritas?

Em um momento tão angustiante como o que estamos vivendo hoje, a música funciona como um bálsamo a nos aliviar de tanta tensão, seja nas palestras, seja nos estudos doutrinários, harmonizando o ambiente, facilitando o trabalho dos palestrantes e acalmando as pessoas, além de levá-las com mais facilidade ao entendimento de tudo o que é proferido nas palestras e estudos. Toda música funciona como autoajuda. É uma das principais fontes de evangelização, porque toca o coração das pessoas de forma muito fácil. Acredito que a música chega a lugares no coração humano a que, às vezes, uma palavra de consolo não consegue chegar.

De suas lembranças espíritas na arte musical, o que mais o marcou?

Uma coisa que me marcou muito foi a dificuldade que tive para concluir meu último trabalho. Foram tempos difíceis, tive vontade por várias vezes de desistir, de abandoná-lo. Aconteceram coisas que estavam muito acima de mim e eu não conseguia resolvê-las. Foram momentos de desânimo, de achar que nada iria dar certo. Minha esposa foi fundamental para que eu não desistisse.

Como você vê a qualidade da produção musical espírita no momento atual? 

Sinceramente, considero muito precária a produção musical em nosso meio. Se o movimento espírita investisse tanto na arte espírita o mesmo que os evangélicos por exemplo investem, o movimento teria outra dimensão. Vejo muitas poesias lindas, muitas harmonias boas, mas não vejo qualidade musical, com arranjos bem elaborados, instrumentos bem tocados. Nada disso. Acho que os próprios artistas espíritas, sem querer criticá-los, deveriam reinventar-se no trabalho, pois há muito que fazer, o trabalho é longo e demanda seriedade, mas o resultado de uma boa qualidade sonora não tem igual. É extremamente compensador todo e qualquer investimento em qualidade musical, pois uma música tanto pode harmonizar um ambiente, quanto pode desarmonizar também, e o fato de ser bem executada é fundamental para que chegue bem ao ouvido das pessoas.

Qual o papel dos compositores, artistas, escritores, dirigentes e líderes espíritas na melhoria e preservação da qualidade das produções artísticas e dos conteúdos espíritas?

O papel de todos os citados na pergunta é de fundamental importância, pois, como já disse anteriormente, não se tem qualidade nas produções de músicas espíritas e, portanto, é muito difícil de se ver em plataformas digitais por exemplo uma música espírita bem produzida, bem arranjada, bem tocada e cantada. O conteúdo do Espiritismo é muito grande. Tim e Vanessa mesmo se baseiam no Evangelho para criarem suas produções e fazem coisas extraordinárias na arte espírita. Eu sinto muita falta de bons compositores espíritas, de pessoas que façam música com o coração.

Quais os seus planos com relação à arte espírita?

Continuar cantando e levando esse trabalho ao maior número de pessoas por muitos e muitos anos, contribuindo para o bem, para a evangelização no amor e, obviamente, gravar outros CDs. Penso em viajar pelo país inteiro e, quem sabe, ir até ao congresso mundial, levando meu trabalho, que é feito com simplicidade mas com muito amor e carinho.

Suas palavras finais para os nossos leitores.

Aos leitores que agora me conhecem um pouco mais dedico a letra da música ”Herdeiro das Estrelas”, composição de Lânio Thomáz, Ruy Meirelles e Nicko Roriz:
 

Sou herdeiro das estrelas
Eu sou filho do Senhor
Guardo sonhos de beleza
Na grandeza do amor 

E com elas sempre sonho
E também vejo brilhar
A esperança de um dia 
Junto a elas eu poder estar

Não importa o quanto espere
Sei que não vou perdê-las
Pois sou filho do Senhor
Sou herdeiro das estrelas 
Pra junto delas um dia eu vou

Ah! como é bom 
As estrelas poder contemplar
E compreender que o lugar delas
Também é meu lugar (bis)

E ver coisas tão sublimes 
Da pátria espiritual 
A morada verdadeira 
Do Espírito imortal 

Não importa o quanto espere
Sei que não vou perdê-las
Pois sou filho do Senhor
Sou herdeiro das estrelas 
Pra junto delas um dia eu vou.

 

Ah! como é bom 
As estrelas poder contemplar
E compreender que o lugar delas
Também é meu lugar (bis)


Muita gratidão a todos que lerem estas linhas e um excelente 2021 para todos. Paz e luz. 

 

Nota da Redação:

No canal LÂNIO THOMÁZ Consolando Corações, no YouTube, o leitor encontrará as canções interpretadas por nosso entrevistado.

Para acessá-lo, clique neste link


 

 

 

     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita