Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

  

Ante a família maior


Se podes transportar as dificuldades que te afligem num corpo robusto e razoavelmente nutrido, reflete naqueles nossos irmãos da família maior que a penúria vergasta.

Diante deles, não permitas que considerações de natureza inferior te cerrem as portas do sentimento.

Se algo possuis para dar, não atrases a obra do bem e nem baseies nas aparências para sonegar-lhes cooperação.

Aceitemo-los como sendo tutores paternais ou filhos inesquecíveis largados no mar alto da experiência terrestre e que a maré da provação nos devolve, qual se fôssemos para eles especuladores da violência. Impacientaram-se na expectativa de um socorro que lhes afigurava impossível e deixaram que a desesperação os enceguecesse.

Outros se apresentam marcados por hábitos lastimáveis; todavia, não admitas estejam na posição de escravos irresgatáveis do vício. Atravessaram longas trilhas de sombra, e, desenganados quanto à chegada de alguém que lhes fizesse luz no caminho, tombaram desprevenidos nos precipícios da margem.

Surpreendemos os que aparecem exteriormente bem-postos e aqueles que dão a ideia de criaturas destituídas de qualquer noção de higiene, mas não creias, por isso, vivam acomodados à impostura e ao relaxamento. Um a um, carregam desdita e enfermidade, tristeza e desilusão.

Não duvidamos de que existam, em alguns raros deles, orgulho e sovinice; no entanto, isso nunca sucede no tamanho e na extensão da avareza e da vaidade que se ocultam em nós, os companheiros indicados a estender-lhes as mãos.

Se rogam auxílio, não poderiam ostentar maior credencial de necessidade que a dor de pedir. Sobretudo, convém acrescentar que nenhum deles espera possamos resolver-lhes os todos os problemas cruciais do destino. Solicitam somente essa ou aquela migalha de amor, à feição do peregrino sedento que suplica um copo d’água para ganhar energia e seguir adiante.

Esse pede uma frase de bênção, aquele um sorriso de apoio, outro mendiga um gesto de brandura ou um pedaço de pão...

Abençoa-os e faze, em favor deles, quanto possas, sem te esqueceres de que o Eterno Amigo nos segue os passos, em divino silêncio, após haver dito a cada um de nós, na acústica dos séculos: “Em verdade, tudo aquilo que fizerdes ao menor dos pequeninos é a mim que o fizestes”.

 

Do livro Estude e Viva, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita