O que
não deve
faltar
“Quantos pães tendes?” – Jesus. (Marcos, 8:5)
Vou completar a pergunta do título: o que não deve
faltar quando pedimos algo a Deus por meio da oração?
A fé? Claro que sim! Mas existem duas coisas mais que
também não devem faltar. Você saberia dizer?
Quando Jesus terminou a sua fala a uma multidão
considerável no Sermão da montanha, a população muito
grande que o ouvira estava faminta. Essa necessidade foi
levada até Ele pelos apóstolos. É interessante
observarmos mais atentamente a resposta de Jesus
colocada abaixo do título desse artigo: quantos pães
tendes? Ou seja, Ele não apanhou um punhado de
pedras e transformou em pães e peixes para alimentar os
famintos. Não! Indagou o que os seus discípulos tinham a
oferecer para que Ele trabalhasse sobre alguma coisa
ofertada por seus seguidores, mesmo que fosse muito
pouco como realmente foram os raros pães e peixes. A
partir desse recurso apresentado pelos seus companheiros
de apostolado, Jesus multiplica o recurso pequeno,
fazendo-o suficiente para atender a um número elevado de
pessoas.
Desse posicionamento do Mestre podemos inferir que
quando pedimos algo a Deus, precisamos demonstrar que a
parte que nos cabe fazer foi feita. Esperar que “tudo
caia do céu” como um maná é uma concepção antiga,
anterior aos ensinamentos de Jesus. Aliás, o que caiu
realmente do céu não foi o alimento para o povo que
atravessava as agruras do deserto, mas a inspiração a
Moisés para onde caminhar naquela solidão extrema sem
nenhum recurso para sua orientação, a não ser exatamente
o socorro da inspiração que orientou seus passos em
direção ao alimento que estava disponível sobre o solo
por onde jornadeava.
E a outra coisa que não deve faltar quando pedimos algo
é a nossa colaboração em favor daqueles a quem podemos
ajudar de alguma maneira, mesmo que esse auxílio seja
muito pequenino. Quando nos colocamos com a disposição
de mitigar a dor alheia, adquirimos créditos no banco da
Providência Divina. E esses créditos falarão em nosso
favor na hora das necessidades que tivermos.
Quem ensina isso muito bem é Emmanuel no livro Palavras
de Vida Eterna, no capítulo 9: Não vale rogar as
concessões do Céu, alongando mãos vazias, com palavras
brilhantes e comoventes, mas sim pedir a proteção de que
carecemos, apresentando, em nosso favor, as
possibilidades ainda que diminutas de nosso esforço
próprio.
E continua ele: Não adianta solicitar as bênçãos do
pão imobilizando os braços no gelo da preguiça, como é
de todo impróprio rogar os talentos do amor, calcinando
o coração no fogo do ódio.
Quantas pessoas não rogam pela saúde do corpo e
continuam a comer exageradamente? A beber e a fumar? A
repetir noites maldormidas?
Quantas não rogam pela paz no lar, mas são verdadeiras
bombas de pavio curto sempre aceso para detonar a
discussão e implantar o desequilíbrio nos familiares?
Quantas não reclamam de melhores recursos financeiros,
mas esperam de braços cruzados a ajuda do Alto sem ter a
menor iniciativa de procurar um emprego melhor?
Buscam um milagre de Deus que não tenha nenhuma cota de
trabalho próprio. A Providência Divina não entende as
coisas dessa maneira. Ecoará em nossas consciências o quantos
pães tendes na hora em que suplicarmos por socorro.
Quanto à segunda condição que envolve o nosso trabalho
em favor daqueles que necessitam mais do que nós mesmos,
encontramos a seguinte colocação de Emmanuel nesse mesmo
capítulo: Não te esqueças, pois, de que no auxílio
aos outros não prescindirá o Senhor do auxílio,
pequenino embora, que deve encontrar em ti.
Tenho a impressão de que essa condição é a mais difícil
de ser cumprida. Acomodados nos momentos de
tranquilidade passageiros, julgamos que o barco da nossa
existência sempre seguirá por águas calmas sem enfrentar
as tempestades que se levantam de uma hora para a outra
na vida de qualquer Espírito reencarnado.
Ao lado da fé que a Deus nada é impossível como diz o
ditado popular, verifiquemos também se temos feito a
parte que nos é possível e necessário fazer para que o
aparentemente impossível se torne realidade em nossos
momentos de necessidades maiores.
Consultemos nossas consciências para analisar quantos pães temos
oferecido à Providência Divina em nossos momentos de
necessidades maiores.